II

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Susana deu a ordem a Elisa com um sorriso no rosto.

— Abra a porta por favor, Elisa.

— Mas ninguém bateu, dona Susana.

— Só abra, por favor.

Assim que abriu, Elisa se deparou com a imponência estonteante de Aline que ainda ia bater à porta.

— Bom dia, dona Aline.

— Tô vendo que a sua patroa te deixou surpresa mais uma vez, não?

— É que eu ainda não me acostumei com isso.

— Pode organizar os baralhos por favor, Elisa?

— Claro que sim!

Susana morava numa espécie de cabana muito rústica por fora, mas aconchegante por dentro. Gostava de prestar suas consultas e fazia um bom dinheiro com isso. As boas-moças da cidade sempre lhe procuravam pela tarde para saberem quando — ou até mesmo se — arrumariam um marido rico ou sairiam dali.

Ela gostava da ideia de ser uma esotérica. O problema era quando mulheres quando Ruth das Dores cruzavam com ela na rua...

— O movimento rendeu ontem à noite? — perguntou, enquanto catava um frasco de ervas no armário para preparar um chá.

— Foi bom. Pelo menos não chegou ninguém para criar confusão. O boca a boca diz que vem um forasteiro aí da baixa da égua pra suprir a vaga de professor na escola. Um tal de Chico. — disse Aline, sentando à mesa enquanto se abanava com um leque.

— Sabem de onde é o rapaz?

— Dizem que é das redondezas de Roraima.

— E vem para Bentarém?

— É o que dizem.

Susana olhou para a irmã e viu algo estranho nos olhos dela. Sentiu sua vista escurecer e suas forças se esvaírem. Ela se agarrou à mesa e Aline se sobressaltou tomando a irmã pelo braço. Elisa se aproximou rápido.

— Que foi que houve, Susana? — Aline perguntou, assustada.

— Eu preciso jogar as cartas para você. — virou-se para a assistente — Elisa, monte a mesa.

MISTÉRIOS DA MEIA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora