Capítulo 7

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A equipe de campo entrava trazendo Pharah e perguntando quem era o médico encarregado pela Capitã, eu segurei todo o meu desespero e me apresentei como a responsável. Comecei os procedimentos em Pharah, pedi informações a equipe, pois precisava saber o que aconteceu para atende-la de forma correta e me informaram que eles estavam em comboios voltando de uma missão bem sucedida e foram atacados por granadas, uma dela explodiu debaixo do carro onde Pharah estava, o carro saiu do chão e capotou por uma distância longa, deixando os 7 mortos e os 3 feridos graves e dentre esses ela era o mais complicado. Vasculhei cada centímetro de seu corpo e ela estava toda suja, cheia de hematomas e um dos braços estava luxado. Comecei os exames neurológicos e vi que algo não estava certo, o que me preocupou muito, já que ela havia sofrido uma concussão muito recente. A levei pra sala especifica de exames mais detalhados e fiz tudo o que pude pra descobrir o que estava acontecendo e fiquei levemente apavorada com o resultado, Pharah estava com um traumatismo e tinha sangue fazendo pressão intracraniana, o que estava causando inchaço no cérebro, sua inconsciência e sua possível morte se algo não fosse feito o mais rápido possível. Corri no salão geral e trouxe comigo mais um médico e dois enfermeiros, eu precisaria tirar o sangue que estava fazendo pressão no cérebro pra que ele pudesse desinchar e ela ter chances de sobreviver, mas pra isso seria necessário um processo cirúrgico pequeno e eu não conseguiria sozinha. 

Fizemos tudo que pudemos e o procedimento até que foi rápido e ocorreu tudo bem. Pharah estava estável, mas ainda precisava ser monitorada periodicamente, ela levaria um tempo até ficar consciente novamente e provavelmente ficaria no centro médico por pelo menos uma semana. Deixei ela em um leito separado em uma área isolada do centro pra que tudo desse o mais certo possível, ela precisava de silêncio, repouso e cuidados específicos. Meu horário de trabalho tinha acabado, mas eu não iria embora, não enquanto ela ainda corria risco, então disse a equipe que ficaria ali pelos próximos dias para ajudar no montante de pacientes que o centro estava comportando naquele momento. Fiquei ajudando eles até tarde e fazia visitas periódicas a Pharah para ministrar os remédios e monitorar seu estado, o braço luxado ainda estava um pouco inchado, mas aparentava melhor, quando eu olhava todos aqueles hematomas em seu corpo eu sentia um nó na garganta e tinha que segurar pra que as lágrimas não rolassem por meu rosto.

Eu já estava muito cansada e decidi que precisava ir dormir, não sei se conseguiria, mas deitar pra descansar o corpo já era ótimo. Avisei a equipe que iria deitar um pouco, mas que ainda estaria tomando conta da capitã, que não precisariam se preocupar, fui até minha mesa e peguei a chave do quarto, passei no banheiro pra tomar um banho rápido, comi um sanduíche rápido na cozinha e fui me deitar. Fui até o quarto onde Pharah estava, entrei e tranquei a porta, achei melhor que ninguém me visse dormindo ali, ela estava numa cama grande e me cabia perfeitamente ali encolhida perto dela. E ali fiquei, sem invadir o espaço dela, mas ao mesmo tempo perto o suficiente pra que eu não ficasse preocupada, a maior parte da noite fiquei monitorando seus sinais, mas acabei pegando no sono. Quando acordei tudo estava da mesma forma como eu havia deixado a não ser pela mão de Pharah que estava em meu cabelo, não me acariciava nem nada, só estava ali. Como era antes do meu expediente começar eu fiz os cuidados de Pharah e fui até o meu alojamento, tomar um banho, trocar de roupa e comer algo e depois voltei pro centro médico e cumpri meu horário de serviço e claro indo conferir como ela estava. Eu ia fazer o mesmo da noite passada, só que antes eu passei no meu alojamento pra tomar meu banho e comer, voltei pro centro médico, peguei a chave e fui pro quarto de Pharah, ela aparentava um pouco melhor, mas fiz a rotina médica e fui me deitar ao lado dela. Eu me aconcheguei perto de seu corpo, ela ainda não ter acordado me preocupava um pouco, mas eu estava tão cansada que acabei caindo no sono.

