9. Velhos amigos.

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10/3, sexta feira .

O dia da viagem finalmente chegou. Embarcamos no avião e só acordo quando chego lá. A viagem foi exaustiva, só queria chegar na minha cama e me atirar. Se é que eu ia ter uma cama. Ao sair do aeroporto sinto um frio que nunca senti antes, era Março, então era inverno. Olho para o grande termômetro que marca 41°F? Logo abaixo mostrava 5°C.

Vamos de carro até a casa onde meu pai morou a maior parte de sua vida, não tiro a cara do vidro por um minuto, a cidade é linda, a neve a enfeita ainda mais. Chegamos na casa, e ela é incrível! Enorme, com um belo quintal de frente, e uma árvore incrível que tapava grande parte de um dos cômodos.

"Uau" — digo olhando encantada.

"Foi aqui que você correu por cinco anos" — Mamãe disse sorrindo.

Vi que até ela estava com saudade de casa, quando desço do carro, noto um menino sentado na guia. Ao nos ver ele se levanta, o observo um pouco, ele tem um ar de tímido, mas quando me encara percebo algo em seu olhar, um olhar de 'me de intimidade, e me conheça' sorrio involuntariamente. Ele sorri para mim também, não sei se era pra mim, já que ele estava falando com minha mãe.

"Welcome back" — sua voz é suave e um pouco grossa — "meus pais foram com o caminhão até nossa casa e eu fiquei aqui sem a chave, desculpe-me mister Schwartz."

"Sem problemas Chase" — meu pai o abraça — "quanto tempo. Você cresceu garotão" — meu pai me olha — "não lembra dele?"

Era pra mim lembrar? Não lembro. Olhando bem para aqueles penetrantes olhos verdes claros, não me parecem totalmente desconhecidos. Ao ver que meu pai espera uma resposta de mim, nego conhecê-lo.

"Talvez só eu o via por chamada de vídeo" — papai diz rindo.

Depois de muita conversa com o menino, o caminhão chega. Ele conversa com os pais dele e depois conversa com meu pai. Meu pai aponta pro carro e ele pega minha mala.

"Ah essa mala é minha, pode deixar que eu levo" — me admiro por conseguir pronunciar todas as palavras certas.

"Por favor, eu levo" — ele sorri — "cavalheirismo ainda existe, mesmo se você achar ultrapassado" — sorrio, pelo menos ele era engraçado e bonitinho... — "pensei que o gato tinha comido sua língua, não havia ainda pronunciado nenhuma palavra."

Então ele estava me observando...

"Meu inglês não é tão bom" — ele nega. Subimos as escadas e vamos até um quarto — "você morava aqui, certo?" — ele concorda — "pode me apresentar a casa?"

"Claro, dã que mal educado" — ele bate na testa — "aqui é seu quarto, ainda não consegui acabar com minhas tralhas, já que era meu quarto."

Um lindo espaço, tinha closet, banheiro e banquinho na janela! Um sonho meu desde pequena (eu já havia realizado então!?). O quarto era adorável, só faltava personalizar do meu jeitinho. Vou até a janela e vejo que a árvore tapa 70% da visão.

"Não corte a árvore, é ótimo descer por ela" — ele gargalhou — "não que eu já tenha fugido por aí, claro que não."

Sorrio e ele continua me mostrando os cômodos. Em frente à minha porta tem um banheiro principal, ao lado do meu quarto, tinha um quarto pra visitas, no final do corredor outro quarto e nas portas duplas francesas, seria o quarto dos meus pais. Lá em baixo, quando se descia as escadas, caia no hall de entrada, tinha um grande lustre que acompanhava a escada até o chão. Era simplesmente sem palavras.

Ao lado direito das escadas, havia uma grande sala de estar, janelas todas de vidro e muita luz solar e uma bela lareira. No canto da sala, tinha uma porta dupla de vidro, que dava a um escritório, novo cômodo preferido do meu pai. No lado esquerdo da escada era a sala de jantar, e no cômodo ao lado era a cozinha. A casa é espetacular. Já ganhou um ponto comigo.

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