Capítulo 17

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Abril de 2021.

Amalfi, Itália.

Charlotte

Você provavelmente não está entendendo nada, para ser sincera eu também não entendi quando acordei num saco preto do necrotério.

Não, eu não virei algum zumbi ou qualquer outra variação da pós vida.

A história é mais ou menos a seguinte: Pietro, meu ex namorado e irmão por consideração achou estranha a ligação que tivemos, ele investigou um pouco e rapidamente, ele sabia onde a casa de Viacheslav era e por isso ele pode ver tudo, eu matando e também quando eles me pegaram, ele sabia que ele não tinha o poder necessário para me salvar, então teve a ideia de chamar a Interpol, até agora não sei se isso foi uma ótima ou péssima decisão, mas de acordo com ele era melhor estar na prisão do que nas mãos de alguém cruel, vendo por esse lado até que existe algum sentido.

Enfim, ele chamou o melhor cara de lá, Valentim Bernoit, esse agente fez uma operação rápida, mas eles chegaram tarde demais, apenas quando a arma foi disparada. Mas então a mente genial do Valentim apenas juntou os pontos, é mais fácil esconder alguém quando o mundo acredita que essa pessoa está morta.

Por isso todo o cenário foi feito, as notícias que atestavam da minha morte, até os legistas que buscaram meu corpo.

Óbvio que isso foi feito rapidamente, já que por muito pouco eu realmente morreria, a cicatriz do meu lado esquerdo estava lá para comprovar.

A cirurgia de retirada do projetil e estancamento do sangue foi feita ainda na ambulância, escondida de todos, aquilo era minha única chance.

E incrivelmente, eu sobrevivi, conheci o cara que salvou minha pele e agora estou morando numa pequena cidade da Itália chamada Amalfi, estou aqui pelo programa de proteção a testemunha que a Interpol me deu em troca de respostas.

Eu os ajudei a investigar além da Máfia Russa várias outras, por isso vários chefes de máfia já estavam presos, o único que falta é Viacheslav, e eu não vou descansar até que encontrarem-no.

- O Almoço está pronto, C. - Um homem grande e forte bateu na porta do meu quarto mesmo com essa já estando aberta, Jonh era meu guarda costas oficial, morávamos juntos naquela casa de três quartos, ela não era muito grande, mas eu gostava da sensação de lar que ela dava. Ele me chamava de C. porque eu não respondia quando ele falava meu nome falso, e já que ele não podia falar o meu verdadeiro, ele fez essa pequena alteração.

- Já vou descer. - Respondi e ele voltou na cozinha. Já tinham se passado dois anos desde que eu estava com eles, a cicatriz em mim era o que mais me lembrava de tudo que aconteceu, Valentim salvou minha vida, e por isso seria eternamente grata, mas ficar naquela casa já estava me deixando incomodada.

Desci as escadas e me sentei em frente a John, ele havia feito apenas uma sopa com legumes e carnes mas que estava muito gostosa.

- Eu já falei que você deveria abrir seu próprio restaurante. - Ele riu quando eu falei aquilo com a boca cheia. - eu to falando sério. - Ele voltou a rir mas foi interrompido por batidas sequenciadas na porta. John levantou, pegou a arma debaixo da mesa e a passos lentos foi em direção a porta, revirei os olhos, era sempre a mesma coisa e sempre era apenas Valentim do outro lado.

Sua cabeça morena apareceu pela porta e ele deu um abraço em Jonh em beijou o topo da minha cabeça, para ser sincera eu não sei como chegamos a esse nível de intimidade mas ele sempre me tratou como uma irmã e eu tratei ele do mesmo jeito.

- Alguma coisa aconteceu para você aparecer assim? - Jonh perguntou, segurei a vontade de fugir como quando uma criança é descoberta fazendo coisas erradas pela mãe.

- Nada sério, mas a garota aqui, pegou seu celular de novo. - Valentim disse e apenas observou Jonh arregalando os olhos e subindo as escadas murmurando algo como "Eu tinha escondido melhor dessa vez".

- Se você me desse um celular eu não reclamaria tanto. - Murmurei como quem não quer nada, Valentim apenas me observou, ele era um cara muito bonito, alto e parecia musculoso por baixo de seu terno, olhos cor de âmbar e cabelos tão escuros quanto a noite contrastando com sua pele clara, seus lábios eram finos e ele tinha um rosto angular que só o fazia aparentar ser mais sério que o normal.

- Eu sei que você está cansada de ficar aqui.

- Você não tem noção. - Disse revirando os olhos enquanto Valentim colocava um pouco de sopa para ele.

- Se eu dissesse que pegamos Viacheslav, você continuaria conosco? - Senti todo meu corpo ficar em alerta máximo, se eles finalmente conseguisses pegar todos os maiores chefes da máfia isso queria dizer que minha dívida com eles acabaria e eu poderia ir embora.

- Valentim...

- Ele estava na casa de praia dele, junto com vários documentos que comprovavam seu envolvimentos com vários crimes. - Segurei a vontade de abraçá-lo, mas antes de quase gritar de animação eu vi a cara que ele estava fazendo e abaixei meus braços.

- O que está acontecendo?

- A Interpol não quer te liberar ainda, eles estão dizendo que você ainda tem tempo de prisão para cumprir e dado a sua história essa prisão será domiciliar, poderá ser aqui ou em outro lugar de sua escolha. - Meus ombros desceram lentamente.

- Quanto tempo?

- Depende de vários fatores e...

- Quanto tempo Valentim?

- Alguns anos. - Olhei para a janela aberta e abaixei os olhos, me sentia quase como um pássaro eternamente preso.

- Você sabe que eu posso fugir não é? - Disse ainda focada no prato em cima da mesa, totalmente sem apetite. - Nada pessoal. - Completei quando o olhei.

- Charlotte, isso pode ser repensado ainda, se você chamar um advogado talvez esse tempo possa vir a diminuir.

- Obrigada por avisar que Viacheslav foi preso. - Disse e subi as escadas me trancando dentro do quarto, como uma maldita adolescente, mas eu não sabia o que fazer, me senti tão fraca que apenas me deitei na cama e dormi.

**

Duas batidas leves na porta, me levantei meio a contragosto e abri a porta, Valentim tinha tirado o terno e agora usava roupas casuais, amaldiçoei baixinho por ele ser tão bonito, claro que nunca falaria isso em voz alta, sem falar que no meu coração já batia por outra pessoa.

- Posso entrar? - Apenas dei espaço e me sentei na ponta da cama, ele se sentou na cadeira que tinha por ali. - Lucca está bem. - Minha atenção triplicou no que ele falou, aquele nome nunca era citado dentro daquela casa, por isso eu sempre procurava algo sobre ele online mas nunca tive êxito, por isso aquela informação era tão preciosa. - Ele tirou uma licença da delegacia e depois de algumas coisas ele está afastado, mas está bem.

- Porque ele está afastado? - Era apenas uma das diversas perguntas que eu quis fazer a ele, mas me contive apenas com aquela.

- Não tenho autorização para dar detalhes. - Antes que percebesse meu coração batia rápido e algumas lágrimas desciam pelo meu rosto, parecia que a saudade fez o meu sentimento amadurecer e crescer cada dia mais, eu só não sabia se aquilo era recíproco.


- Agora vá dormir, amanhã teremos um dia cheio.

- Agora vá dormir, amanhã teremos um dia cheio

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A ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora