Donna saiu da empresa e voltou a caminhar. Só de falar com Harvey, ela já se sentia mais leve, era como se os problemas estivessem sumido, evaporado, só de ouvir a voz dele, de sentir seu toque, mesmo que por meros segundos, seu cheiro que estava impregnado em seu escritório, ouvir seus flertes e ver o quanto ele também ficava nervoso com a presença dela. Ela sentia seu estômago revirar de felicidade (?), nervosismo (?), não sabia dizer bem o que era, porém, tinha certeza de que queria sentir isso mais vezes.
Ela nem percebeu, mas um sorriso bobo não saia dos seus lábios. Caminhou por mais alguns minutos e decidiu pegar um táxi e voltar para casa, a essa hora Mark já não estaria mais lá e ela poderia descansar em paz e sozinha, e pensar em como resolver sua vida.
...
-Eu acho que um passarinho verde ou ruivo trouxe boas notícias – Jessica entrou no escritório dele.
-O que? – Ele nem percebeu mas tinha um sorriso de uma criança que acabou de ganhar doce nos lábios. – Que passarinho ?
-Um que colocou esse sorriso besta no seu rosto?
-O que? Eu não estou rindo. – Ele tentava disfarçar, porém sem sucesso. – O que foi?
-Nada não Harvey. – Jessica falou rindo também. – Olha, o Louis precisa da sua ajuda com um caso, e é um caso importante e quero que vocês trabalhem juntos. –Harvey ia falar algo porém Jessica não deixou - E isso não é negociável.
-Ok! – Ele olhou com uma cara feia para ela. – Fine!
-O que você vai fazer amanhã?
-Tenho um encontro. – O sorriso voltou aos lábios dele.
-Na véspera de Natal? Você tem um encontro na Véspera de Natal? – Ela olhava sem entender.
-Amanhã é véspera de Natal? Amanhã? Mas já?
-Como assim já? Harvey você perdeu a noção do tempo só pode. Mas me diz, seu encontro é com aquele passarinho ruivo que estava aqui mais cedo?
-Isso não te interessa.
-Deixa de ser grosso garoto.
-Você não tem trabalho não ? Você tá parecendo o Mike querendo saber da minha vida como uma vizinha fofoqueira. – Ele olhava pra Jessica com um ar de brincadeira.
-Você me respeita que eu ainda sou sua chefe e te mando pra rua se disser outra coisa assim. – Ela falava com o dedo indicador apontado pra ele.
-Tá ok – Ele ria do comentário dela. – Eu vou voltar a trabalhar chefe.
-Ok, eu já vou, e aproveite sem encontro com sua ruiva. – Ela falou e caminhou em direção a porta.
Ele balançava a cabeça em negação, mas aquele sorrisinho voltou aos seus lábios com o comentário de Jessica. "Sua ruiva". Será mesmo que ela seria dele? Ou era apenas coisa da cabeça dele? Ele não saberia responder, a única coisa que ele queria era ver aquele sorriso de novo, sentir aquela pele, sentir seu cheiro e definitivamente descobrir a receita do café que ela fazia.
...
Donna chegou em casa, e como ela esperava e gostaria, Mark já não estava mais lá. Ela deixou sua bolsa no sofá e foi em direção ao banheiro, queria tomar um banho refrescante e aproveitar para pensar no que iria fazer com Mark. Ela esperou a banheira encher, colocou alguns sais de banho, entrou e relaxou.
Não era por causa da briga mais cedo. Era por tudo. Era por todo o passado e as promessas de mudança que nunca foram reais. Era pela felicidade dela, era porque ela merecia algo a mais, alguém melhor, ela não merecia estar com alguém que a diminuísse, que a maltratasse verbalmente, ela não estava feliz e tudo aquilo não valia a pena. Ela era muito grata a Mark, isso era uma realidade, mas a gratidão não faria ela ter uma vida a dois com ele, não a faria aguentar aquelas cenas de ciúmes constantes que ele fazia, os surtos que ele tinha só por ela estar conversando com outra pessoa. E quando ela voltasse a trabalhar de fato, o que eu aconteceria (?), novas pessoas, novos colegas de trabalho, saídas a bares casualmente, o que ela faria com essas cenas de Mark (?), nunca poderia ter um círculo de amigos pois ele não queria, e ela finalmente chegou a conclusão de que quem não queria essa vida era ela, ela não queria mais viver com esse medo do novo por causa de Mark, ela nunca teve medo de se jogar a coisas novas e não queria viver o resto da vida na situação que estava. Ela iria tomar uma decisão e não iria esperar mais. Pegou o celular para mandar uma mensagem para Mark, avisando que queria conversar com ele, mas para sua surpresa tinha uma outra mensagem.
(12:44am) H: Hey, eu fiquei muito feliz que você veio aqui hoje me ver. Agora eu tenho uma pergunta : nosso encontro ainda está de pé, mesmo sendo véspera de Natal?
Ela sorriu ao ver de quem era.
-Merda, mas amanhã já é véspera de Natal? Mas já? – Ela falava enquanto lia a mensagem de Harvey.
Nenhum dos dois tinha se dado conta que já era véspera de natal, porém nenhum dos dois queria desmarcar o encontro.
(12:48am) D: Se você não tiver um programa melhor, por mim está de pé sim.
(12:49am) H: Perfeito. Eu te pego as 15:00 am .
(12:50am) D: Estarei esperando ansiosa.
Ela deixou o celular na bancada e voltou a relaxar na banheira. Tinha se esquecido completamente do que iria fazer antes de ver a mensagem de Harvey, e a partir dai só pensava em seu encontro com ele no dia seguinte. Ela nem tinha se dado conta de que era véspera de Natal, para falar bem a verdade, ela nem se importava, mas achou estranho ele querer sair, mas não questionou. Ele queria estar com ela e isso era recíproco.
...
Harvey saiu mais cedo do escritório, era comum ter expediente aos sábados, e ainda mais se estivessem com um grande caso nas mãos, mas mesmo assim ele deixou o local para planejar o encontro que teria com Donna. Era verdade que ele não tinha planejado nada e ainda teria o agravante da véspera de Natal, o que deixaria tudo um caos na cidade. Ele tinha dispensado Ray no dia anterior, então pegou o carro e foi ao supermercado comprar algumas coisas que tinha em mente. Definitivamente ele não iria levar Donna a um restaurante, então pensou que um encontro no apartamento dele seria melhor, mais calmo, lareira, vinho e uma boa massa, não tinha como dar errado e foi nisso que ele apostou, mas antes ele queria fazer uma surpresa e era isso que estava o deixando tenso.