- Mercy?! - eu acordei atordoada e a mão dela estava novamente em meus cabelos, agora ela estava se mexendo e querendo acordar, o que me deu um grande alivio.

- Pharah?!! Ei, eu to aqui! Eu to aqui com você, consegue me ouvir direito? - eu conseguia ver sua cara de dor enquanto ela gemia.

- Por que tudo dói? O que aconteceu? Onde a gente tá? - ela estava abrindo os olhos e por mais que estivesse confusa eu respirava de alívio.

Tentei explicar pra ela aos poucos pra ela entender e ela parecia entender bem e isso era ótimo. Depois disso tentei fazer ela descansar mais, pois ela precisava de repouso para se recuperar completamente, expliquei que ela quase morreu e que precisava se recuperar bem pra que não houvesse perigo algum. Por um tempo ficamos em silêncio e até pensei que ela estivesse dormindo de novo, mas olhei pra cima e vi que ela encarava o teto.

- Por que não me disse que tinha alguém? - ela ainda olhava direto pro teto e sua voz saia fraca.

-  Pharah, não é hora de você se preocupar com isso, ok? Você só precisa se concentrar em ficar bem - eu me sentei pra olhar nos olhos dela enquanto dizia e ela tirou os olhos do teto e olhou pra mim.

- E eu só vou ficar bem quando eu conseguir entender o porque você mentiu pra mim, Mercy - aquilo doeu mais do que eu admitiria, ainda mais ao ouvir sua voz tão fraca.

- Eu estava errada em não ter dito nada sobre ele pra você, mas eu não menti em nenhum momento com relação ao que eu sinto por você. Eu fui completamente verdadeira em cada momento com você.

- Tá e mesmo que isso seja verdade, quando tudo isso acabar, você voltaria pra ele e eu ficaria aqui com meus sentimentos revirados - mesmo estando baixa eu notava um certo rancor em sua voz.

- Você acha que eu brincaria com seus sentimentos pra depois ir embora? - ela desviou o olhar ressentido pro lado.

- Então qual seria o motivo de você ter me escondido ele esse tempo todo? - eu fiquei um pouco sem jeito, porque ela no fundo tinha razão.

- Eu me sentia desconfortável de falar dele com você, eu não sabia o porque e descobri quando você me beijou aquele dia. Meus sentimentos por você estavam crescendo e eu estava confusa, eu queria entender o que estava acontecendo.

- E se você descobrisse que queria ficar com ele? Eu teria ficado aqui sozinha do mesmo jeito - ela ainda estava com aquele olhar duro no rosto.

- Pharah - eu segurei seu rosto em minhas mãos e ela gemeu e fez uma careta de dor - ah me desculpe! Eu só quero que você entenda que eu estou aqui a dois dias sem me importar com mais nada alem de você. Eu pensei que fosse te perder e isso me destruiu. Você ainda acha que eu só quero brincar com seus sentimentos? 

- Mas e ele? - ela ainda não me olhava.

- Ei, olha pra mim. Eu vou dar um jeito nisso. Só tenha certeza de que eu não vou te deixar - e então ela me encarou por uns segundos, fechou os olhos e segurou minha mão com a mão do braço bom. Dei um beijo em sua testa e me aconcheguei na cama novamente e voltamos a dormir.

Aos poucos minha confusão ia tomando rumo, eu estava começando a pensar que realmente estar com Pharah seria minha escolha, ela fez uma bagunça completa em mim e eu me sentia de uma forma absurdamente diferente quando estava com ela. Agora eu precisava me resolver com relação a Genji, mas como eu faria isso eu não fazia a mínima ideia.

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