Música do capítulo: Te assusta, Manu Gavassi.
Olho a hora no relógio e é 2:30. Meu celular começa a vibrar desesperadamente. Pego e penso em mil coisas ruins que podiam ter acontecido com meus pais. Mas não era eles, era um número desconhecido, mas que na primeira mensagem eu já sabia que era ele.
________Henrique Villalobos.
Oi. Pf desce aqui, precisamos
conversar.
(2:30)Eu to te esperando aqui embaixo,
pf.
(2:30)Eu dirigi por 15 min, eu sei q vc
tá acordada.
(2:30)Respiro fundo e digito com as mãos trêmulas.
Vc tem 10 min.
(2:31).
________________________Desço de pés descalços no maior silêncio que consigo, abro a porta e ele está no portão. Me aproximo e ele sorri.
"Vamos conversar assim?" — ele aponta para o portão — "parece que to te visitando na prisão" — ele ri tentando soar engraçado. Reviro os olhos e tiro o molho de chave do bolso, abro e sento na guia.
"9 minutos" — digo e ele senta ao meu lado.
"Você já volta amanhã?" — concordo e ele fica pensativo — "por que você aceitou descer aqui?" — dou com a língua nos dentes, eu baixo a cabeça e o encaro.
"Eu sempre fui curiosa. Queria saber o motivo de você querer me ver quase 3h da manhã" — ele sorri concordando.
"Esse sempre foi seu maior defeito né?" — ele ri e eu nego.
"Acreditar nas pessoas foi" — ele cruza os braços e bufa.
"Eu vim aqui pra acertar tudo contigo"
"Isso já tá ficando chato, Henrique. A verdade é que não tem nada para acertar, você jogou merda no ventilador, e não tem como limpar" — digo ríspida.
"Quando você foi embora, eu fui até o aeroporto, eu te vi virar as costas e entrar naquele avião" — meu coração da uma leve batida, eu o olho e arqueio a sobrancelha — "sim, eu não fiz nada. Te vi ir embora e te deixei escapar"
"Foi melhor assim, as vezes as coisas só acontecem" — ele parece me ignorar.
"O que você teria feito se eu fosse até você?" — ele se vira para mim, seus olhos estavam ansiosos, olhavam para todos os lados do meu rosto em busca de uma reação para sua pergunta. Mas eu já estava preparada, eu já havia pensado naquilo. Imaginei que seria igual nos filmes, o mocinho vai atrás da mocinha, ele fala umas palavras fofas e eles voltam, eu infantil imaginei isso. Eu o perdoaria, porque eu o amava, mas hoje eu sei que eu seria capaz de mandar ele pro inferno e entrar no avião dançando.
"Naquela época eu voltaria. Mas hoje nem pensar" — ele dá um sorriso de canto de boca.
"Por que você voltaria?"
"Você sabe porquê." — cruzo os braços.
"Eu quero ouvir de você" — engulo em seco, queria me levantar e sair dali, mas tinha uma força que me atraía a ele, era inconscientemente.
"Porque eu te amava" — ele pega minha mão.
"Eu te amo" — eu fecho os olhos e vejo a cena, plaft, vidros por todos os lados, gritos e ofensas.
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Meu último pedido
Fiksi RemajaNesta história vamos acompanhar o crescimento de uma garota chamada Elisabeth M. Schwartz, uma adolescente de 16 anos, onde suas emoções muitas vezes tomam conta da sua razão. Sua vida era calma e tranquila, tinha um namorado, uma melhor amiga, est...