QUARTO DIA

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12 de abril

Sexta-feira.

Kate.

Sede do FBI

Essa foi a mensagem que Benjamin recebeu as 05hrs e 17min da manhã. Soltou um palavrão, enquanto ainda sonolento levantava-se da cama e vestia a primeira roupa que encontrava. Respirou fundo, andando até o quarto da filha.

— Livy... Livy.. — a sacudiu delicadamente. A menina abriu os bonitos olhos e o encarou.
— Já é hora de levantar?
— Não, querida. Eu preciso ir trabalhar, ok? — ela assentiu, enquanto bocejava. — Não sei de que horas estarei em casa, então vou te deixar dinheiro para o táxi. Vou ligar para a companhia e mandar um vir te buscar na hora do colégio.
— Está bem. — ela murmurou, virando-se para voltar a dormir.
— Livy? Você consegue se cuidar, não é?
— Vai logo embora, eu quero dormir. Eu me cuido melhor do que você. — ela resmungou e ele riu.
— Amo você, Livy.
— Eu sei. — ela ronronou e ele riu novamente, sabendo que a menina voltara a dormir.

As ruas estavam calmas àquela hora da manhã enquanto Bnjamin dirigia em direção a sede do FBI. Estacionou em sua vaga como de costume e saiu em direção ao seu andar de trabalho, enquanto ligava para a companhia de táxi, solicitando que fossem até seu prédio na hora que Olívia ia para a escola.
Ao chegar ao andar, não se espantou ao ver todos ali presentes.

— O que houve? — perguntou ao se aproximar.
— Kate Winston, foi encontrada pelos pais no jardim de casa. — Alleta lhe respondeu.

A foto a sua frente de nada diferia das anteriores. A menina possuía as mesmas marcas das outras vítimas e estava morta, assim como todas.

— Peraí! Ele não sequestrou? — Ben perguntou horrorizado.
— Não. — Scoth respondeu. — Ele a atacou em sua própria casa. O sistema de segurança estava vencido, por isso o alarme não soou quando a casa foi invadida, ele a atacou em seu quarto e a matou no jardim, pelo que parece. O pai dela acordou para beber água e quando foi verificá-la... — ele suspirou.
— Ele não seguiu o padrão! — franziu o cenho. — Mas que merda é essa? — Benjamin gritou. — Ele parece saber exatamente quais passos dar.
— Foi treinado pelo idiota do Coringa. O que você queria? — Milles riu sem humor. — Quero pegar esse cara. O mais rápido possível.
— E agora? O que faremos?
— Pela ordem dos fatos, ele só tem mais algumas horas para uma próxima vítima. — Alleta constatou.
— Vocês lembram o nome da última? — Jones perguntou.
— Não. — Scoth disse. — Brooke? — perguntou virando-se para ela.
Ela apenas meneou negativamente a cabeça.
— Procurem nos arquivos confidenciais do FBI. Precisamos saber o nome, para fazer o alerta para a polícia.
— Eu vou aos arquivos. — Alleta se dispôs.
— Vou com você. — Milles se ofereceu e ambos saíram caminhando até a sala onde ficavam os casos arquivados.
— Quer um café? — Benjamin perguntou a Brooke.
— Como? — ela franziu o cenho.
— Café. Você quer?
— Oh, sim, vamos lá.

Ambos saíram em direção à maquina de café e Benjamin notou que ela estava mais quieta que o normal. Ele a olhou quando já estavam com os copos de café em mãos.

— Está tudo bem? — ele perguntou.
— Esqueci o aparelho auditivo hoje. Saí tão apressada... — ela disse.
— Você quer que eu fale em língua de sinais com você? — ele perguntou, já fazendo os gestos.
— Você sabe? — ela perguntou, arregalando os olhos.
— Sim. Fiz um curso de libras com a Livy certa vez.
— Legal. Mas não precisa... Como está silêncio e só há você falando comigo, eu consigo entender. Fica complicado ouvir quando há muito barulho e muita gente. Eu só entendo mesmo por que consigo ler os lábios. E isso acontece justamente no dia mais importante, eu sou uma inútil mesmo, não sei por que aceitei isso. Pensei que eu pudesse...
— Pudesse o que?
— Voltar a ser o que era antes. — ela sussurrou.
— O antes não volta, Brooke. — ele disse o mais devagar que pôde. —Não é um filme que você assistiu. É uma realidade que você viveu, mas não volta. Você só tem que aceitar que passou e que agora é diferente.
— É, agora eu sou inútil. — ela murmurou tomando um gole de seu café.
— Não diga isso, não se diminua. Você tem nos ajudado de uma maneira incrível. Se você não estivesse aqui, a gente ainda estaria no zero, Brooke. Você não é inútil. Eu imagino que deve ser difícil aceitar, mas... É um passo. Aceitar o que houve e aceitar que agora é diferente.
— Isso é papo para depressivo, obrigada, mas eu não preciso.
— Não, Brooke, é papo da vida real. Essa é a vida! Uma montanha russa maluca, um dia você sobe, no outro você desce de uma maneira rápida, num piscar de olhos. E quando as coisas acontecem conosco, quando elas são irreversíveis, só podemos aceitar. Quando você se aceitar, você vai ver que tudo será um pouco melhor.
— Você se aceitaria? Aceitaria perder sua carreira e o chão sólido da sua vida? Você aceitaria ser uma pessoa que não tem mais valor? Uma aberração? É fácil falar quando não é com você, Benjamin. — ela disse, antes de sair de perto dele.
Ele foi até ela, pegando em seu braço, fazendo-a parar.
— A vida não me deu uma deficiência, mas não significa que ela não tenha me dado coisas ruins e difíceis de aceitar. Você parece perdida, quando não está aqui dentro, trabalhando no caso. E entenda Brooke: a vida vai além disso daqui. A vida não se resume a isso. E por mais que você quisesse estar morta, não está.

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