CAPITULO 7

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Anastasia sempre se sentira atraída pela arte da cerâmica e, ao descobrir que existia um curso na cidadezinha mais próxima, decidiu freqüentá-lo.

Também estava convencida de que a Abadia reunia todas as condições para ter seu próprio curso, mas queria primeiro testar suas possibilidades nesse campo. Ia à aula todas as quintas-feiras, saindo sempre pelo portão leste, recuperado depois de ter ficado fechado anos a fio, pois encurtava consideravelmente o trajeto.

Em uma tarde cinzenta, com o céu ameaçando desabar um verdadeiro temporal, voltou para casa depois de assistir à quinta aula consecutiva, e ansiava por um chá junto à lareira da biblioteca e, pensando nisso, parou o carro diante do portão com a intenção de abri-lo o mais rápido possível.

Nesse momento alguém a agarrou por trás violentamente, arrancando-lhe um gemido sufocado de surpresa e dor.

Antes que pudesse gritar por socorro — o que seria inútil porque essa parte da propriedade estava quase sempre deserta —, um rosto hediondo apareceu em sua frente, tapando sua boca com algo pegajoso. Logo um saco foi enfiado em sua cabeça e teve os pulsos amarrados impiedosamente. Depois alguém a levantou, dependurando-a no ombro de cabeça para baixo.

Foi tudo tão rápido que Anastasia não teve a menor chance de oferecer resistência, e a mordaça de emplastro adesivo impedia que emitisse qualquer som.

Estava ainda em estado de choque quando percebeu que a jogavam dentro de um veículo, em cima de uma pilha de sacos. Em menos de dois minutos depois que descera do próprio carro, estava sendo levada embora.

Mas para onde, e por quem, não tinha a menor idéia. Passou algum tempo até que compreendesse o que acontecia.

Era um seqüestro.

Por um tempo que lhe pareceu uma eternidade, continuou ali, imóvel, com uma sensação de pavor insuportável. Meio sufocada pelo adesivo, tinha consciência de que poderia até morrer asfixiada.

Pelo que podia entender, estava na parte de trás de um velho caminhão fechado, com o ar rarefeito, sem nenhuma chance de ser acudida. Por isso mesmo lutou com todas as forças para combater a náusea que a invadia, respirando profundamente pelo nariz para recuperar a calma... como se alguém pudesse ficar calmo em uma situação tão angustiante.

Sabia que demorariam a sentir a falta dela na Abadia, principalmente porque Christian passaria aquele dia fora, regressando depois da hora do chá.

Só ficariam realmente alarmados quando ela não aparecesse na hora certa de tomar banho e trocar de roupa para o jantar. Christian com certeza enviaria alguém para procurá-la, pensando que algo acontecera com seu carro; ou quem sabe ele próprio cuidaria disso, encontrando então o veículo abandonado.

Mas a essas alturas Anastasia já estaria Deus sabe onde.

Enquanto o caminhão seguia aos solavancos rumo ao desconhecido, pensou de repente no destino de outras pessoas que foram raptadas.

Não era um crime tão comum na Inglaterra, como parecia ser na Itália e em alguns outros países. Pelo que se lembrava, aconteceram apenas dois casos nos últimos anos. Em um deles, um homem que matara um juiz forçara um motorista a levá-lo para longe da cena do crime, abandonando-o depois na floresta e fugindo com o carro. O motorista sobrevivera sem maiores problemas e o assassino fora preso logo em seguida, pegando uma pena de vinte e cinco anos.

De forma semelhante, na Irlanda, um milionário seqüestrado por terrorista em busca de dinheiro para comprar armas, também escapara ileso.

Christian Grey, meu dominadorOnde histórias criam vida. Descubra agora