Coulson morreu, e deixou cartas para sua amada.
“Mel, não posso descrever em palavras o que sinto por você. No mundo, não existe ninguém que possa se igualar a sua perfeição. Desde nossa primeira missão juntos, eu percebi que tu eras especial. Meu sentimento foi reprimido por tanto tempo, eu nunca tive coragem de revelar-te meu afeto. Afeto este que ia muito além da amizade e eu por medo de estragar nossa relação, camuflei minha paixão e desfrutei de sua companhia em um coleguismo magistral.
Peço-te desculpas por ter escondido minha condição de doente, eu só não estava disposto a passar por todo o sofrimento da morte novamente. Admito-te que fui egoísta, deixando-a alheia da situação em que eu me encontrava. Agora, escrevendo-te essa carta percebo o quão orgulhoso fui, ao excluí-la das minhas decisões.
Contaram-me que você quebrou o Odium — única droga capaz de estender a minha vida — e não posso dizer que fiquei orgulhoso. Contudo, não irei julgá-la, pois confesso que faria o mesmo se a situação fosse ao contrário.
Quando convidei-a para passar os últimos dias de minha vida comigo, eu não sabia se esse pedido não a faria desmanchar-se por dentro. A Melinda May que eu conheço, não é a mesma que os outros conhecem. Comigo, você consegue ser ainda mais encantadora.
Escrevo-te esta carta, em meu leito de morte. Tudo bem, isso soou dramático. Estou na varanda da nossa cabana, vendo-a caminhar pela praia nesse belo pôr do sol imaginando o que não está se passando pela sua mente. Eu tenho certeza, que minha morte acarretará mudanças terríveis no seu humor. Peço apenas que não saia da SHIELD, eu preciso que continue o meu legado.
Antes de partirmos, tive um breve diálogo com o Mack e o instrui a dar-te o cargo de diretora assim que estiver estável emocionalmente. Eu mesmo teria feito isso, mas achei que seria insensível pois estávamos em um momento delicado de nossas vidas.
Passei boa parte de minha vida, vendo-a feliz ao lado de outro, pedindo aos céus que você caísse nos meus braços por “acidente” e não saísse nunca mais. Todavia, o Bahrein aconteceu — perdoe-me por falar disto nesta carta — você isolou-se e deixou sua personalidade ser abalada e transformou-se em uma espécie de robô. Talvez, seja por isso que demorei tanto tempo para perceber que você fora substituída por um LMD.
Quando tu me falastes sobre seu breve relacionamento com o Ward, eu fiquei incomodado, entretanto, não podia deixar meu mal-estar transparecer. O que pude fazer, foi falar para ele que se a machucasse, seria mandado para o outro lado do mundo e esquecido.
Quando fiz o acordo com o Motoqueiro Fantasma, apenas você veio a minha mente. Um questionamento específico rodeou meus pensamentos por muito tempo. Eu não queria ter que deixá-la, mas sabemos que era a única forma de salvar o mundo. E é isso que fazemos, certo? Salvamos o mundo! Protegemos as pessoas vulneráveis, de ‘coisas’ que elas nem se quer sabem que existem. Peço-te desculpas mais uma vez.
Não tenho muito tempo para continuar escrevendo-te, pois sinto que a morte está me chamando. Para finalizar essa breve e singela epístola digo-te que sou perdidamente apaixonado por cada pedaço de seu ser. Você é o que há de mais perfeito no mundo, então por favor, depois de minha partida continue sendo essa pessoa encantadora. Tente compreender a equipe, eles lhe darão espaço mas ainda assim, tentarão animá-la pois sabem dos sentimentos que tens por mim.
Vou alongar por mais um parágrafo, para lhe dizer que és uma mulher estupenda. Seja forte, por mim. Ou melhor, seja por você. Sei que és capaz de dominar o mundo se quiser — mas por favor não o faça — então, aguente firme. Sei que vais superar, pode parecer impossível no começo mas garanto que não é.
Você está caminhando na minha direção, irei voltar a aproveitar meus últimos dias de vida ao lado da mulher mais maravilhosa do mundo:
Melinda May.
Amo-te imensamente, querida.”
Melinda deixou o papel em suas mãos cair no chão e debruçou-se no corpo sem vida de seu amado, aos prantos.
Coulson se foi.
