Capítulo 5

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Naquele momento, parada ali olhando bem pra ela, pude perceber o quanto Pharah era bonita. Pele morena avermelhada, rosto fino, cabelos absurdamente lisos e negros, lábios grossos e uma tatuagem do olho de horus em seu olho direito. Eu não quis acorda-la, mas também não poderia deixar ela dormir sentada daquele jeito na cama, eu mais que ninguém sabia os efeitos que aquilo traria pra ela no dia seguinte. Com muita cautela, puxei seu corpo pra baixo e apoiei sua cabeça no travesseiro, pronto, agora ela estava de forma descente, puxei a coberta até seu pescoço e fui até o armário, peguei uma coberta pra mim e um travesseiro pra me deitar no sofá. Já ajeitando minhas coisas escutei algo vindo da cama.

- Mercy? - olhei para poder responder e vi que seus olhos ainda estavam fechados, ela deslizava a mão suavemente pela cama como se procurasse algo - Mercy?

A observei por mais um tempo tentando descobrir se ela estava realmente dormindo ou se estava falando comigo, ela parou de falar, conclui que estava dormindo e fui para o sofá e dormi.

O despertador tocou, acordei no pulo e por uns instantes fiquei confusa do porque estava no sofá. Lembrei da noite anterior e rapidamente me virei pra olhar a cama, fiquei levemente desapontada ao descobrir que estava vazia, ela estava arrumada e tinha um bilhete em cima "Bom dia, desculpa sair sem dizer nada, mas não quis te acordar. Foi incrível passar o tempo livre com você, mesmo as duas caindo no sono no final do filme. Que você tenha um ótimo dia e que a gente possa fazer isso mais vezes. Beijos, Pharah" ela também deixou o número do seu  celular com "caso a gente não se veja tão cedo" e senti uma leve pontadinha no meu estomago. Adicionei ela aos contatos e mandei uma mensagem, logo em seguida fui pras minhas rotinas do dia a dia e fui pro trabalho, que estava lotado. 

A semana foi mais uma daquelas, intensa, cheia de turbulências. Eu e Pharah não conseguimos nos ver e basicamente conversamos pelo celular todos os dias e a cada bip que meu celular fazia era uma fisgada que dava em meu estomago. Em uma de suas mensagens ela me perguntou se já tinha ido ver a esfinge e eu disse que não, que só tinha ido até próximo às piramides na semana em que cheguei, no final de semana uma tropa extra estaria chegando pra que a já residente pudesse ter o final de semana de folga, ela me chamou para irmos, já que o alojamento estaria praticamente vazio, chequei minha agenda e confirmei. Íamos almoçar juntas hoje também, mas eu não ia conseguir sair do centro médico então mandei uma mensagem avisando. Eu precisava checar todos os formulários e prontuários até o final do dia para que os integrantes do pelotão que tivessem de dispensa pudessem ir para casa. Eu estava perdida em meio a papeis a mais de quarenta minutos quando senti um cheiro de comida entrando na minha sala e com ele vinha uma Pharah com três sacolas na mão.

- Já que você não vai poder ir ao nosso almoço, o nosso almoço vem até você - ela deu um sorriso suave e se sentou na cadeira a minha frente. Meu estomago novamente acionou com uma fisgada e eu comecei a sentir como se cocegas percorressem por dentro do meu corpo. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo com relação a Pharah, só sei que era diferente.

- Nossa, obrigada!! Não sei nem se eu iria conseguir comer algo hoje, muita coisa pra resolver - eu disse dando um sorriso largo.

- Eu ia acabar comendo sozinha no alojamento, achei melhor vir te fazer companhia - ela disse enquanto tocava minha mão fazendo um frio subir pela minha espinha.

- Achou certo. O que você trouxe? - eu disse me recompondo e tentando bisbilhotar dentro da sacola.

- Bom, eu trouxe o que você sempre pede, eu também trouxe o de sempre e um suco - ela disse me entregando a comida e tirando tudo das sacolas - são sei se fiz certo, mas eu  não queria errar pedindo outra coisa.

- Não! Assim ta perfeito. 

- Que bom!! Sobre o final de semana, sábado as nove ta ok pra você? - ela me olhava esperando uma resposta.

- Sim, está ótimo pra mim. Vou organizar minhas coisas durante o dia e descansar, as nove está perfeito - disse sem tirar o olho da comida.

