TERCEIRO DIA

71 8 1
                                    


11 de abril

Quinta-feira.




— Acorda, pai. — Benjamin sentiu-se ser sacudido, como em todas as manhãs, pela filha. — Está na hora.
— Bom dia, Livy. — ele sorriu. — Tudo bem?
— Sim. Levanta! — ela resmungou, prendendo os cabelos em um coque.
— Então... — ele pigarreou. — Brooke me contou o que houve. Está tudo bem?
— Sim, não quero falar sobre isso. — ela disse irritada.
— Eu devo te dar os parabéns?
— Pai, cala a boca. — ela gritou.
— Mais respeito, pestinha. — ele disse rindo. — Se bem que, você agora é uma mocinha.
— ARGH! — ela gritou, saindo do quarto, pisando firme, enquanto ele continuava a rir.

Ben logo levantou-se e foi fazer sua higiene. Chegando a cozinha encontrou a filha fazendo suco e logo ele mesmo fez seu café. Não falou nada, mas continuava a dar sorrisinhos para a menina, fazendo-a olhá-lo de maneira mortal.

Ele gostava de irritá-la, em todo caso. Naquela ocasião pareceu gostar ainda mais.

— Então... Você vai querer fazer brincadeira da Páscoa esse ano? Está chegando, já é semana que vem! — ele perguntou comendo uma torrada.
— Claro. O caça-ovos é o melhor da Páscoa, pai.
— Pensei que agora iria achar que é coisa de criança.
— Brooke falou que eu não precisava mudar nada, que eu podia continuar a fazer tudo o que eu faço. — ela murmurou, brincando com o canudo no seu copo de suco de uva.
— Claro, eu concordo com ela. Vamos ver o que o coelhinho da Páscoa vai trazer pra você esse ano?
Ela revirou os olhos e riu.
— Você é tão bobo, papai.
— Eu sei, pestinha, eu sei. — ele apertou o nariz dela. — Vamos? Se não iremos nos atrasar.

Não demorou a estarem saindo de casa e logo se encontravam em frente ao colégio em que ela estudava, não estavam atrasados naquela manhã.

— Livy? — ele chamou, quando a viu tirando o cinto de segurança.
— Oi?
— Devo ligar para a vovó e dizer a ela que... Você sabe...?
— Pai, isso não tipo, uma notícia, como se eu estivesse grávida, ou sei lá, namorando, ok?
— Mas você ficou mocinha, isso é muito importante.
Ela o encarou de maneira irritada, sem dizer nenhuma palavra.
— E nada de gravidez, tampouco de namorados antes dos vinte e cinco anos, menina.
— Tchau, Benjamin. — ela saiu do carro e bateu a porta com força.

É... Olívia estava adolescendo.
Ele riu, saindo em direção ao prédio do FBI.
Chegou ao local e não demorou a estar no andar aonde trabalhava. Viu que todos, até Brooke, já se encontravam ali.

— Alguma novidade? — quis saber.
— A garota está na sala ao lado com dois policiais fazendo o retrato falado. — Brooke respondeu.
— Então teremos finalmente um rosto a seguir. Descobrimos que todos os dados que ele falou sobre si são falsos. — Jones o informou.
— Ele sumiu feito fumaça novamente, mas ao menos... Ao menos alguma coisa agora a gente já tem.

Um silêncio se apossou do lugar, com um pouco de tensão, enquanto aguardavam. Brooke sentou-se ao lado de Benjamon e lhe olhou.

— Como está Olívia? — ela perguntou.
— Está bem. — ele sorriu. — Estava me xingando hoje de manhã, então está tudo normal.
— Te xingando? — Brooke riu. — Agora estou adorando mais a Olívia.
— Engraçadinha. — ele murmurou, rindo. — Não tinha reparado, afinal você não sorri muito, mas você tem um sorriso bonito, Brooke. — ele disse.
— Haaam... Obrigada. — ela sussurrou e virou o rosto.

Não houve tempo para que ele dissesse mais nada. A sala foi invadida por um policial que tinha um papel em mãos e andava rapidamente em direção aos agentes.

— E então?
— Esse é o nosso cara. — um homem colocou o papel em cima da mesa, a frente de todos.

Brooke olhou fixamente para o papel e sentiu o peito arder. Parecia que faltava o ar e estava meio difícil de respirar. Ao seu redor podia apenas ouvir ruídos, nenhum som que pudesse identificar com exatidão. Estava nervosa e isso prejudicava sua audição – ainda mais.
Sentiu uma mão em seu braço e se obrigou a olhar para cima, vendo Benjamin lhe encarar preocupado.

