Capítulo 1

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E lá estava eu indo para mais uma missão. Dessa vez de volta ao local onde tive minha primeira missão de guerra como médica a 19 anos atrás, Egito, onde ganhei meu apelido Mercy. Desde pequena meu sonho sempre foi salvar vidas, o máximo de vidas possível, então me formei em medicina e me inscrevi no exercito. Minha primeira missão foi aos 18 anos e quanto mais eu via desse mundo de guerras mais eu queria ajudar, passei 1 ano no Egito e retornando a Suíça decidi me especializar em nanobiologia aplicada. 

Apesar de estar feliz por voltar para uma missão, não queria deixar Genji sozinho aqui na Suíça, é nosso primeiro ano morando juntos e queria aproveitar cada momento com ele. Genji e eu namoramos a pouco mais de um ano, ele é incrivelmente educado, carinhoso, me faz rir das suas piadas sem graça e ta sempre fazendo de tudo por mim. Tive a sorte de conhecer alguém como ele, na verdade nos conhecemos de uma forma completamente inusitada. Eu estava fazendo minha corrida matinal quando percebi algo estranho nos arbustos na encosta de uma pedra alta, onde no topo tinha uma casa de varanda lindíssima, me aproximei e percebi que era uma rapaz, estava extremamente ferido, mais um pouco jogado ali teria morrido. Liguei para a ambulância e rapidamente fizemos o socorro e nas rotinas hospitalares eu fiz o máximo que pude para mante-lo vivo, me intrigava eu ter encontrado ele da forma como encontrei e eu precisava fazer com que ele vivesse. Foi muito difícil, quase perdi ele várias vezes, mas ele se recuperou  bem. Por varias vezes ele me disse que em seus poucos momentos de lucidez achava que estava sendo socorrido por um anjo, diz isso só pra me conquistar, mas não teria como não me apaixonar por ele, foi um click muito instantâneo, nem o conhecia, mas já queria participar da vida dele. Ai você deve estar se perguntando, que diabos esse homem tava fazendo jogado na encosta de uma pedra? Genji vem de uma família de tradição no Japão e estava em uma reunião de negócios com seu irmão e clientes daqui da Suíça, mas suas ideias nem sempre eram bem vindas por seu irmão Hanzo e isso gerou um conflito. Ele o o irmão discutiram, acabaram brigando e no meio da briga Hanzo acidentalmente empurrou Genji, que caiu da sacada da varanda. Hanzo sempre teve problemas com sua raiva e lidar com o irmão mais novo sempre foi uma questão difícil pra ele. Genji diz que depois que Hanzo voltou para o Japão se tornou um novo homem, que está em busca de redenção, mas o fato de ele não ter prestado socorro ao irmão no dia do acidente não me faz confiar muito nisso, nem no fato de ter sido acidental. Pra mim essa história estava muito mal contada, mas eu não quis me meter em assuntos de família, na verdade eu nem deveria, então afastei logo todos os pensamentos que começavam a me rodear e lembrei que precisava fazer minhas malas, pois partiria na manhã seguinte.

Finalmente eu tinha terminado de fazer minhas malas, agora é só dormir e esperar que o dia de amanhã chegasse. Genji estava cabisbaixo sentado na cama encarando o chão. Partia meu coração vê-lo assim, mas eu precisava ir.

- Ei, promete pra mim que não vai ficar assim? - disse enquanto acariciava sua bochecha.

- Sei que é egoísmo meu, mas eu só queria que você não precisasse ir! -  o tom na sua voz era melancólico. 

- Você sabe que eu preciso. Vidas dependem de mim naquele lugar. É o que eu amo fazer, significa muito pra mim! 

- Eu sei, fico feliz por estar fazendo o que ama, é só que vou sentir sua falta! - e então ele me encarou e a forma como me olhava causava reações adversas pelo meu corpo.

- Então vou te dar o suficiente pra que essa saudade não chegue rápido! - e então o beijei, como se nunca tivesse beijado antes.

Queria que nossa noite de despedida fosse ótima e sem nenhum planejamento acabou saindo melhor do que eu esperava, teríamos boas lembranças para os próximos dias. Mas eu precisava dormir, então, me aconcheguei em seus braços e dormi enquanto ele me fazia um cafuné.

O despertador tocou, parecia mais alto que de costume. Abri os olhos e Genji não estava na cama, ouvi barulho na cozinha e um cheiro forte de chocolate preencheu o quarto. Ele nunca gostou de cozinhar, apesar de cozinhar muito bem, e la estava ele fazendo meu café da manhã. Saí do quarto e quando ele me viu veio ao meu encontro com uma rosa, me puxou pela cintura e me deu um beijo.

- Bom dia meu anjo da guarda! - ele tinha essa mania.

- Bom dia querido! Que cheiro maravilhoso, o que está fazendo? - estiquei o pescoço pra tentar ver a cozinha.

- O seu preferido, chocolate Suíço - ele me deu um sorriso, acariciou minhas bochechas e completou - fiz um Pannkakor pra você também.

- Você é incrível sabia? - dei um beijo nele, peguei sua mão e o arrastei pra cozinha.

Nos sentamos na mesa da cozinha e ali passamos quarenta minutos comendo e conversando sobre nós dois, lembranças boas que faziam o coração se encher de amor. Naquele momento percebi o quanto sentiria falta disso e fiquei triste, não sei por quanto tempo ficaria fora, por quanto tempo ficaríamos sem se ver e não quis deixar transparecer meu momento de tristeza. 

Minhas malas já estavam prontas e minhas coisas todas organizadas no hall de casa, faltavam três horas para o meu voo, o tempo certo de tomar um banho, me arrumar e enfrentar o conturbado trânsito de Zurique. Levei Genji pro banho comigo e ele demorou um pouco mais do que o planejado, então me arrumei o mais rápido que pude, peguei minhas coisas e fomos para o aeroporto. Consegui chegar a tempo, fiz meu check in, despachei minhas malas e Genji me levou até o portão de embarque. Nos abraçamos em silêncio por um longo tempo até gritarem no microfone que era a última chamada para o meu voo.

- Se cuida tá bem? - eu podia ver seus olhos se enxerem de lágrimas enquanto ele fazia um esforço enorme para não deixar que elas escorressem em seu rosto.

- Eu vou ficar bem, promete pra mim que você também vai ficar? - eu me preocupava em deixa-lo sozinho aqui.

- Eu prometo! - então me abraçou e me deu um beijo - não esquece que eu te amo!

- Eu também te amo! - disse e fui em direção ao portão de embarque - a gente se vê em breve!

Entrei no avião e fui direto para a minha poltrona, que dava para a janela. Ali fiquei, observando o lado de fora enquanto o avião levantava voo, pensando no que estava deixando pra traz e no que aconteceria a seguir, só que eu mal podia imaginar o que me esperada nos próximos dias.


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