Capítulo 5 ( 2ª Parte)

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Sandra não tinha outra alternativa…

Tinha de ligar ao pai, e pedir-lhe ajuda! Mas como? Ele ia passar-se…

 

Tirou o telemóvel da clutch e preparou-se para o que ai vinha…

 

XXX

 

Ao segundo toque, Sr. Artur atende:

- Filha o que é que se passa?

- Pai… _Sandra hesitou, estava cheia de medo_

- DIZ FILHA, estás a assustar-me!

- Pai… preciso que me venhas buscar. Estou á porta da discoteca 7ª Arte, aqui em Santa Marta, na zona industrial! _ Falou quase sem respirar, com medo de perder a coragem_

- Cala-te Sandra! Levanta-te e mete-te no carro… JÁ! _ Interrompeu-a _

- Mas Pai… _ Tentou prosseguir mas sem sucesso_

- Nem pai nem meio pai, entra no carro. Em casa falamos! _ Voltou a interrompe-la! Já com um tom acima do que era seu costume! _

Sandra não tentou mais argumentar. Levantou-se e entrou no carro o mais rápido que conseguiu!

O caminho para casa, pareceu curto demais para Sandra, ela queria permanecer dentro do carro, até aquilo tudo desaparecer… Mas ela sabia que não era possível! O seu pai foi o caminho todo calado, rígido, com olhar distante, pensativo!

Sandra então, finalmente percebeu que olhar era aquele, era o olhar de desilusão… nunca o tinha visto, e ela nunca imaginou que podia doer tanto ver a desilusão nos olhos da pessoa que mais se ama no mundo!

Ao fim de dez curtos minutos chegaram a casa!

Sr. Artur estacionou no parque privativo do prédio, retirou o seu casaco e passou-o a Sandra para que o vestisse, sem lhe dirigir uma única palavra ou olhar! Sandra vestiu-o! Tinha um nó na garganta, não sabia o que a esperava, mas de uma coisa sabia… não seria nada agradável! Os dois subiram em silêncio sem nunca se olharem. Quando passaram da porta de casa o Sr. Artur falou:

- Sandra, vai ao teu quarto, toma um banho! Livra-te desse cheiro a tabaco e álcool. Veste algo decente e depois vem ter comigo ao escritório! Não demores e tenta não acordar a tua mãe! Com ela falo eu depois! _ Disse num tom autoritário, mas baixo_

Sandrinha nem tentou abrir a boca! Correu para o seu quarto… ia fazer o que o pai lhe mandou.

 Ela realmente precisava daquele tempo… para organizar as ideias e preparar-se para a conversa, que ela sabia que ia ser demorada e difícil!

POR SANDRA:

Entrei no quarto e despi-me, o pouco que resta né, porque a revoltada rasgou-me toda. Entro no banho e ponho a água a ferver, preciso relaxar, pensar no que fazer, no que dizer! Porra, nunca pensei que me fosse doer tanto vê-lo a olhar para mim com a desilusão estampada no rosto. Eu sou a menina do papá, admito, sou mesmo… amo o meu pai mais que tudo e sei que ele também me ama… ele não merecia isto… tenho de ganhar coragem e emendar o meu erro, se é que existe emenda possível. Tenho medo do que vou ouvir, medo da reacção dele… mas tenho de ser forte. Tenho de contar tudo, nada de mentiras, isso acabou… olha onde me levou? Estou aqui no banho a engonhar porque estou aterrorizada com o que pode vir ai. Será que vou ficar de castigo para o resto da vida? Será que ele teria coragem para me bater? Ele nunca me bateu… nem em pequena… não me lembro de ele me ter dado uma única palmada… mas se ele der, eu vou comer e calar! Mereço mesmo, sei que mereço! Saiu do banho e visto uma camisa de dormir. Ainda fico sentada na cama por um bocado, a ganhar coragem para o que ai vêm!

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