Baleia 5

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Vamos voltar um pouco no tempo, pípols?

Em algum lugar do oceano asiático, inverno

O olhar que Minhyuk recebia do jovem assustado o intrigava.
Lee Jooheon tinha um misto de medo e raiva encravado naquele rosto bonito.

- Olá. Quer um café? - Minhyuk optara por uma abordagem amena. - Não consigo começar meu dia sem um americano gelado. - Ele falava e se servia. Os olhos do moreno acompanhavam cada movimento.

- É bom?

A vulnerabilidade que aquela pequena pergunta demonstrou quebrou Minhyuk. O loiro se acostumara tanto com as maravilhas e modernidades de ser um cidadão coreano que esquecia que nem todos tinham acesso a tudo que ele possuía.

- É sim. Prove.

Minhyuk estendeu para o mais novo um copo coberto de gotículas, com muito gelo e um canudo. O olhar de hostilidade foi rapidamente modificado para um olhar curioso. Lee Jooheon parecia uma criança.
Sugou o canudo.

A expressão maravilhada que tomou seu rosto tirou um sorriso de Minhyuk. Como um simples gole de café gelado poderia ser tão poderoso?

- Pela sua expressão, acho que você gostou...
- Gostei sim.

Minhyuk entregou o copo nas mãos do moreno e o deixou saborear o momento. Claramente ele passara muitas dificuldades nos últimos tempos. As mãos calejadas, a pele marcada pelo sol, as cicatrizes nos braços... Lee Jooheon era um lutador. Minhyuk queria saber mais sobre, como diria Kihyun, aquela Bela Adormecida.

- Lee Jooheon, não é?

O moreno levantou o olhar e encarou Minhyuk. Sob o olhar desafiador havia um medo. Minhyuk conseguia ver que essa expressão já fazia parte do outro.

- E quem é você?

- Me chamo Lee Minhyuk. Podemos conversar sobre o navio?

O silêncio que se seguiu era cortado apenas pelo barulho do canudo sendo sugado e do gelo batendo no copo. Jooheon não queria falar.

Após quase vinte minutos de silêncio, Minhyuk decidiu puxar assunto novamente quando foi interrompido.

- Não tem nada pra conversar. Todo mundo deve ter morrido naquele navio. Só assim pra você ter me tirado de lá.

Minhyuk percebeu que aquela seria uma conversa difícil.
- Porque você estava amarrado sozinho na cabine?

Jooheon parecia não ouvir. Ou fingia não ouvir.

- Olha... - Começou Minhyuk. - Só queremos te ajudar e...
- Eu não queria mais caçar baleias. Mas meu pai não entende, entendia, sei lá se ele sobreviveu.
- Seu pai é dono daquele navio?

- Você fala no presente. Meu pai ainda está vivo?!
- Não sabemos o que aconteceu. Logo depois que você desmaiou pela primeira vez, fomos atacados e tivemos que fugir.

Jooheon refletia silenciosamente sobre tudo que acabara de ouvir. Nem sentia mais o gosto do americano.

- Há quanto tempo vocês estavam no mar, Jooheon?
- Não sei. Já vi uns quatro invernos em alto mar. Nem sei como é estar em terra firme...
- Qual o nome do seu pai?

Antes que o moreno pudesse responder, um alarme soou em toda a embarcação, interrompendo a conversa...

Tadinho do Honey, gente...

Whale's TaleOnde histórias criam vida. Descubra agora