A Marquesa

Capitulo 4

- Não, papai! Não vou admitir que a Juliana seja castigada por ter se defendido, isso é abusivo demais!- Grita Ariela.
- Olha o escândalo, Ariela!- Diz Alonzo.
- Estou cheia de vocês tentarem me corrigir o tempo inteiro! Nunca posso falar nada aqui, mas não vou permitir que castiguem a minha amiga.- Diz Ariela.
- O que está acontecendo aqui?- Pergunto, aproximando-me da confusão.
- Marquesa, não deve se preocupar com problemas dos escravos.- Diz Erasmo.
- Marquesa, por favor, não deixe que castiguem minha amiga, ela só se defendeu.- Diz Ariela.
- Se você interceder novamente por essa escrava, ficará de castigo junto com ela.- Diz Alonzo, apertando o braço da minha irmã.
- Você não é ninguém para me ameaçar.- Diz Ariela, o empurrando.
- Coronel... Por favor, não castigue a moça, hoje é dia de festa, peço que releve.- Digo.
- Marquesa, a negra me acertou um golpe de capoeira.- Diz Tobias.
- Vejo que o senhor está inteiro, senhor Tobias, nada o quebrou, não é motivo para castigar Juliana, relevemos o ocorrido, por favor.- Insisto.
- Tudo bem... Vamos agradar a nossa convidada, mas garanto que Juliana não repetirá essa atitude.- Diz Erasmo.
- Isso espero, esses negros estão ficando cada dia mais insolentes.- Diz Tobias, retirando-se do local.
- Homem odioso!- Diz Ariela, envolvendo Juliana em um abraço.
- Pare com isso, não é comportamento de uma dama.- Diz Erasmo, puxando a filha pelo braço.
- Muito obrigada senhora marquesa.- Diz Juliana, olhando para baixo e fazendo-me reverência.
- Não precisa agradecer, senhorita... Sou totalmente contra a escravidão e a esses abusos.- Digo sussurrando, levantando o queixo de Juliana.
- Muito obrigada, marquesa, de verdade, por não permitir que acontecesse uma injustiça, um crime.- Diz Ariela.
- Ariela, é a última vez que mando se calar.- Diz Erasmo.
- Estive pensando, meu pai... Tobias também é um doutor das leis, estudou em Coimbrã, serviu ao exército... É um homem viajado e de posses, está mais do que na hora de que Ariela se case com ele, poderia oferecer a proposta ao general.- Diz Alonzo.
- Cale a boca! Você não tem o direito de opinar sobre o meu futuro, eu me caso com quem eu quero! Ninguém vai me obrigar a casar sem amor e eu amo o Henrique.- Diz Ariela.
- Vai casar com quem o papai quiser, você não tem direito de decidir nada.- Diz Alonzo.
- Você tem razão, Alonzo, senhor Tobias é um ótimo pretendente para sua irmã.- Diz Erasmo.
- Eu imploro, meu pai, não faça isso.- Diz Ariela.

Erasmo sem dizer mais uma palavra, vira de ombros, caminhando em direção ao General e seus filhos, que estariam bebendo e conversando com a minha família.

- General Aloísio de Almeida, gostaria de lhe fazer uma proposta.- Diz Erasmo.
- Voltou atrás em meu casamento com Ariela?- Pergunta Henrique.
- Quero fazer um acordo, sobre casar a minha filha Ariela, com seu filho Tobias.- Diz Erasmo.
- O que?- Pergunta Henrique, indignado.

Ao perceber o assunto de família que estaria presente, tanto meus pais, quanto meus irmãos se afastaram, espalhando-se pelo salão. Meu pai e minha mãe caminhavam juntos, de braços, vindo em minha direção. Como temo a ida de meu pai e Augusto a Portugal, apresso-me em arriscar uma cartada, colocando logo meu plano em prática.

- Comendador... Senhora... Conheci a filha de vocês, a Eva...- Digo.
- Como sabe que a nossa filha se chama Eva?- Pergunta dona Helena, minha mãe, desconfiada.
- A conheci no convento, ela fez meu vestido de casamento, e me contou sua história.- Digo.
- Tem notícias sobre ela? Sabe quando chega?- Pergunta Arthur, meu pai.
- Eva estará presente em meu casamento com o senhor Bernardo, comendador... Peço que compareçam e darei um jeito de falarem a sós, a identidade de Eva é totalmente secreta, porque ela teme que façam algo em seu contra.-Digo.
- O que podem fazer contra ela?- Pergunta Helena.
- Ela sabe quem foi o responsável por seu sequestro, senhora... E o sequestrador está ciente disso.- Digo.
- Culpa minha, deixei a emoção falar mais alto.- Diz Arthur.
- Não se culpe, querido, o importante é recuperar a nossa filha, por mim, iríamos embora daqui.- Diz Helena.
- Precisamos ser muito discretos, o inimigo está mais próximo do que imaginamos.- Digo.