OPEN YOUR EYES

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16 de abril

Terça-feira.



Brooke tentou abrir os olhos, podia sentir o claro do dia invadir o quarto branco. Os olhos arderam, porém ela persistiu e conseguiu abri-los. O cheiro inconfundível de éter, característico de hospital, entrou por suas narinas. Ela tentou respirar fundo, porém sentiu o peito arder, então não fez tal esforço.


— Oi. — a sua frente estava Olívia, falando com ela por linguagem de sinais.
— Oi. — ela respondeu de volta, da mesma maneira.
— Você quer seu aparelho? — a ruivinha perguntou fazendo os gestos.
— Por favor.
Imediatamente o pequeno aparelho aparecera em sua frente e com a ajuda da menina, ela colocou em seu ouvido.
— A bela adormecida acordou. — Brooke ouviu a voz de Livy e sorriu, aliviada, por tudo estar bem com ela. — Tia Sylvia acabou de sair daqui para ir em casa.
— Tia Sylvia? — inquiriu e riu.
— Ela disse que podia chamá-la assim. Sua mãe é um tanto exagerada, acho que ela vai ficar um pouco furiosa por ter perdido este momento em que você acordou.
— Com certeza ela vai. — ela disse com uma voz que saiu rouca. — Como você está?
— Bem, graças a você. Muito obrigada, Brooke. Você é tipo... Minha heroína.
— Oras sua boba, não é preciso me agradecer. — riu. — O que houve afinal? Depois que eu apaguei?
— O tal Joshua morreu, papai sacou uma arma da cintura e foi mais rápido que aquele louco. Ele tentou me injetar veneno de cobra, era isso que havia naquela seringa, não conseguiu colocar o suficiente, por que meu pai o puxou antes.
— Seu pai foi um herói.
— Você também foi. Você salvou a gente.
— Eu faria tudo de novo por você.
— E pelo papai. — Olívia disse sorrindo. — Não pense que eu não vi como você estava desesperada.
— É... Por ele também.
— Eu deveria ter gravado isso. — Brooke ouviu a voz de Benjamin e sentiu o coração bater mais rápido. Ele brotou de algum lugar daquele quarto e apareceu em sua frente. — Afinal, quando você vai admitir isso outra vez?
— Nunca mais. — ela riu.
— Como você está?
— Acho que um pouco confusa e meu peito dói.
— Você teve uma infiltração pulmonar e um tiro quase lhe acertou o estômago, tiveram que te manter sedada durante alguns dias para que não sentisse dor.
— Estive em coma induzido? — ela perguntou espantada. — Por quanto tempo dormi?
— Sim. Por três dias.
— Por isso te chamei de bela adormecida. — Olívia riu. — Vou chamar o médico.
Ela saiu correndo, deixando os dois adultos ali no quarto. Eles se encararam.
— Eu estou muito feliz que você esteja bem, Brooke.
— Acabou? — ela perguntou.
— Agora sim, acabou. — ele sorriu. — Por que pulou na frente daquela bala?
— Eu precisava. — ela disse, o olhando profundamente. — Eu precisava salvar você e a Livy. A vida de vocês valia a pena.
— Tanto quanto a sua. — ele rebateu imediatamente. — Brooke, eu nunca vou poder retribuir o que você fez, mas eu nunca me perdoaria se algo mais grave tivesse acontecido a você. Nunca. — ele tocou-lhe a mão, fazendo-a arrepiar-se e morder o lábio inferior. — Você pode não se ver claramente, mas eu vejo. Você é iluminada, inteligente e mais que isso: salvadora. Você salvou a missão, o caso, minha vida e a da minha filha. Então nunca mais fale que sua vida não vale a pena, por que ela vale, você vale. E vale muito!

— É só complicado, você não entende. É difícil não olhar para trás, é complicado deixar que tudo o que eu vivi se perder.
— Você precisa deixar, Brooke. As coisas não voltam mais! Eu entendo que você ficou presa nesse seu mundinho, que o acidente tirou o que você mais amava, na coisa que você era a melhor, eu entendo, Brooke. — ele suspirou. — Mas a sua vida não parou! Você tem noção do quão guerreira você foi e é? De que você... Nasceu de novo? Não pense no que te foi arrancado, pense no que te foi dado.
— E o que me foi dado, Benjamin? — ela perguntou, sentindo os olhos lacrimejar. Não queria sentir-se vulnerável na frente dele, mas estava sendo impossível.
— Uma nova chance. — ele respondeu simplesmente. — O mundo não para, ele gira sem parar. Sem pensar na minha ou na sua dor, sem saber dos nossos problemas, ele só continua girando, fazendo os dias passarem. E o que você quer? Ficar presa nessa amargura de que queria que nada tivesse acontecido? Ficar agarrada a um passado que não volta mais? A vida tira a gente para dançar e temos que fazer a dança conforme ela guia. Ficar parada, sem dançar, não vai te levar a lugar nenhum. — ele se aproximou um pouco mais, tocando o rosto pálido dela e sorriu.
— Acho que estou enferrujada para dançar. — ela murmurou.
— Eu fiquei parado durante um tempo também, mas eu posso te fazer entrar no compasso.
— Não precisa ter pena.
— Não é pena. — ele disse convicto. — Eu quero cuidar de você, eu quero que você desabroche como uma flor e eu sei que quando isso acontecer, será mais bonito que uma primavera. — ele disse abaixando sua cabeça lentamente. — Você precisa se libertar.
— Benjamin... — ela murmurou.
— Shh... Não diga nada. Está tudo bem!

Os lábios tocaram-se de maneira suave e doce. Brooke sentiu aquele leve roçar lhe arrepiar e iluminar a alma e Benjamin sentiu o coração que ele achava que nunca mais seria capaz de bater forte por alguém de novo, acelerar subitamente. Foi algo simples, puro e singelo, fugaz, mas que parecer ficar tatuado na alma de ambos.
Ele levantou a cabeça e sorriu, beijando-lhe a testa.

— Se permita. — ele murmurou. — Dê um passo, apenas um passo e eu caminho o resto todo por você! Toda essa reviravolta me fez ver que... A vida é muito frágil, Brooke e eu não quero perder um segundo dela longe de você. Se deixe sentir, Brooke. Apenas isso!
— Eu... — ela o olhou emocionada. — Só não me deixe.
— Eu estarei aqui, com você. Por você!

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