PRÓLOGO

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10 de abril de 2019
– Washington, DC, EUA

O barulho de vidro se quebrando parecia concreto. O calor do fogo não era real, mas dava a impressão de que fazia arder sua pele. A dor pungente era nítida e quase chegava a ser palpável. O desespero era algo do qual não gostava de recordar, fazia o coração bater mais forte do que o necessário.
O grito ecoou pelo quarto, aterrorizante. Era rotina.
Um par de olhos castanhos estava bem aberto, Brooke respirava com dificuldade e o suor estava espalhado por seu pescoço e testa, o que era um contraste com o clima frio que fazia naquele abril em Washington.

Estava chegando perto, ela sabia, por isso os pesadelos tornavam-se ainda mais constantes. Como se o normal não fosse ruim o suficiente. Aliás, desde muito ela não sabia distinguir o que era sua vida e o que eram seus pesadelos. A verdade é que ela se perguntava miseravelmente todas as vezes que abria os olhos o motivo pelo qual ainda continuava com vida, já que aquilo que sustentava era algo oco, vazio e incompleto.

O sol entrava timidamente pela janela, atravessando a cortina verde musgo. Brooke suspirou, sentindo o coração se acalmar pouco a pouco a medida que os minutos passavam. O telefone celular tocou de repente, fazendo-a saltar devido ao pequeno susto, ainda com a mão trêmula pegou o aparelho auditivo, que estava próximo ao celular, colocando-o em seu ouvido esquerdo e em seguida atendeu a ligação rotineira de sua mãe.

— Oi mãe, eu ainda não me matei hoje. — a voz entediada de Brooke soou. Ela ouviu o suspiro que a mulher soltou do outro lado da linha
— Brooke! — o tom de voz de Sylvia era de repreenda. — Não fale assim. Como está?
— Normal, mãe. Como em todos os dias, como em todas as horas, porque minha vida é chata e não acontece nada de interessante, a senhora sabe disso!
— Filha... Você está assim porque quer. É um efeito colateral de suas atitudes, afastou todos de você!
— Mãe... Não começa.
— Por Deus, Brooke! Quando vai aceitar que precisa se tratar?
— Eu não preciso! – rebateu de imediato, cansada daquele discurso de sempre.
— Ah precisa sim! — Sylvia respondeu furiosa, no tom de mãe que Brooke bem conhecia. — Eu te mandei por e-mail alguns anúncios de grupos de apoio e sites que falam sobre depressão, você precisa...
— Escuta mãe, eu preciso apenas que parem de se meter em minha vida, tá legal?
 

O silêncio repentino que tomou conta da ligação era estranho e até um pouco doloroso. Brooke costumava ser grossa antes, mas parecia que o problema agora tornara-se pior. Ela suspirou. 

— Desculpa, mas eu estou... — iria dizer o que? Que estava bem? Quando sabia que não estava e que nunca ficaria? — Mãe, eu não preciso de ajuda. Está bom assim da minha maneira!
— Assim como? Isolada? Não deixando nem sua própria mãe te visitar?
Booke respirou fundo.
— Exatamente. Preciso desligar, ok? — ela disse apressadamente. — Até amanhã.
— Se cuida.
E enfim a ligação fora terminada.

Com um pouco de dificuldade, Brooke levantou-se da cama e pôs-se de pé, sentindo a perna esquerda doer mais que o normal naquela manhã de quarta-feira.
O fato de morar sozinha era um problema para a sua mãe, mas para ela chegava a ser um conforto. Gostava da solidão, ela lhe acolhera de braços abertos quando sua vida foi ao chão e tudo se partiu como um cristal quebrado, e Brooke sabia que nada nunca voltaria às boas, porque cristal quebrado não cola. Pernas aberrantes não voltam a ser normais. Ouvidos mocos, não escutam novamente. Brooke sabia que não seria inteira nunca mais, que seria apenas um pedaço daquilo que já fora um dia e isso lhe doía mais do que gostava de admitir.

Preparou um forte café preto e sentou-se em frente ao computador, ligando-o logo em seguida. Assim que o aparelho já estava conectado a internet, ela abriu o e-mail e os sites de notícias, uma mania que mantinha há cinco anos. Assim que viu o nome de sua mãe nos e-mails presentes em sua caixa de entrada, riu sem humor.

De: Sylvia Vertes (sylvia.vertes123@gmail.com)
Para: Brooke Vertes (bmvertes@gmail.com)
Assunto: anúncios.

"GADW – Grupo de Apoio Para Depressivos de Washington.
Primeiro passo: Aceitação..."

Brooke sequer terminou de ler aquilo. Um: por que não se achava depressiva.
Dois: nunca aceitaria tal condição.
Três: não era necessário um terceiro ponto.

Antes que pudesse prosseguir, seu celular tocou. Ela revirou os olhos, pensando ser novamente sua mãe, porém paralisou ao ver o "número confidencial" na tela do celular.

— Alô? — atendeu com uma voz temerosa.
— Vertes? — a voz de seu antigo chefe de departamento invadiu seu único ouvido que era considerado bom e ela sentiu sua pulsação acelerar prontamente. Engoliu em seco.
— Jones? É você? — precisava confirmar.
— Sim, Vertes. E eu preciso de sua ajuda.



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