II - Tragédia

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II

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II

Tragédia

— Me perdoe, onde estão os meus modos. — O estranho se ajeitou em sua poltrona. — Me chamo Tânato. Seja bem-vindo à nossa mansão. Um lugar um tanto estranho, triste e mórbido. — Seu olhar soava melancólico e perdido pelos cantos da casa.

Mesmo sendo tão cordial como aquele homem agia, eu simplesmente não conseguia ficar confortável a ponto de dizer qualquer coisa.

—  Se estiver procurando uma saída, é só seguir por esse corredor — Tânato apontou para trás. —  Ao final dele terá a porta de saída, só precisará abri-la com a chave que está em seu bolso.

Sorrateiramente coloquei minha mão no bolso da minha calça e fiquei espantado em sentir algo metálico. Retirei do meu bolso e observei o objeto. A chave era bastante enferrujada e a palavra "Amor" estava grafada nela. Ao voltar meus olhos para o hall, a poltrona estava vazia e os quadros tinham voltado à aparência normal. Olhei em volta, e o estranho homem havia desaparecido. Com passos largos, repleto de medo segui pelo corredor no qual tinha indicado. Obviamente não confiaria na palavra do estranho, mas sua sugestão era boa. Se não tem porta da frente, deveria haver portas do fundo.

Chegando ao fim do corredor estreito me deparo com a porta, assim como foi dito por Tânato. Ao lado da porta, numa janela apertada, era possível ver uma leve chuva caindo e uma iluminação branda de uma lua cheia. Era realmente a saída. Mas a chave realmente era daquela porta? Apanhei a chave e pus na fechadura e a girei. Ouvi os estalos da porta com alegria e consegui abri-la. Sem perder tempo dei um passo para fora e fechei a porta me encostando nela com um alívio gigante.

Entretanto, percebi que não estava escutando o barulho da chuva que vi pela janela, e nem a brisa de um local aberto. Levantei a lamparina, na qual a vela já estava em seu fim. Vislumbrei o que estava em minha volta e inusitadamente eu permanecia em um cômodo fechado, totalmente escuro. Senti-me completamente confuso, tentei voltar pela porta onde havia entrado, mas ela não se encontrava mais lá. Existia apenas uma carta no chão acompanhada por uma chave. A carta dizia:

"Irá precisar"

Pegando a chave, vi que tinha a palavra "Ajuda" grafada. Logo após minha vela havia chegado ao seu fim, fiquei em um breu absoluto. Em meio à aquela escuridão, surgiu uma luz um pouco distante mim, também era de uma vela e logo adiante dela havia, o que parecia ser, uma porta. Andei lentamente com passos desconfiados, pois naquela escuridão não era possível saber onde pisava e o que estava em minha frente.

Chegando próximo a luz escutava um barulho, uma batida constante, que se assemelhava a uma faca cortando algo. O som ficava mais intenso quando me aproximava do foco da luz. Em certa distância comecei a visualizar uma figura na qual se assemelhava a de uma mulher. Tinha cabelos escuros e longos. Vestia uma espécie de um vestido branco, e tinha uma enorme mancha vermelha em sua saia que cobria suas canelas.

Ela continuava a cortar alguma coisa em movimentos lentos e fortes. Não precisei me aproximar muito para enxergar seu corpo deformado com feridas horríveis. Aquela sala começou a ser tomada por um odor forte. Aquela imagem bizarra da mulher, seguido por um barulho contínuo e o fedor, me deixava com ânsias. A minha única saída era a porta mais a frente, eu não poderia ficar parado ali esperando ela me notar, porém, para chegar à próxima porta teria que passar por perto daquela criatura de qualquer jeito.

Tentando controlar minha respiração, e com passos totalmente cuidadosos eu ia avançando, pois algo me dizia que aquela mulher não queria ser incomodada. Cada vez que me aproximava mais forte ficava o odor. Tentei ao máximo não olhar para o que ela estava cortando. Mas no momento que cheguei mais próximo, meu olhar se desviou para o balcão e assisti a mulher cortando pedaços de intestinos e um útero ao lado, arrancado diretamente dela mesma.

Depois de vislumbrar a cena horrorosa, dei dois grandes passos, me apoiei na parede e senti um líquido gástrico sair pela minha boca. O gosto do vômito ainda permanecia na minha boca, mas eu já estava me abominando por ter feito aquilo. O barulho contínuo da faca havia parado. Ficou um silêncio completo na sala. Apertei a chave que estava em minha mão e olhei por cima dos meus ombros devagar e vi a mulher que agora estava virada para mim. Seu rosto era horrendo, tinhas olhos vazios e sua boca era costurada de bochecha a bochecha.

Correr. Foi a única coisa que pensei naquele momento. Recordo do meu coração acelerado e meu sangue correndo rapidamente pelo meu corpo. Avancei o mais rápido que pude em direção da porta. Sentia algo em minhas costas me perseguindo, o silêncio e a escuridão deixavam o momento mais agonizante possível. Corri sem olhar para trás. Eu tropeçava e escorregava diversas vezes e a porta parecia estar cada vez mais longe e a criatura cada vez mais perto. 

A Mansão LúgubreOnde histórias criam vida. Descubra agora