1- Salve Klaus

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O som de um choro baixinho a puxou para fora do seu sono tranquilo. Não demorou até que o sorriso em seu rosto crescesse, ela olhou para o relógio e constatou que faltavam apenas alguns minutos para seu horário de levantar. Estava feliz por voltar a sua rotina, então agradeceu aos deuses e as suas ancestrais antes de ir em direção ao quarto de onde vinha um resmungo baixinho. Os bracinhos e perninhas que balançavam no ar em direção ao mobile  de aviões, revelaram o sorriso com pouquinhos dentes de Thomas. Os olhos azuis cintilaram ao ver o rosto familiar de sua mãe.

Bonnie pegou o pequeno nos braços e distribuiu beijos melosos em todo seu rosto e no pescoço do bebê risonho.

"Bom dia, meu amor!" Ela disse indo até o banheiro ligar as torneiras da banheira. Thom acordava sempre animado, ele era solar e muito diurno. Bonnie se apressou em ligar a música, as manhãs deles eram sempre festivas, entre banho, mamada e uma xícara de café, ela e o filho desfrutavam de um momento sagrado de fortalecimento do vínculo.

Thomas irradiava luz própria, apesar de ter a aparência de seu pai, os olhos azuis e os cabelos castanhos, ele tinha o espírito Bennett.

"Não podemos nos atrasar para nosso primeiro dia, está pronto?" Ela perguntou ganhando como resposta uma porção de palavras inteligíveis do bebê de quase 2 anos, que a olhava com curiosidade.

Antes de Thom nascer, Bonnie tinha conseguido uma vaga como professora em uma famosa escola de magia em uma cidade longe de Mystic Falls, ela queria colocar uma considerável distância entre aquele caos sobrenatural e seu filho.

A escola de magia era uma das mais famosas do mundo, educavam crianças e jovens, do berçário ao ensino técnico. Não foi difícil conseguir o emprego mesmo sendo nova na cidade e estando grávida, afinal de contas, quem não gostaria de ter uma bruxa Bennett como educadora? Assim que Thomas nasceu ela ficou um tempo de licença, retornou no ano passado com receio de ser uma mãe solo e ainda trabalhar, tinha medo de não dar conta, mas como o pequeno estudava no mesmo ambiente que ela, as coisas haviam corrido incrivelmente bem. Após as festas e as férias, o novo ano letivo finalmente recomeçaria.

Bonnie se sentia ansiosa para conhecer sua nova turma, ela era responsável por ensinar feitiços da linhagem Bennett. O material era absolutamente extenso e ela pode contribuir com grimórios que faziam parte de seu acervo pessoal, o que enriquecia ainda mais o status da escola. Até mesmo entre os colegas de trabalho, que eram grandes bruxos e bruxas, Bonnie era muito respeitada, não só por seu nome, mas por seus feitos. É bem verdade que algumas professoras lhe torciam o nariz por conta de quem era o pai de seu filho, mas Bonnie nunca deixou isso lhe atingir, ela sabia perfeitamente o erro que cometeu em se deixar levar por ele,  mas Thomas não tinha culpa de nada disso, e seu filho era a melhor coisa que já aconteceu em sua vida.

Assim que entregou Thom no berçário ela se dirigiu a sua sala, estava mais do que pronta para receber seus alunos. As risadas e os rostos mais diversos que cruzavam os corredores lhe davam uma imensa alegria.

"Se eu tivesse tido uma educação adequada para uma bruxa, teria cometido menos erros." ela pensou  se lembrando de quantas vezes arriscou ou entregou sua vida, quantas vezes quase cedeu a magia negra. Mas saber que podia apontar o bom caminho para tantos jovens bruxos lhe dava esperança por dias melhores. Quando o sinal soou as crianças já estavam sentadas em seus lugares animadas e com olhos curiosos para conhecer a nova professora.

A pele de Bonnie formigava ao conhecer criança por criança, seus poderes variavam de intensidade, e suas auras eram incrivelmente boas, todos os meninos e meninas estavam entre os 5 e 6 anos de idade. Para alguns era o primeiro ano na escola de magia, para outros, é como se fossem veteranos, Bonnie assistia encantada enquanto conhecia pela primeira vez cada uma das crianças.

Seus olhos cruzaram com um par de olhos verdes incrivelmente familiares, a pequena garota de cabelos loiros quase ruivos, com o rosto coberto por adoráveis sardas sorriu para ela e se apresentou.

