Susana deu a ordem a Elisa com um sorriso no rosto.
— Abra a porta por favor, Elisa.
— Mas ninguém bateu, dona Susana.
— Só abra, por favor.
Assim que abriu, Elisa se deparou com a imponência estonteante de Aline que ainda ia bater à porta.
— Bom dia, dona Aline.
— Tô vendo que a sua patroa te deixou surpresa mais uma vez, não?
— É que eu ainda não me acostumei com isso.
— Pode organizar os baralhos por favor, Elisa?
— Claro que sim!
Susana morava numa espécie de cabana muito rústica por fora, mas aconchegante por dentro. Gostava de prestar suas consultas e fazia um bom dinheiro com isso. As boas-moças da cidade sempre lhe procuravam pela tarde para saberem quando — ou até mesmo se — arrumariam um marido rico ou sairiam dali.
Ela gostava da ideia de ser uma esotérica. O problema era quando mulheres quando Ruth das Dores cruzavam com ela na rua...
— O movimento rendeu ontem à noite? — perguntou, enquanto catava um frasco de ervas no armário para preparar um chá.
— Foi bom. Pelo menos não chegou ninguém para criar confusão. O boca a boca diz que vem um forasteiro aí da baixa da égua pra suprir a vaga de professor na escola. Um tal de Chico. — disse Aline, sentando à mesa enquanto se abanava com um leque.
— Sabem de onde é o rapaz?
— Dizem que é das redondezas de Roraima.
— E vem para Bentarém?
— É o que dizem.
Susana olhou para a irmã e viu algo estranho nos olhos dela. Sentiu sua vista escurecer e suas forças se esvaírem. Ela se agarrou à mesa e Aline se sobressaltou tomando a irmã pelo braço. Elisa se aproximou rápido.
— Que foi que houve, Susana? — Aline perguntou, assustada.
— Eu preciso jogar as cartas para você. — virou-se para a assistente — Elisa, monte a mesa.
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MISTÉRIOS DA MEIA NOITE
FantasyLivremente inspirada na canção clássica de Zé Ramalho, "Mistérios da Meia Noite" conta a história dos habitantes da pacata cidadezinha de Bentarém, no interior do Norte brasileiro, que terão sua rotina virada de cabeça para baixo com a chegada de um...