— Está tudo bem? — a voz dele parecia distante e ela só soube o que ele falara porque lera os lábios dele.
Ela só balançou a cabeça negativamente e olhou para Jones.
— Vocês vão me achar louca, mas eu acho que não me importo mais. Não agora. Jones, isso é uma imitação do que houve há cinco anos. Eu não sei se você já sentou e pensou, mas... Os nomes das vítimas são os mesmo das garotas de cinco anos atrás. A data... Jones, aconteceu nesse mesmo período.
— Coringa está morto, Brooke. — ele disse firmemente.
— Mas esse cara está vivo. — ela apontou para a folha contendo o retrato falado. — Ele... Ele estava com o Coringa quando tudo aconteceu. Eu lembro. — suspirou.
— Como assim? — Alleta perguntou.
— Foi ele... O último rosto que eu vi quando apaguei. Vocês não lembram? Do garoto que o Coringa estava ensinando?
— Lembramos. — Milles interviu. — Mas ele tinha um álibi em todos os momentos dos ocorridos assassinatos. Nada que o incriminasse.
— Eu sei. — ela murmurou. — Mas eu tenho certeza. É ele! Ele podia ser mais novo há cinco anos e pode estar com barba e ter óculos de grau agora, mas eu não esqueço um rosto. Eu nunca esqueço um rosto.
— Brooke... Você tem certeza? — Jones perguntou num sussurro.

— Joshua, era esse o nome dele. — ela disse de repente. — Eu lembro. — fechou os olhos. — E sim, eu tenho certeza. Ele veio terminar o que o parceiro não conseguiu.
— Luke. — chamou o policial. — Eu quero todas as unidades em alerta.
— Sim senhor. — o homem respondeu.
— Você consegue recordar o nome da próxima vítima, Brooke? — ele perguntou.
— Com certeza. — ela respondeu sem pestanejar. — Kate. Foi esse o nome da sexta vítima dele.
— Há muitas Kates nessa cidade, Jones. Como vamos saber quem ele irá atacar? — Milles perguntou.
— Não vamos dar tempo para que ele cumpra o assassinato. — ele murmurou. — Qualquer indício de desaparecimento de alguma Kate, eu quero que eu seja imediatamente avisado. — instruiu o policial. — No mesmo instante.
— Posso dar o retrato aos repórteres? — Alleta perguntou.
— Eu acho melhor não. — Benjamin disse. — Vai amedrontar a população. Ele está confiante, isso poderá intimidá-lo e fazê-lo esperar, nos pegando desprevenidos.
— Verdade. — Brooke concordou.
— Podemos agir em silêncio. Agora temos um rosto e um nome certo. — Benjamin lembrou. — Será que não dá para rastrear?
— Boa, Fuller. Eu quero um endereço. E alerta máximo.

O dia passou-se totalmente na tensão. Houveram dois chamados de possíveis Kates desaparecidas, porém todos os alertas eram alarmes falsos, já que as meninas apareceram algum tempo depois.

— Acha que nós vamos conseguir? — Benjamin perguntou baixinho a Brooke.
— Eu tenho certeza. — ela o encarou. — Precisamos encerrar esse caso de uma vez por todas. Já demorou muito tempo!
— Posso te fazer uma pergunta? — ele inquiriu.
— Outra?
— Grossa. — ele murmurou.
— Tudo bem. Faz. — deu de ombros.
— Você foi aposentada por quê?
— Ah... — ela riu sem humor. — Perdi a audição do meu ouvido esquerdo e só tenho 70% do direito. Impossível agir em campo assim.
— Como aconteceu?
— Bati a cabeça quando estava atrás o Coringa. O carro capotou durante a perseguição.
— E você falou que o último rosto que viu foi o do menino...
— Sim. Antes que o carro explodisse eu consegui sair dele, um milagre. Antes de apagar o garoto estava em pé me olhando, pensei que ia morrer, mas... Acordei no hospital dias depois. — respondeu sem humor. — Não gosto de falar sobre isso.
— Desculpa, não foi minha intenção te deixar desconfortável. Mas... Ainda bem que você conseguiu sobreviver.
— Você acha? — perguntou amarga. — Às vezes eu gostaria de ter morrido naquele dia.
— Por quê? — ele questionou abismado.

Ela não pôde responder, Alleta lhe chamou, pedindo para que a ajudasse no rastreamento. Já passava das nove da noite quando Jones dispensou todos e avisou que os queria ali bem cedo na sexta-feira.

— Hey... Você não foi buscar Olívia hoje? — Brooke perguntou, recolhendo suas coisas.
— Não, ela voltou de táxi para casa.
— Você não acha perigoso?
— Não mais. Eu me espanto com a autossuficiência daquela pestinha. — ele disse e Brooke sorriu. — Você quer uma carona?
— Não. — ela respondeu rapidamente. — Alleta me levará.
— Então... Até amanhã.
— Até.

Despediram-se e Brooke saiu em direção onde estava Alleta para que enfim pudessem ir embora.

Brooke deixou para trás um Benjamin intrigado: Por que ela preferira estar morta? Bem... Ele não sabia o porquê, mas queria descobrir.



-----------------------------

Perdão não ter finalizado até domingo, eu viajei! E ontem fiquei sem computador. 

Quero finalizar amanhã ou no máximo quinta!


Espero que a páscoa de vocês tenha sido maravilhosa.

Big beijo

Learning to loveOnde histórias criam vida. Descubra agora