Meu Louco Peter - L4 da série Smith

Capítulo 09 : Boneco Generalizado

(a foto acima não faz parte de nenhuma cena)

Sem revisão

Continuação...

— Janta comigo, Fernando? - Jacob perguntou me encarando

— Hoje... Hoje eu não posso, noite de filme lá em casa, meu irmão e a esposa dele toda semana tem uma noite de filme e me convidaram, são bem exigentes. - minto

Na verdade a noite de filme foi antes de ontem.

— Pode me levar pra casa agora? - pergunto

— Vamos. - ele começa a me acompanhar até a saída. Já recebi a grana de hoje

Entramos no carro, puxo o cinto devagar, sentindo uma coisa que acredito nunca ter sentido. Assisto pela janela do carro a noite escura, os prédios e casas passando rapidamente no meu campo de visão.

— Está calado. É por que eu te beijei? - Jacob perguntou me olhando

— Não, eu só... Preciso de espaço. Preciso ficar um tempo sozinho. Eu não pensei em nada do que aconteceu.

— Tudo bem, Fernando. Tudo bem. - ele encara fixo a rua, apertando a boca arroxeada numa expressão meio chateada.

Assim que chego, desço do carro e tiro o dinheiro que acabei de receber do bolso.

— Fernando, eu já te disse...

— Aceite dessa vez, por favor. É o seu trabalho! Ficarei com raiva se não aceitar.

— Tudo bem. - ele pega o dinheiro

Caminho em direção ao enorme portão da casa do Matthew. Em questão de segundos eles abrem pra mim. O trajeto até a porta da casa foi quase que uma eternidade.

— Como foi? - Megan pergunta assim que me vê entrar. Ela está sentada no chão em meio a um monte de brinquedos e bonecas, enquanto sua filha finge estar bebendo chá em uma xícara de plástico cor de rosa.

— Bom. - subo as escadas.

Me sinto vazio. Não sei em quem ou em que acreditar. Minha cabeça está entrando em colapso. Talvez eu nem goste do Peter, talvez ele tenha razão e eu me apaixone por ele porque sou imaturo e não tenho experiência com isso de amor. Que falta meu pai faz.

Meu maior medo de todos é acordar um dia e perceber que meu pai não é tudo aquilo que eu imaginei que fosse. Acordar e ver que tudo que eu vivi foi uma farsa. Ele não pode ser a pessoa horrível que dizem que ele é. Eu cresci com aquele homem, ele me ensinou tudo que eu sei. Como seria possível ele ser um monstro? Não! Eu me recuso a aceitar. Me recuso a acreditar. Meu pai não é um monstro.

Abro a gaveta do criado mudo da minha cama e pego o relógio que eu dei ao meu pai de presente. Por sorte eu pude trazê-lo.

Escosto a joia no meu peito, sentido-o apertar e aquele sentimento de caos voltar.

Não sei o que vai ser daqui pra frente. Não tenho ninguém. Peter tem razão sobre tudo, eu sou um moleque, eu ainda não sei como lidar com nada. Estou sozinho.