I - Tânato

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I

Tânato


Meus olhos se abriam lentamente, meu rosto estava apoiado em um áspero piso de madeira. Levantei-me, zonzo e com as poucas forças que tinha. Minha cabeça doía intensamente, como se um trem inteiro tivesse caído sobre minha cabeça. Olhando ao meu redor, me encontrava em um cômodo pequeno, vazio e mal iluminado por uma velha lamparina que estava do meu lado. Naquele instante me fiz diversas perguntas fáceis, mas que, por algum motivo não sabia responder. "Onde estou?" "Por que estou aqui?" "Qual era o meu nome?" "Quem sou eu?"

Imediatamente senti minha cabeça doer mais ainda, como se tentar pensar em cada uma daquelas respostas, fosse uma violenta martelada em meu cérebro. Com a mão sobre a cabeça apanhei a lamparina e analisei o pequeno cômodo no qual me situava. O quarto parecia conter nada além de seus detalhes de madeira um tanto prejudicada pelo tempo e o mofo. Havia uma porta entreaberta logo em frente. Fui obrigado ir em direção da única saída. Abrindo a porta lentamente, eu espiei o corredor e comecei a andar furtivamente pela aquela estranha casa. Sobre a fraca luz da vela que eu carregava na lamparina, era possível ver vegetação espalhada pela casa, moveis quebrados e bagunçados. Não era necessário pensar muito para saber que aquela casa estava completamente abandonada.

A cada passo, me sentia mais sozinho e perdido naquele lugar macabro e silencioso. Quadros dos mais diversos me acompanhavam durante meu percurso, rostos de mulheres felizes, paisagens e crianças brincando. Todas as pinturas queriam transmitir algum tipo de sentimento, mas o tempo castigou-as a ponto de não passar mais nenhuma emoção. Cheguei a um local espaçoso, onde me lembrava um hall de uma mansão. Duas escadas subiam atrás de mim e entre elas, uma poltrona excêntrica, que diferente de tudo na mansão, parecia nova. Ao lado dela um criado-mudo, onde existiam vários papeis jogados. O papel com letras maiores, parecia uma capa que dizia "A morte e os enamorados". Os papéis seguintes eram bizarros. Várias paginas continha o nome "Tânato" escrito a mão em todas as linhas, seguido com outras palavras e frases sem nexo escrita de forma desesperada como "Eu consegui" "Meu sonho" e "Não posso falhar". Larguei os papeis onde estavam. Aquele lugar não me passava uma boa sensação, e quanto mais ficava por ali, mais queria fugir daquele local estranho.

Virei às costas para a elegante poltrona e me espantei com fato de me deparar com uma parede. Ali deveria ter uma porta de entrada na qual, logicamente, daria para o hall da mansão onde estava. Na parede havia um curioso quadro, maior que todos os outros. Estendi a lamparina para enxergar melhor o quadro e reparei que se assemelhava ao um quadro de uma família, e por alguma razão todos os rostos estavam riscados. Na frente sentado em uma poltrona estava alguém vestido elegantemente, ao seu lado parecia ser uma criança, atrás dele dois homens com estaturas fortes e semelhantes e uma mulher pousando a mão em seu ombro.

— Linda arte, não é mesmo? — Disse uma voz grossa.

Meu corpo gelou e me virei para trás rapidamente. Agora havia alguém sentado na poltrona. Pela suas vestes era o mesmo homem do quadro. Ele usava um colete preto e por baixo dele, uma roupa branca com uma manga longa e uma gravata borboleta. Possuía cabelos grandes e negros puxados para trás, e o seu rosto inteiro era maquiado de um modo que lembrava uma caveira.

— Mas, eu não vejo felicidade nessa pintura — Continuou o estranho, falando de forma paciente.

Depois que ele surgiu, era perceptível que o clima do hall e os quadros haviam mudado e tinha uma sensação estranha.  Os quadros agora eram tristes, as mulheres pareciam furiosas, as crianças estavam melancólicas, nas paisagens havia agora uma tempestade horrorosa por vir. O estranho me fitava de um jeito sério, e sua pintura em seu rosto apenas reforçava aquilo que passava.

Minha respiração ficou mais forte e minha mão começou a tremer fazendo luz da lamparina ficar levemente trêmula. Por mais humano que aquele estranho pareça, sua presença fazia meu corpo querer fugir dali. Pensar em que tipo de pessoa estaria ali na minha frente. Um assassino ou um psicopata. Eu só tinha certeza de apenas uma coisa, sair daquele lugar o mais rápido possível.

A Mansão LúgubreOnde histórias criam vida. Descubra agora