- Podemos assistir um filme no domingo a tarde, o que acha? 

- Por mim tudo bem! Prometo dessa vez assistir o filme todo - e nós duas rimos.

- Não vou te julgar, eu também dormi - e ela deu um sorriso torto.

- E você?  Que vai fazer no sábado? - agora eu a olhava.

- Vou em casa ver minha mãe, pra que ela não fique tão preocupada.

- Isso, mande lembranças minhas, ela foi uma das melhores que eu já conheci. 

Almoçamos e ficamos conversando por um tempo, depois ela voltou pro serviço e eu também. Terminei a papelada e fui até os leitos verificar meus pacientes, dando altas, fazendo exames, conferindo prontuários, tudo dentro do padrão da minha rotina, a não ser por a visita a esfinge no final de semana não sair da minha cabeça, eu estava ansiosa e programando o meu dia. Eu não tinha costume de ser assim, só quando algo me interessava muito e não sei porque o fato de ir até lá estava me deixando tão empolgada, eu não me sentia assim fazia tempo, mas voltei meu foco pro trabalho e terminei meu expediente. Cheguei em casa tomei meu banho e me joguei na cama. O resto da semana foi cheio como os outros dias, escalei a equipe do final de semana e o doutor que ficaria responsável pelo centro médico. No final de semana que tinha passado eu trabalhei, então eu teria folga nesse e daria pra aproveitar meu tempo livre com a Pharah.

Sábado chegou e eu acordei de muito bom humor. Arrumei o alojamento, limpei minhas coisas, lavei minhas roupas e tomei um banho, fui comer e quando voltei me sentei na rede do lado de fora para ler um livro, fiquei ali a maior parte da tarde presa na história, engolindo uma página atrás da outra em função de chegar ao fim, mas como o livro era muito grande ainda me renderia mais uma tarde inteira lendo para que pudesse finaliza-lo. Voltei pro meu quarto e cochilei um pouco, Pharah apareceria por volta das nove horas e iriamos juntas pra esfinge. Depois que acordei deu tempo de ligar um pouco pro Genji, conversamos um pouco e fui me arrumar, vesti uma blusa de gola preta, uma calça jeans clara, coloquei meu tênis preto e por um milagre deixei meu cabelo solto. Eu estava pronta quando Pharah chegou e me gritou da porta.

- E ai, pronta pra me levar pra conhecer a esfinge? - eu disse enquanto saia pela porta.

- Mais do que pronta - ela sorria e me encarava diretamente - aliás, nunca tinha te visto de cabelo solto, fica muito bem em você.

- Obrigada - eu sorri de volta - vamos? 

- Vamos!

E durante o caminho ela me contou que sempre que sua mãe saia em missões, antes ela a levava até a esfinge, para os egípcios ela significava poder e sabedoria, e Ana a lembrava que assim como a esfinge protegia as pirâmides ela precisava proteger o seu país. Por isso o local era tão importante pra ela, foi onde ela tirou todo o exemplo e gosto por ser quem é e estar onde está. Ela me contou mais coisas de sua infância e ficou muito nítido do amor e orgulho que ela tinha de seu país e história. Chegamos nas pirâmides e caminhamos devagar entre elas, Pharah ia me contando coisas históricas do local enquanto eu prestava atenção em cada palavra até que chegamos na esfinge, eu nunca imaginei que o lugar fosse tão bonito e então tentei imaginar como ela se sentia naquele lugar, olhei pra ela e ela olhava pra cima com um ar de orgulho e então me senti muito bem e ao mesmo tempo como se uma corrente elétrica leve passasse por mim. Ficamos ali uns cinco minutos apenas observando, o céu absurdamente preto e estrelado, o vento fresco fazia um leve barulho e a paisagem que era extremamente linda. Até que ela decidiu quebrar o silêncio.

- Então, o que achou? - e enquanto dizia isso passou um de seus braços atrás do meu pescoço apoiando a mão em meu ombro e quando me virei pra olhar pra ela e responder eu congelei. Ela estava muito perto e me encarava com um ar de curiosidade na rosto, a proximidade era tanta que sua respiração batia na minha pele. Tentei organizar meus pensamentos para responder quando senti o cheiro do seu perfume, involuntariamente fechei meus olhos pra que pudesse decifrar o cheio e sem esperar sua mão tocou meu rosto e senti seus lábios encostarem nos meus.

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