Capítulo 9

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Ela novamente investiu na minha direção, dessa vez com a faca, desviei uma vez e na segunda ela arranhou meu braço, sangue começou a escorrer da ferida mesmo ela sendo superficial.

Ela continuou me atacando mas num momento de desatenção ela passou o braço por mim, segurei seu pulso e o virei até ela soltar a faca com a dor, ouvi o estalo do seu pulso se quebrando e dei mais uma volta com seu braço também o deslocando do lugar, ela gritou de dor e voltou a tentar pegar a faca com o braço bom, chutei a faca para longe e ela voltou seu olhar para mim, ainda mortal.

Ela queria me matar e eu sabia disso, os gritos da torcida eram quase ensurdecedores a esse ponto, Ben ainda estava sentado mas seus dedos seguravam tão forte os braços da cadeira que estava deixando as juntas dos dedos brancas, Bertha percebeu a minha desatenção e se jogou no chão fugindo de mim no último momento.

Foi tudo muito rápido, alguém a entregou uma arma, ela apontou para mim com o braço bom, mas antes dela atirar eu pulei para cima dela, rolamos duas vezes até ela ficar a baixo de mim, ela se remexia com toda a sua força para tentar sair, mas eu a segurava com muita força, ela voltou a tentar pegar a arma, com gritos e gemidos enfurecidos, tentei a segurar mais forte mas ela não parava, então antes de ela conseguir finalmente pegar a arma eu puxei seu pescoço, o torcendo o suficiente até ouvir o estalo, sua mão se soltou inerte no chão junto com todo seu corpo agora sem vida.

A plateia ficou cinco segundos em silêncio para só então estourar em aplausos e gritos, o locutor disse alguma coisa com meu nome mas não me dei ao trabalho de ouvir, saí do ringue já pegando as minhas coisas e indo em direção da porta.

- Isso não acabou Imperatriz! - Ben falou, ele estava em pé, nariz empinado e seus olhos estavam focados nos corpo inerte ainda no ringue, mas ele tremia de raiva.

- Acabou para mim Benjamin. - Disse e saí antes mesmo de ver sua reação.

A noite estava fria e não tinha quase ninguém na rua naquele horário, troquei de roupa rapidamente em um beco escuro e chamei um táxi numa rua mais movimentada.

O motorista me olhava com curiosidade pelo espelho retrovisor, revirei os olhos antes de colocar um óculos escuros e falar para onde estava indo, a minha cobertura em Manhattan parecia ser a escolha óbvia.

Assim que cheguei o porteiro abriu a porta para mim, seu olhar fazia mil perguntas mas me limitei a responder o seu boa noite, subi no elevador até a cobertura enquanto me via no espelho, realmente a minha situação estava deplorável, meu apartamento de Manhattan tinha uma visão privilegiada, os prédios brilhando abaixo sua luz passando pelas janelas que eram quase que a parede inteira do grande duplex, mas mesmo sendo uma vista incrível eu ainda me sentia só.

Cheguei no apartamento e já fui entrando com todas as minhas coisas, joguei elas no chão perto da porta e corri para procurar meu kit de primeiros socorros, ele estava vazio.

Faltei rir da minha falta de sorte, lembrei que gastei tudo na última briga que tive, não foi tão sério quanto essa, mas acabei gastando tudo, sendo que agora só tinha uma caixa de curativos pela metade, gemi de frustração e pensei nas minhas opções, eu podia ir ao médico, mas os ferimentos poderiam chamar uma atenção negativa e a polícia poderia ser chamada então descartei essa opção, a segunda era ir para minha casa no Queens, tinha quase certeza que lá o kit estava completo, mas isso chamaria a atenção do Lucca e eu ainda não sabia se ele poderia ser confiável.

A segunda opção parecia ser a mais lógica, então retirei o resto de maquiagem que ainda tinha e troquei para uma roupa mais confortável, gemi de dor ao levantar os braços, coloquei uma mão sobre as costelas automaticamente, espero que isso não esteja tão sério quanto parece.

