Capítulo 03 : Meu Pai

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Meu pai sendo levado algemado para a prisão foi simplesmente a cena mais dolorosa da minha vida. Ter passado por todo o sufoco de ter uma arma apontada pra cabeça dele foi como alguém arrancar meu coração enfiando um braço pela minha garganta, o segurar na palma da mão e machucá-lo.

Papai sempre foi minha única família!

- Todos de pé. - ficamos - Podem se sentar - e novamente obedecemos - O júri convoca, Benjamim Edwards Parker, acusado de estupro, necrofilia, assédio, e agressão.

Assisto meu pai passar por uma porta afastada, a direita do júri, ele está praticamente sendo arrastado pelas algemas. Imagino o quanto seus pulsos estão machucados.

Eu só queria mais um tempo com você.

Meu pai me olha implorando piedade. Por que mais ninguém vê?

A audiência ia ser adiada para a próxima semana, mas o advogado público de meu pai, pediu a sentença imediata.

- O acusado Edwards é condenado com 30 anos de prisão. - choro ao ouvir

Então... Tudo começa a passar em câmera lenta, eu grito "PAI, NÃO!" e corro a seu encontro fugindo de alguns policiais e abraço meu pai chorando.

- Eu vou voltar pra você! - foi o q ele disse ao molhar minha testa com uma lágrima que escorreu de seu rosto antes de ser levado a força por policiais.

Eu quase fui preso pela atitude ridícula, mas eu precisava tanto disso. Eu precisava tanto sentir o coração dele bater.

Andei me afastando e então senti muitos flash's me cegarem. A imprensa simplesmente invadiu o tribunal e me sufocou com microfones. Então o pai de Matthew disse:

- Ele também é meu filho adotivo. - e virou tudo um verdadeiro alvoroço. Por que aquele velho estava falando que é meu pai? Por quê? Com que direito? Ninguém jamais me perguntou ou disse nada sobre isso!

Todo mundo perguntando uma coisa em cima da outra e então soube o nome da peça, Thiago. Imbecil! Acha que pode chegar e impor suas escolhas. Ele tá muito enganado

Empurrei um repórter e consegui um espaço livre à esquerda, então corri para fora. Haviam mais e mais pessoas com câmeras e merda... Eu só queria ficar sozinho e assimilar tudo o que estava acontecendo, por que era tão difícil?

Me tranquei num banheiro que achei e enfim chorei a ponto de soluçar.

Perdi minha mãe e agora meu pai também. O que mais terei que perder para ser feliz meu Deus? O quê?

Matthew e Megan me levaram para a casona deles. Eu nunca me senti tão pobre quanto nos últimos 8 dias. Nunca mesmo.

Matthew nunca me olhou com satisfação, me sinto um fardo nesta casa. Meu pai irá me tirar dela e eu estou contando os minutos para isso.

Recebemos a visita de Thiago, mas não tô nem aí. Foda-se, ele não é o meu pai... Nunca será.

Meu pai é Benjamin Edwards e eu tenho orgulho de dizer isso e absolutamente não, não acredito nas acusações. Pode até falar "O pior cego é aquele que não quer ver" não tô ligando também. Se não fosse por aquele homem, agora eu estaria vivo e não teria valores e crenças nenhuma. Ninguém o conhece mais do que eu para julgá-lo e eu não sei como, mas sinto que meu velho voltará.

Meu velho, é insubstituível, não quero Thiago e nem nenhum outro hipócrita cheio da grana pra me comprar. Eu não tô pedindo esmola nem de carinho, muito menos atenção ou dinheiro. Tô muito bem sozinho e esses supostos irmãos, bom... Pra mim não existem. Há um mês eu não sabia que tinha e hoje, é como se fosse há um mês.

Família não tem a ver com sangue!

Eu sei que meu pai não fez nada daquilo nas acusações, mas por que então tenho tanto medo delas? Por que tanto medo dele não sair de lá... E de não voltar pra mim?

***

Sempre fui expert em pisar na bola com as pessoas que me amam, até antes de nascer eu acho. As vezes acho que seria melhor se minha mãe não tivesse desistido de si por mim. Não sei se sou digno de um ato tão indescritível quanto esse.

Decepcionei Megan, Thiago, Matthew e até mesmo Peter. Mas isso é história pra depois!

***

Matthew vem até mim e me puxa pelo braço, me arrastando pelas escadas furioso.

- Você era minha responsabilidade, e simplesmente pegou toda a minha consideração por você mastigou e cuspiu na minha cara. Como pôde? - Matthew fala descontrolado ainda me puxando para a sala e ao chegar me solta com movimentos bruscos começando a gritar - É ESSE O SEU PROTEGIDO, MEGAN? É? EU AVISEI QUE ELE NÃO ERA DE CONFIANÇA PORRA! - começa a gritar

- Não comece com a cadeia de sermões eu sei muito bem o nível da gravidade dos meus atos, seu idiota, imbecil, arrogante. - respondi com raiva

- Não se atreva a falar assim comigo moleque. - me encara cerrando o punho

Megan se mantém imóvel. O que essa mulher tem?

- Calem a boca os dois! - enfim a loira faz algo

- É sério essa porra, Megan? - Matthew xinga de uma forma insana

- Agora! - ela diz

- Megan.

- Se é pra xingar eu também sei xingar, PORRA. CALA A BOCA! Vamos conversar como adultos civilizados, mas que atitudes merdas, Matthew. - O moreno passa a mão nos cabelos deixando bagunçados e sobe as escadas sumindo totalmente do nosso campo de visão, porém disse antes : Quando ele fizer pior, não diga que não avisei. - Matthew disse ainda de costas, parece decepcionado

- Por que fez isso?

- Porque eu o amo! E sim eu sou gay. O que queria que eu fizesse, Megan? Tenho certeza que já se entregou a uma relação totalmente louca por puro amor. Tenho certeza que se ainda está com um ser como meu irmão, não é por qualquer sentimento idiota! Não me julgue... Já são 7,2 bilhões de pessoas fazendo isso. Não peço que me aceite, não precisa. Eu vou embora e prometo não manchar o sobrenome invejado dos Smith!

- Nando, não. Daremos um jeito.

- Me obrigar a ser alguém que não sou? Desculpa, mas prefiro morar debaixo de uma ponte e se se sente aliviada com o que vou dizer, eu garanto que na lama eu não fico.

- Não!

18/04/2019 ➺ 03/365

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Meu Louco Peter - L4 da série Smith Onde histórias criam vida. Descubra agora