Os enormes portões, da mansão estavam abertos de par em par à espera dos novos donos. De ferro fundido, sustentados por pilares maciços, os portões tinham sua imponência realçada por grifos de pedra lavrada em cada uma das laterais.
Quando o táxi ultrapassou o alto muro de tijolos que circundava a propriedade de setecentos acres, Anastasia observou que a mãe estava próxima das lágrimas. Era sem dúvida uma grande emoção retornar ao lugar onde se nasceu após mais de vinte anos de ausência.
Mesmo que Anastasia não soubesse o significado de ter um lar fixo, era capaz de compreender o amor da mãe pela casa de campo inglesa onde nascera e se criara. Por isso mesmo, apesar de tanto tempo no estrangeiro, não era de admirar que Patience sonhasse voltar um dia àquele recanto repleto de recordações.
Apertou a mão dela, com um misto de solidariedade e preocupação, pois nos últimos meses a mãe respirava com dificuldade e, embora negasse, vivia eternamente cansada. Para Patience, isso não passava de uma ligeira asma, possivelmente provocada pela atmosfera empoeirada da Espanha, onde tinham residido até então.
Anastasia não ficara em absoluto convencida com essa explicação. Temia que ela escondesse o que realmente sentia, ciente de que não dispunham de recursos para pagar um bom médico.
Agora, graças a Deus, os anos de penúria pertenciam ao passado.
Amanhã, ou no dia seguinte, a levaria ao médico local e, se necessário, a um especialista.
Essa mudança repentina na vida das duas mulheres fora ocasionada pela notícia da morte do avô de Anastasia que, como não tinha nenhum outro filho, além de Patience, deixara-lhe uma das propriedades mais antigas da Inglaterra. Além da bela casa do século dezesseis para onde se dirigiam agora, a mãe herdara também o título de Baronesa Marriott, o que não deixava de ser irônico para quem até há poucos dias não tinha dinheiro sequer para consultar o médico de uma pequena cidade espanhola.
Atravessaram o parque silenciosamente. Quando o carro transpôs uma elevação do terreno, lady Marriott inclinou-se para frente, o rosto iluminado, e exclamou:
— Lá... lá está a casa!
Pela primeira vez, Anastasia viu as paredes cinzentas e as chaminés agrupadas da Abadia, a casa dos antepassados de sua mãe por mais de quatrocentos anos e que era finalmente delas — um porto seguro depois de muitas tempestades.
Quando o táxi se aproximou da enorme mansão estrategicamente localizada nessa depressão do terreno, as janelas e cumeeiras refletidas na superfície parada de um lago artificial, Anastasia viu-se dominada por um profundo sentimento de alívio. A partir daquele momento não seriam mais nômades. Nem morariam em casas alugadas com camas desconfortáveis.
Ela também não precisaria mais se preocupar por não possuir permissão para trabalhar no estrangeiro, ou com o que fazer para sobreviver quando o resto do dinheiro acabasse. De agora em diante viveriam com todo o conforto e segurança.
Foi só quando cruzaram a ponte construída sobre o lago que perceberam um Aston Martin, estacionado próximo da entrada principal da casa.
— De quem será esse carro? — lady Marriott murmurou.
Enquanto o motorista retirava as malas do táxi, Anastasia contou e recontou o dinheiro na carteira. Depois de pagar a corrida e dar uma gorjeta, a fortuna das duas ficaria reduzida a uma nota de cinco libras e alguns trocados.
Não que a aparência delas denunciasse de alguma forma o estado de pobreza em que viviam. O conjunto de lady Marriott era um Chanel original, comprado em Paris no final da década de 60, durante um período de prosperidade do marido. E Anastasia usava um vestido de seda verde-claro e uma jaqueta de cashemire do mesmo tom, igualmente antigos, embora parecessem o contrário. Com sua pele lindamente bronzeada, dava até a impressão de ser a filha de algum milionário em final de férias, em vez de uma garota que, até bem recentemente, ganhara seu sustento limpando as casas de veraneio dos estrangeiros na Costa Blanca.
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Christian Grey, meu dominador
FanfictionAnastasia mal teve tempo de acender uma das luzes da sala, quando se viu novamente nos braços de Christian. Desta vez, ele não a beijou na boca, mas preferiu explorar cada centímetro de seu rosto, os lábios experientes se movendo lentamente. No come...