Levanto do colo da minha mãe e vou para o banho.
"Vou tirar a limpo!" — ela grita "essa é minha garota" e escolhe minha roupa.
Não ia deixar ninguém mais tirar vantagem de mim. Primeiro ia até a casa do Arthur e ver o motivo do surto dele, depois a parte mais difícil, encarar o Henrique, ele foi por meses o motivo de eu enfrentar tudo e todos, brigar com o meu pai pra ele aceitar que não era mais sua garotinha, tive que aguentar as crises de ciúmes e ele falando que eu tinha o trocado por um zero à esquerda, convencer a Di que ele era uma boa pessoa, deixar de aproveitar minhas férias por passar noites me torturando com o que ele fez ou não no acampamento, aguentar os insultos da Júlia sobre o quanto eu não era boa o bastante pra ele e machucar um aluno.
Saio do banho e uma saia curtíssima justa está em cima da cama, acompanhada de um blusa florida com babados.
"Você precisa provocar" — mamãe sorria.
"Não mãe, não preciso disso, e antes eu vou conversar com o Arthur" — ela lamenta e pega um short escuro e deixa a mesma blusa — "melhor?" — sorrio e me visto.
"Ah mãe, obrigada. Amo você" — sorrio e a abraço, ela expira forte e dá um largo sorriso.
Arthur morava mais perto da escola, então vou até a parada e fico 10 minutos esperando o ônibus. Ele está chegando, para na parada e Arthur desce dele.
"Arthur?" — o ônibus arranca e ele me cumprimenta.
"Eu preciso falar com você" — falamos juntos e rimos.
"Primeiro você." — ele diz.
"Vamos caminhando até o parque?" — ele concorda. Vamos conversando assuntos descontraídos tentando evitar a tensão. Para mim, não está adiantando muito.
Quando chegamos nos sentamos no banco atrás da árvore que vi Henrique e a que não deve ser mencionada juntos. Ainda bem que lembrei, já estava me esquecendo. Poderei jogar isso na cara dele também.
"Quero pedir desculpas pra você Beth, eu te envergonhei publicamente". — ele baixa a cabeça.
"Tudo bem Arthur" — dou um sorrisinho — "não foi você" — baixo a cabeça — "foi ele." — sinto minha garganta fechando.
"Vou ser sincero com você ok?" — concordo — "fomos corneados." — ele ri e coça a cabeça.
"Ela te contou?" — eu não vou chorar na frente dele, não vou, não vou.
"Sim, ela falou que estava se sentindo culpada, porque eu sou uma boa pessoa e ela estava realmente gostando de mim, mas que deslizou quando se encontrou com ele."
"Se encontrou?"
"Em uma árvore, casa na árvore sei lá" — fico rígida, onde ele me levou, e quase rolou. Isso me provê um certo alívio de não ter rolado nada — "ele tava triste e ela foi lá consolar ele" — ele fala com deboche — "eu me sinto um idiota, sabia?"
"Sim, eu também" — digo balançando a cabeça — "obrigada Arthur. Vamos superar isso, ok?"
"Vida que segue, ela foi a primeira que eu gostei de verdade sabe, ela tinha me jurado que não sentia mais nada por ele, mas acho que não foi sincera comigo."
"Eles não foram sinceros com nós."
"Mais uma coisa, porque depois que eu conversei com você eu fiquei desconfiado se é verdade. É sobre a festa."
"Ele não desmentiu?"
Ele nega — "ele disse que era pra gente agir como se não soubesse de nada, porque você é tímida."
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Meu último pedido
Ficção AdolescenteNesta história vamos acompanhar o crescimento de uma garota chamada Elisabeth M. Schwartz, uma adolescente de 16 anos, onde suas emoções muitas vezes tomam conta da sua razão. Sua vida era calma e tranquila, tinha um namorado, uma melhor amiga, est...