Olhei Francy incrédula enquanto tirava o meu telemóvel das suas mãos.
-Tu não fizeste isto!
A minha amiga encostou-se na minha cama descontraidamente. Não era uma situação descontraída!
Voltei a encarar as mensagens que ela tinha enviado.Vamos fazer um jogo.
Rapaz-Problema: E que jogo seria?
Bem, digamos que um jogo das escondidas. A tua função? Descobrir-me. O que me dizes?
Rapaz-Problema: Hm, porque não usamos a maneira fácil? Diz-me só quem és.
Deixa ver...
Não.Rapaz-Problema: Tudo bem, alinho.
-Como pretendes ajudar-me a resolver isto? – Perguntei tirando a almofada (= travesseiro) em que Francy tinha a cabeça apoiada.
Ela levantou-se e encolheu os ombros.
-Vais jogar, LOL.
Levantei uma sobrancelha. Era uma brincadeira?
-Não, não, não, Franc! Não posso fazer isso.
-Porquê?
Naquele momento, o jeito descontraído da minha melhor amiga estava a irritar-me.
-Porque não quero que saibam quem a Girl of words é! Está perfeito assim, em segredo.
Francy levantou-se e ficou virada para mim, olhando-me de cima. Puxou o meu queixo.
-Amiga, tens o rapaz mais popular da escola interessado em saber quem és. A escola está praticamente toda assim. Nada garante que Joshua vá descobrir a tua identidade! Aproveita a atenção dele. E olha, se ele descobrir só tens de pedir segredo.
Dei um riso sarcástico. Provavelmente assim que soubesse quem a GOW é iria espalhar pela escola toda! A minha vida ficaria um caos!
Por outro lado uma oportunidade dessas poderia aparecer-me somente uma vez na vida. Divertir-me um pouco com o ex-capitão da equipa de futebol? Morrer eu não morreria, certo?
-Okay, vou entrar na brincadeira. Um bad boy como ele também não irá prestar grande atenção a este assunto, certo?
Peguei novamente no telemóvel, que já havia atirado para cima da mesa de cabeceira.
Fiquei um tempo com ele nas mãos. Virei o olhar para a minha amiga de cabelos lilás, que já me olhava com uma expressão interrogativa.
-Não sei o que escrever! – Disse revirando os olhos irritada comigo mesma.
-Uau, um santo caiu do altar.
Ignorando a observação dela, continuei.
-A ideia do 'joguinho' foi tua. O que escrevo, Franc?
-Dá-lhe umas pistas quaisquer. Ou umas adivinhas, sei lá.– Os olhos da minha amiga emitiram um brilho que me fez engolir em seco.– Já sei! Umas charadas!
-Eh... O quê?
Francy ajeitou-se ao meu lado e olhou para um ponto qualquer atrás de mim, imaginando qualquer coisa.
-Então, umas perguntas ou assim sobre coisas sobre 'ti' e reportagens tuas. Se ele acertar mais de metade pode encontrar-se contigo!
A minha boca abriu-se surpreendida e logo a seguir fechou-se, de frustração.
-Eu não quero que ele saiba quem sou.– Falei pausadamente.
Parecia que estava a falar uma língua incompreensível. Talvez marciano.
Francy bateu palminhas, entusiasmada.
-Joshua pode estar vendado! Meu Deus, não seria fofo?!
Revirei os olhos. Mas de repente... Até não me pareceu uma ideia horrível.
Coloquei a mão no queixo.
-Não sei... E se...
-Melly! Chega de "e se"! Pode ser tão divertido! Já pensaste? O rapaz mais popular da escola? O tudo de tudo? O Top supremo! Está interessado em ti!
Okay, como sempre a minha amiga começava a viajar demais e imaginar coisas muito além da realidade.
Eu podia entrar na brincadeira, mas eu não perdia a noção de duas coisas: 1- Joshua só quer saber quem é a rapariga de quem toda a escola tem falado e 2- Ele é um dos seres mais irritantes e problemáticos do mundo! Eu não me dou com pessoas assim.
Decidi ignorar os alertas que a minha cabeça dava e todos os contras daquela situação. Comecei a digitar.É fácil, a sério.
Eu vou fazer-te umas perguntinhas sobre a minha pessoa e as minhas reportagens. Se tu acertares mais do que metade delas encontramo-nos.
Ah, tu terás os olhos vendados!Rapaz-problema: Eu quero saber a tua identidade, não a tua personalidade. Não estou a tentar encontrar uma namorada.
Isso é um não?
Rapaz-Problema: Não. Já disse que alinho, não foi?? Podes começar o interrogatório!
Um sorriso apareceu no meu rosto sem ser convidado. A sério que Joshua topou?
Entreguei o telemóvel a Franc que leu as mensagens rapidamente e sorriu satisfeita.
Levantou-se depois de ver as horas no seu relógio.
-Tenho que ir. Falamos amanhã.
-Okay.
Levantei-me também e acompanhei-a à porta.
Olhei em volta. Plena sexta-feira e a casa estava completamente vazia. Sem sinais da minha adorável mãe.
Dirigi-me à cozinha gritando o nome da nossa empregada.
Amelia apareceu atrás de mim com uma expressão preocupada.
Sorri para acalmá-la e abracei-a. Amelia vinha a nossa casa três a quatro vezes por semana fazer as limpezas. Antes também cuidava de mim, mas deixou de ser necessário. Agora era quase como uma avó para mim.
-Amely, podes avisar a mamã que fui a casa do pai?
A velhinha com os cabelos totalmente brancos mostrou-me um sorriso simpático.
-Esteja descansada, menina. Mas chegue a horas do jantar. Sabe como a sua mãe é com a pontualidade.
-O jantar tem de ser servido às 9 horas em ponto.– Falei imitando a voz grave da minha mãe.
Amely riu e voltou a sair da cozinha e eu caminhei até casa do meu pai.
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Anonymous Words || Palavras Anónimas
RomanceUma palavra que descrevesse Melly? Desajustada. Inadaptada. Mellysa não era diferente dos milhões de adolescentes da sua idade. Bem, talvez fosse. Os seus sábados eram passados entre manuais escolares e romances clichê. Tudo no lugar. Tudo sobre con...