**

Subi as escadas bem devagar e assim que entrei no corredor de nosso apartamento senti uma pontada mais forte nas costelas e soltei um leve rangido.

- Charlie? - Lucca saiu do seu apartamento, ele estava só de calça moletom e sem blusa, mas mal tive tempo de ver sua beleza porque senti mais uma pontada nas costelas, antes que percebesse ele veio correndo em minha direção, os olhos azuis demonstrando toda a preocupação que ele estava sentido.

Ele me levou para seu apartamento e já me sentou em cima da bancada da cozinha me deixando mais na sua linha de visão.

- Charlie, o que aconteceu? - Ele parecia tão preocupado que por um minuto eu quis chorar, chorar porque não era para aquilo ser assim, não era para ele me olhar com aqueles olhos, ou me conhecer daquela vida, mas engoli o choro, eu deveria ser forte, por isso apenas dei de ombros como se não fosse grande coisa.

- Foi só uma briga. - Ele quis perguntar mais, mas ao mesmo tempo não queria ser inconveniente, por isso apenas assentiu,  antes de eu falar qualquer coisa ele se retirou, voltou com uma caixa transparente muito parecida com o que eu tinha em casa e tirou de lá tudo o que ele usaria com meus ferimentos, ele estava calado e o sorriso que sempre ficava no seu rosto não estava mais lá, ele pareci tenso e o silêncio estava pesado demais.

Ele começou com meus lábios, passou o anti-séptico com tanta delicadeza que mal senti o ardor, ele estava centrado e parecia levemente chateado.

- Lucca, eu...

- Charlie, eu sei que não somos nada além de vizinhos, diria até que somos amigos, mas eu realmente me importo com você... Isso... - Ele olhou para meus machucados, parecia estar perto de chorar. - Seja lá o que isso for, você não deveria estar assim, quer dizer, ninguém deveria e você.... - Ele estava confuso, falando rápido e sem muito sentido, fiquei calada enquanto ele respirava, colocou as mãos na bancada me deixando presa no meio. - Eu quero te proteger Charlie. - Ele parecia tão sincero, seus olhos preocupados, enxuguei uma lágrima solitária que desceu pela minha bochecha, fazia anos que eu não tinha aquele tipo de reação, eu não chorava, aquilo me desarmou de maneiras que eu nem sabia que eram possíveis.

- Isso não vi voltar a acontecer, não precisa se preocupar. - Eu falei, quase tão baixo que não achei que ele ouviria, mas então ele deu um leve sorriso, um sorriso que mostrava que tudo ficaria bem, e então eu me permiti acreditar nele. Ele voltou a sua tarefa com meu lábio inferior, passou o remédio de cicatrização e enfim passou para meu olho, tinha um leve corte no supercílio então ele se focou lá fazendo o mesmo procedimento.

- Não me olha assim. - Ele pediu ainda sem realmente olhar nos meus olhos.

- Olhar como? - Perguntei ao mesmo tempo em que segurava sua blusa para seu corpo se encaixar no meio das minhas pernas, todo aquele momento me deixou com um humor tão leve que eu poderia estar flutuando, mas mesmo fazendo um convite meu coração batia rápido no peito, tão rápido e forte que eu poderia jurar que ele estava ouvindo.

- Não me olhe como se quisesse que eu te beijasse. - Ele finalmente olhou para mim, um sorriso brincando nos lábios, fiz uma cara chateada que fez ele soltar um riso sedutor. - Você está com remédio na boca, vamos ter que esperar isso sarar. - E então ele beijou minha testa, pela segunda vez e tão carinhoso quanto, foi então que eu finamente percebi.

Eu estava começando a gostar dele, e não sei se isso era um bom sinal.

Eu estava começando a gostar dele, e não sei se isso era um bom sinal

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