A voz de GOW soou nos meus ouvidos como um sussurro de anjo. Notava-se pela sua voz que estava tão nervosa como eu, o que estranhamente me deixava um pouco mais à vontade.
–Hey.–Respondi com um sorriso.
Ela estava tão perto de mim... E eu não a via.
Francysca saiu e deixou-nos sozinhos.
GOW agarrou na minha mão. Uma onda eléctrica percorreu o meu corpo. Deixei que me guiasse até a um banco –suponho eu.
O silêncio dava um pouco de tensão, mas eu não sabia como quebrá-lo.
–Sempre foste tão segura com as palavras. Agora não tens nada a dizer?– Perguntei sorrindo.
Ela riu e o meu coração ficou quente. Não que o seu riso fosse perfeito e afinado, não era, mas era cómico e bom de se ouvir.
–Pessoalmente o meu jeito não é tão bom. Penso muito no que dizer... Mas nada sai, sabes?
Acenei concordando.
–A tua voz não me é estranha. Já te ouvi em algum lado.
–Bem, somos da mesma escola. Não é normal?
–Pois, sim. Ah, em que ano estás?
– 11°.
– Não me vais perguntar o meu ano?
–Eu sei. Isto é, claro que sei. És o ex-capitão, certo?– Riu sem graça. Parecia ainda mais nervosa. O que estaria a esconder?– Falando nisso, porque é que já não és capitão?
Olhei onde ela parecia estar pela voz.
– Muitas faltas às aulas... Os meus resultados desceram... Felizmente consegui recuperar. Acho que foi uma fase rebelde na minha vida. Achava que não tinha de provar nada a ninguém. Abafei o meu sonho... Mas agora vou continuar até alcançá-lo.
–Direito, não é?–Percebi que sorria pelo seu tom.
Concordei.
–O meu sonho desde criança. E tu vais ser uma jornalista fantástica, tenho a certeza. És tão inteligente e simpatica. Vai ser fácil.
–Ainda te lembras.
–Eu lembro-me da maioria das nossas conversas... Q-quer dizer, tenho boa memória.
Senti o seu corpo vir para mais perto e as suas mãos viraram o meu rosto. Claro, estava a olhar para o lugar errado. Lentamente senti a sua respiração ficar cada vez mais perto até se confundir com a minha. Não sabia bem o que estava a acontecer. Quer dizer, sabia. Mas não seria muito cedo? Não para mim, para ela. Mas é ela que está a avançar, não é? Porque é que eu haveria de recuar?
Desliguei o meu cérebro quando senti os seus lábios nos meus. Lábios suaves com sabor a chiclete de menta, provavelmente ela já estaria a preparar o beijo antes de vir para cá. Para bem da minha saúde preferi não o referir.
Enquanto nos beijáva-mos senti as suas mãos na minha nuca prestes a desapertar o nó da venda improvisada que eu tinha. Tentei travá-la.
–Tu tens a certeza que queres fazer isso?–Perguntei preocupado.
Ela não disse nada. Simplesmente desatou o nó.
E então eu vi-a. E meu Deus.
–Hey, Mellysa.–Ela disse sem me encarar.
–Tu és linda.–Foi a única coisa que eu consegui dizer.
Olhei-a por mais uns segundos até o meu cérebro se ligar novamente.
Eu já a tinha visto... Claro! Foi com ela que a minha irmã foi ter quando fugiu de mim. E também a primeira rapariga que eu vi a enfrentar Jennifer.
–Não só me viste com a tua irmã,–Disse como que lendo os meus pensamentos.– também sou da tua turma...
Semicerrei os olhos. Como é que nunca tinha reparado nela antes?
–Não vais dizer nada?
Suspurei fundo.
–És de longe a rapariga mais bonita que eu já vi.–Disse com um sorriso. Eu não estava a exagerar. A sua beleza natural juntamente com a sua personalidade deixavam-me... Sem palavras.
GOW (que agora eu sabia que se chamava Mel) olhou para o lado e levantou-se antes de me encarar.
–Joshua, nós não nos conhecê-mos de maneira casual e eu não sou linda, engraçada e extrovertida como todas as raparigas com que toda a gente sabe que ficaste. Mas eu gosto de ti e estou aqui a arriscar a minha dignidade,–Parou um bocado e respirou fundo encarando-me.–Talvez eu até esteja a arriscar o meu coração só para tentar que isto; que nós resultemos. Eu quero acreditar que sou suficiente para ti... Que sou mais que suficiente.–Disse a última frase num sussurro que eu escutei por sorte.
Muito bem, Joshua. Ela falou das suas inseguranças e agora é a tua vez.
–Talvez eu não seja suficiente para ti. Eu comecei a contactar-te precisamente para descobrir quem estava por trás desse pseudónimo... E agora eu estou completamente inseguro. Poxa, olha para ti. Não só essa beleza surpreendente por fora, mas tu tens muito mais personalidade e caráter do que qualquer pessoa que eu já conheci.
Vi Mel a mexer nos seus dedos nervosamente.
–Então tu queres mesmo tentar funcionar comigo?
Sorri e levantei-me, aproximando-me dela. Segurei as suas mãos nas minhas e ajoelhei-me, o que a fez rir.
–Nada me daria mais prazer do que tentar funcionar contigo. Aceitas funcionar comigo?
E então ela fez-me levantar, com o sorriso mais lindo nos lábios e abraçou-me com força.
–E eu que pensava que eras um popular convencido.
–Quem disse que eu não sou?
–Parece que vou ter de ficar ao teu lado até perceber se és ou não.
–Que desastre.
E então selámos o nosso acordo com um beijo. Um de muitos que vieram a seguir e que eu tinha a certeza que ainda viriam.The end 💕
Mano, eu estava com medo de não conseguir encontrar um final bem meloso para esta história, mas consegui! (ebaaa)
É assim que este casalsinho se vai despedir.
Não sei se faltou drama, sangue, lágrimas ou suor... Mas fiz o meu melhor.
Sinceramente quando comecei a escrever pensei que seria mais fácil mas depois veio a falta de criatividade.
Mas consegui... Por isso...
Adiós personas!
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Anonymous Words || Palavras Anónimas
RomanceUma palavra que descrevesse Melly? Desajustada. Inadaptada. Mellysa não era diferente dos milhões de adolescentes da sua idade. Bem, talvez fosse. Os seus sábados eram passados entre manuais escolares e romances clichê. Tudo no lugar. Tudo sobre con...