"Meu nome é Hope Marshall, tenho 5 anos e meio e sou híbrida, minha mamãe é lobisomem e meu papai é.... um bruxo." A menina gaguejou. Não passou despercebido para Bonnie a nuvem que pairou sobre Hope ao falar sobre seu pai, talvez houvesse uma triste história familiar por trás daquela pequena garota, mas o poder que emanava da jovem bruxa  era arrebatador.

"É um prazer conhecê-la Hope Marshall!" Bonnie sorriu de volta para a garota.

A primeira aula serviu para que eles se conhecessem e também para que Bonnie contasse um pouco sobre a história do clã Bennett, e a importância de sua linhagem no mundo sobrenatural. Depois ela acompanhou as crianças até a saída pois sempre gostou de ver a interação com os pais, estava de pé na porta enquanto todos saiam animados em fila, quando uma pequena mão segurou a sua lhe chamando atenção.

"Professora!" Disse Hope com uma animação contagiante brilhando em seus olhos.

"Há algumas semanas, eu sonhei com você." A garota disse animada. Bonnie não entendeu direito do que se tratava já que elas haviam se conhecido apenas hoje, deduziu então que o sonho havia sido por conta da ansiedade com o início das aulas, e acreditou que Hope havia sonhado com uma professora, de maneira genérica.

"É mesmo, e como foi o sonho?" Ela perguntou se abaixando para ficar na mesma altura da garota, mas Hope não respondeu sua pergunta ela apenas sorriu quando viu sua avó na porta.

"Como foi a aula, meu bem?" A senhora de cabelos brancos perguntou quando a pequena correu até ela.

"Maravilhoso, vovó Mary." Disse Hope se virando para Bonnie deixando um ultimo aceno antes de partir com a avó.

Hope não via a hora de conversar com sua mãe, mas Hayley só apareceu naquele dia poucos minutos antes de colocar a menina na cama.

"Mamãe, hoje eu conheci a mulher que aparece nos meus sonhos, ela é minha professora." Disse a garota muito empolgado.

"É mesmo, meu amor?" Hayley perguntou intrigada. Algumas semanas atrás Hope teve um sonho bastante recorrente, em que uma bruxa muito poderosa salvaria seu pai. Ela passou dias tentando convencer Hayley a procurar pela mulher, mas elas simplesmente não faziam ideia de quem era.

"O nome dela é Bonnie Bennett, e ela é igualzinha a dos meus sonhos, eu sei que é ela mamãe, é a Bonnie quem vai salvar o papai!" Hope falou eufórica quase pulando na cama. Hayley reconheceu o nome da bruxa, e fez um esforço surreal para não demonstrar a filha que Bonnie jamais salvaria o infame Klaus Mikaelson. Foi um pequeno sacrifício fazer a menina parar de falar sobre Bonnie e finalmente dormir, mas quando conseguiu Hayley pegou o caderno da filha e foi para seu próprio quarto, queria ver quais foram as anotação que a professora passou.

Hayley Marshall tentava dar a filha uma vida saudável e comum, na medida do possível. Hope era uma bruxa Mikaelson, o que era sinônimo de poder, mas controlar este poder vinha sendo um grande desafio, e sem experiência nenhuma com magia, Hayley e Mary, que era avó do falecido Jackson, decidiram que encontrar um local em que Hope pudesse desenvolver seus poderes de maneira segura, era a melhor opção. Enquanto folheava distraidamente os cadernos de Hope, Hayley se deparou com os desenhos incrivelmente realistas feitos por uma menina de 5 anos de idade e se surpreendeu que a filha tivesse herdado o talento do pai. Em uma das páginas do caderno de desenho, Hope havia desenhado a mãe, os traços do rosto ainda um pouco imaturos, mas bastante esforçados.

Em uma página mais antiga Hope havia desenhado os olhos de seu pai, com detalhes incrivelmente atentos. Em uma outra página o desenho era de uma mulher "desconhecida" embora os traços do rosto não fossem tão precisos era fácil dizer de quem se tratava aquela face tão característica. Os olhos verdes e a pele caramelo eram um indício inquestionável, os cabelos curtos e ondulados moldavam o contorno do rosto familiar, mas o que chamou atenção de Hayley foi o colar, uma pedra azul de opala pendendo de um cordão de prata eram sem dúvida a marca registrada da  bruxa Bennett. Hayley aproximou a folha do rosto para ler o pequeno rodapé que Hope costumava manter de seus desenhos e constatou a data, o desenho fora feito seis dias atrás.

Como a garota pudera sonhar com Bonnie e ainda desenhá-la com uma riqueza inquietante de detalhes? Ela não sabia a resposta. Mas a maior dúvida sobre este assunto ainda era: por que Bonnie Bennett salvaria Klaus?¨





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A Rainha - KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora