Lee Minhyuk, soldado de elite da ONU no combate à caça de baleias, era um soldado exemplar, que não deixava nada ficar acima do seu dever de proteger as criaturas marinhas que tanto amava. Nada até um baleeiro arrependido invadir sua vida...
Seul florescia. Os ipês estavam carregados de flores. O vento brincava com as pétalas, deixando tudo com uma fina camada rosada. A primavera transformava a cidade.
Parecia até uma brincadeira de mau gosto. Porque para Hoseok, ainda era inverno. Um inverno gelado que parecia ter paralisado seu corpo inteiro. Os sonhos que acalentara durante os meses gelados no mar tinham como pano de fundo a primavera coreana. Não era justo.
O frio que se instalara em seu corpo começou quando David dissera que participaria da operação. Hoseok era contra desde a ideia inicial, mas David insistira, com medo de que a equipe Monsta X não desse conta da invasão.
Mas nenhum medo foi mais sofrido do que a visão do homem amado sendo abatido tão facilmente.
Cinco segundos. Um tiro. Um único pedaço de metal foi suficiente para apagar a luz que iluminara os últimos dois anos da vida de Hoseok. Nem tivera tempo de se despedir. A morte levara David de forma rápida e precisa. Nem seu amado corpo pode ter uma despedida decente.
Justo agora quando ambos haviam decidido sair das Forças de Combate da ONU e buscarem uma vida calma nos EUA. Lá, poderiam casar-se e viver como um casal, sem precisarem se esconder como faziam na Coréia do Sul, onde eram apenas bons amigos que moravam juntos.
Hoseok embalava os pertences de David com a ajuda de Kihyun e Changkyun. Cada coisa que passava por suas mãos calejadas o fazia sofrer. O apartamento era a cara deles: as coisas deles, as cores deles, o papel de parede deles, a cama deles. Até as almofadas do sofá tinham o perfume de David. Aquela dor parecia arrancar pedaços de seu coração.
Após a missão fracassada, decidira pedir asilo na casa de Kihyun, o único dos membros da equipe que sabia do relacionamento que David e ele mantinham. Logo após o retorno à Seul, a ONU colocou toda a equipe Monsta X em licença, para que as investigações sobre a missão pudessem ser feitas.
Desde o anúncio da licença, a única pessoa que Hoseok havia visto fora Kihyun. Não queria sair de casa. Não queria ver ninguém. Não queria voltar para casa. Mas foi forçado a retornar ao local que uma vez fora seu lar. As contas continuariam a chegar. Não poderia manter um apartamento sem morar nele.
- Hyung? - A voz grave de Changkyun tirou Hoseok de seus devaneios de uma vida perfeita que não aconteceria mais. - Sim? - Achei umas cartas com a letra do David. Sabe se ele tinha alguma namorada nos EUA porque... Changkyun interrompeu-se ao ver lágrimas copiosas surgiram no rosto de seu hyung.
- Hyung!?! Está tudo bem?! - Changkiunnie. Venha aqui. - Kihyun entrara no quarto. - Deixe o Hoseok sozinho. - Mas ele... - Im Changkyun. Deixe o Hoseok sozinho. Ele precisa de um tempo pra colocar a cabeça no lugar...
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- Dois anos!?! E como ninguém percebeu?!? - Changkyun falava com a boca cheia de batata frita e com os olhos arregalados. - Passamos dez meses juntos em alto mar. Nunca desconfiei.
- Hoseok é extremamente profissional. Jamais deixaria seu relacionamento atrapalhar o andamento das missões. - Kihyun molhava suas batatas no milkshake e comia de forma distraída. - E ser qualquer coisa diferente de heterossexual aqui na Coréia é praticamente um crime. Você ficou tempo demais na América, garoto...
- As coisas aqui precisam mudar. Se não fosse isso, os dois poderiam ter vivido uma vida melhor juntos... Mas... Como você ficou sabendo?
- Bem antes da carreira militar, Hoseok e eu tentamos a carreira de idol. Ele é muito talentoso e, modéstia parte, tenho uma voz afinada. Nos conhecemos nas audições de uma agência de entretenimento...
- Hyung! Você canta! Cante pra mim qualquer dia desses! - O mais novo finalizou a frase com um sorriso sem dentes que fazia Kihyun achá-lo a coisa mais fofa do mundo. - Quem diria que Yoo Kihyun, atirador de elite da ONU, poderia ter sido um idol? Agora entendo essa sua tara com cabelo colorido depois das missões. - Changkyun riu e mexeu nos cabelos, agora rosados, do mais velho.
- Faltou bem pouco, Changkyun. Fomos trainees por dois anos... - Changkyun via um brilho saudoso nos olhos de Kihyun. Dava pra ver o quanto ele amara aqueles tempos. - Já tínhamos até data para debut.
