collide with the sky

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— Você não deveria estar aqui, sério. — Michael disse, sem ter coragem de olhar para o loiro.

— Mas eu quero estar aqui. — Ashton disse como se fosse óbvio.

— Parece que estou me aproveitando da sua falta de memória, porque de outra maneira você não viria aqui.

— O Calum me falou que eu te odeio, que você fez coisas horríveis e que não era legal, e que sua família é um porre. Eu sinto muito, ninguém merece pais preconceituosos, por isso vim te dar apoio.

Um silêncio se instalou entre os dois, mas não era confortável, pelo menos não para um deles.

— E como você e a Crystal estão? Tipo, ela mudou muito?

— Acho que ela não mudou quase nada, continua sorridente, simpática, gentil... Você sabe, ela é um amor.

— Eu sinto muito. — Ashton disse, parecendo triste.

— Por?

— Sabe, eu nunca gostei dela. Eu achei que ela fosse mudar, amadurecer, mas não, pelo que disse, ela continua forçada. Aquela pose toda de boa moça, não passa disso, pose. Ela pode fazer o que quiser, eu nunca vou agir como se ela fosse incrível, por que ela não é. — Disse simples.

— É da minha noiva que estamos falando. — Michael protestou.

— Isso não torna ela menos patricinha, mimada, metida a humilde. Eu sinto muito, não sou obrigado a engolir nada. — Deu de ombros.

— Você é doido.

— Sabe, o Calum me contou várias coisas, mas ainda é estranho. Eu tô lembrando de algumas coisas, tipo, bem irrelevantes, mas isso parece que é bom. Tem visto o Luke?

— Espera! Você está lembrando!? ASHTON, VOCÊ ESTÁ LEMBRANDO!?

— Tô. E o Luke?

— Eu não tenho visto muito ele, parece que tá tudo mundo meio que me evitando, sei lá.

— Ah não, para de ser bobo. O Luke tá trabalhando feito um condenado, na empresa do seu pai, inclusive. Mano, em que mundo você vive?

— Não me culpe, eu não saio do meu quarto. Mas pensando bem... Você sempre soube e não me disse, o que te faz cúmplice, no quesito me enganar. E eu aqui pensan-

— ESPERA!

Ashton sentiu como se tivesse sido arremessado direto em uma lembrança dolorosa. Parecia que ele estava colidindo com o céu, mas não de uma forma boa.

Sentia as emoções, conseguia ouvir as vozes alterada, o desespero. Sentiu a dor, e não foi só algo psicólogo, sentiu a cabeça latejar.

— Ashton, você está bem?

— Eu lembrei do acidente! Lembrei que teve uma discussão antes. Droga! Eu tenho que ir falar com o Calum.

O loiro levantou rápido demais, quase voltando a cair na cadeira. Ignorou a dor de cabeça, e começou a andar para a saída mais próxima, deixando um Michael confuso para trás.

Clifford voltou a ficar sozinho, imerso em si mesmo e em seus próprios pensamentos.
Os últimos dias haviam se resumido em Michael trancado em seu quarto, pensando coisas das quais não aconteceriam, e lembrando de coisas que não podem voltar.

A casa era toda sua, o que não era lá grande coisa, porque ele iria se trancar em seu quarto de qualquer jeito e jogar em seu computador, até estar com fome demais para continuar e ter que ir comer alguma coisa.

Assim que começou a subir as escadas, a campainha tocou, o que era estranho. Voltou a contra gosto para abrir a porta, se deparando com um Luke sorridente.

Luke simplesmente abraçou o outro o mais apertado que conseguiu, fazendo Clifford arfar em busca de ar. Então o mais alto o soltou, mas não se afastou muito.

— Eu tava com saudades de você, menino Mike.

— Foi você que sumiu. — retrucou.

— Eu estou organizando algumas coisas na minha vida, mas já está quase tudo pronto. Então, vai me convidar pra entrar?

— Como se precisasse... —  Michael puxou Luke para dentro, fechando a porta logo em seguida.

Luke sabia que o outro estava sozinho, ele mesmo estava participando da reunião que acabou se tornando um almoço de comemoração, da qual ele foi dispensado, mas Karen e Daryl tinham obrigação de participar.

Luke puxou Mike de volta, quando ele começou a subir as escadas, o tomou no colo no estilo noiva e subiu as escadas, indo direto para o quarto do outro, que estava fazendo um alvoroço por medo de cair.

— Desejo realizado! — Luke disse, colocando o outro no chão.

— Como?

— Eu lembrei que quando a gente era criança, e assistimos um filme que tinha casamento, você disse que queria ser uma noiva pra ser carregado no colo até o quarto. Então, desejo realizado.

— E-eu... Luke?

— Tudo bem, você é uma noiva legal e nem é tão pesado assim.

Luke riu, Michael não.
Ambos pegaram na maçaneta ao mesmo tempo, fazendo o mão de Luke ficar pro cima.

— A nossa conexão é incrível.

— Ela é. — Clifford sorriu de lado.

— Eu gosto de você.

— Eu também gosto de você, Luke.

— Não, eu realmente gosto de você. Michael, eu...

Clifford abriu a porta, entrando no quarto. Sem esperar pelo que mais o outro tinha a dizer, no entanto, Luke o seguiu de imediato, mas tropeçou em um chinelo de gatinho e caiu com tudo no chão.

— Droga!

— Você se machucou? Vem cá, deixa eu te ajudar. — Estendeu a mão para que o outro pegasse.

Luke pegou, mas não fez questão de levantar, puxou o outro, fazendo com que o mesmo praticamente caísse em cima dele.

— Sabe, você enfrentaria tudo se soubesse que eu estaria lá no final? Porque eu faria isso por você. — Sussurrou olhando intensamente para os olhos verdes.

Aquilo tudo estava sendo demais para Michael, no sentido de ele se sentir tonto, confuso e tentado. Agiu por impulso, fez o que pareceu óbvio e certo, mesmo que depois não fosse isso que parecesse. Beijou Luke.

Dessa vez ele sabia exatamente o que estava fazendo, e queria, gostava. A verdade é que ele queria ter feito isso a bem mais tempo do que se quer consegue se lembrar. Era apenas Michael e Luke, sem barreiras, sem mais ninguém, apenas sendo quem são verdadeiramente.

BlackBlood || MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora