Amor de verão

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  Ouvia as pessoas dizendo que a adolescência é a época que o amor floresce. Provavelmente diziam pela quantidade de casais formados nessa época repleta de hormônios que tornavam qualquer aproximação mal pensada extremamente perigosa.

  Eu não percebi direito quando foi, mas em algum momento eu comecei a Observar os casais passeando pelas ruas sem reparar em mim como sempre.

  Eu fingia não me importar tentando convencer a todos e a mim mesmo que não precisava, mas também queria alguém ao meu lado.

  Mas é claro que não seria tão fácil assim.

  Nunca tive um problema real com a minha sexualidade. Meninos ou meninas, não me importava. Não entendia o porquê de as pessoas se importarem tanto em rotular a si ou as outras e se negar a ficar com um ou com outro só porque a sociedade não gostava. Gostava de pessoas não de gêneros e nunca vi problema nisso e felizmente as pessoas que realmente importam também não.

  O problema é que diferente dos vários que eu via que se contentavam em uma noite de amor com a primeira pessoa que encontravam por ai, eu queria um amor eterno.

  Daqueles que se vê na TV com o final “e eles viveram felizes para sempre” e que daí você já imagina a vida deles como um grande mar de rosas onde nenhuma tristeza pode penetrar.

  E mesmo sabendo que isso era impossível, que a vida era feita de mais do que rosas e arco-íris. Procurava alguém com quem passar os anos ao lado. Vivendo momentos felizes e tristes. Brigas e sorrisos. E sabendo que não importasse o que acontecesse ainda a teria ao meu lado.

  E então passei a procurar alguém desse tipo.

  Alguém para quem dar e de quem receber flores e com quem passear pelos parques de árvores floridas conversando sobre qualquer coisa só pelo prazer da companhia.

  Alguém com quem pudesse me deitar debaixo das cobertas, vendo um filme ou série esquecida na TV enquanto nos aquecíamos de forma diferente.

  Uma pessoa com quem caminhar lado ao lado pelas ruas movimentadas, vendo as folhas secas caindo e tirando fotos e mais fotos das belas colorações que estas tomavam.

  Mas no final eu acabei por encontrar você.

  Você que me deu tantas experiências e memórias boas. Que me permitiu sentir tantas coisas que eu nunca senti antes. E que me convenceu de que era o que eu procurava.

  Lembra-se de como nos conhecemos Akashi-kun?

  Se lembra daquela festa a tanto tempo atrás repleta de adolescentes cheios de hormônios, que eu não conhecia (e nem me preocupava em conhecer) e coisas que não me interessavam me levando a ficar quieto em meu canto olhando para o nada e me perguntando o porquê de eu estar ali.

  Eu já estava cansado e pronto para ir embora amaldiçoando de vários nomes o loiro que me levou até aquele lugar só para depois sumir no meio da multidão que se formava no local. E já estava quase na porta, quando você esbarrou em mim.

  Não é como se eu te culpasse por isso ou coisa do tipo já que aquela cena era bem comum uma vez que era raro as pessoas me notarem de primeira.

  Mas você foi tão injusto. Com aquelas palavras gentis e olhos tão bonitos e brilhantes me olhando diretamente. Era injusto você querer que eu não me apaixonasse.

  Me lembro muito bem que na época até chamei nosso encontro de destino enquanto montava planos e mais planos de aproximação e pensava no futuro que queria ter ao seu lado.

   Eu era tão ingênuo.

  Mas, você se lembra de como eu comecei a reparar mais em você? Será que você notava as tantas vezes que eu te segui durante o intervalo apenas para me sentir um pouco mais próximo de você? Considerando meu histórico eu diria que não. Mas eu ainda não posso negar todos os encontros de olhares que nós tínhamos que apenas fazia eu me perder ainda mais no seu encanto.

  Dês do inicio você já sabia o que ia acontecer? Isso seria tão cruel. Me direcionar todas aquelas palavras bonitas já sabendo que não estaria mais ali para mim quando o calor do verão fosse embora.

  Você ainda se lembra dos nossos pequenos encontro escondidos?

 Das saídas casuais para tomar um sorvete. Ou então aquela ida ao cinema para ver aquele filme que eu já havia visto, mas que eu fui novamente sem me importar com esse fato apenas para poder ficar mais tempo ao seu lado.

  Lembra-se daquela viajem que fizemos com o resto do grupo? Quando eu acabei me machucando e você insistiu em dizer que preferia minha companhia, mesmo que no hotel, do que aproveitar a praia que, segundo suas palavras, você já havia visitado tantas vezes.

  Você consegue se lembrar de nós dois deitados lado a lado sobre aquele gramado esverdeado enquanto você observava o céu estrelado e a lua brilhante no céu enquanto eu apenas conseguia observar o quanto você ficava bonito com os olhos heterocromáticos brilhando sobre aquele belo céu noturno.

  E de quando você esquentou meu corpo a temperaturas que eu nem achava possível? Ainda se lembra?

  Eu me lembro.

  Me lembro de cada momento que passamos lado a lado. De todos os presentes, encontros, mensagens e fotos.

 Me lembro de todo aquele verão que passamos juntos. E me lembro de quando você me deixou, pouco antes da primeira folha vermelha cair no chão. Me deixando sozinho para apreciar a bela coloração que estas tomavam na época.

  Sem companhia para me aquecer durante o frio do inverno. Me restando apenas o calor das cobertas já que pareciam tão vazias.

  Sem alguém para passear lado a lado observando as belas flores que preenchiam as copas das árvores do parque.

  E mesmo assim eu ainda penso em você. O tempo todo, em todas as estações, refletindo e me perguntando se você em algum momento considerou uma vida ao meu lado ou se para você, eu não passei de um amor de verão.

AkakuroWeek2019Where stories live. Discover now