A Revelação - Parte 2

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* * * Santuário de Atena – Arredores de Atenas, Grécia * * *


Casa do Grande Mestre, Sala do Mestre


- Saga de Gêmeos -
"Não tenho mais nenhuma dúvida! Estou alucinando!"

- Atena -
Precisava me recuperar! Então resolvi sentar no trono, não confiava nas minhas pernas ainda. Me virei e olhei para frente para o único cavaleiro na sala que não me respondeu, Saga de Gêmeos.
Saga estava petrificado no lugar e olhava para o chão.
Acho que a aula prática com o Milo foi demais para ele...
(Atena) – Saga? – chamei sem sucesso.
Quem falou que seria fácil?
Respirei fundo e me levantei para ir de encontro ao indecifrável Cavaleiro de Gêmeos.
Me aproximei e, para tentar tirá-lo do transe, passei minha mão no seu lindo rosto. O contato fez com que os olhos azuis penetrantes, cobertos de grandes cílios negros, me olhassem. Por mim eu passaria o dia todo admirando tamanha beleza! O que ele tinha de bonito tinha em poder, uma combinação avassaladora!
(Atena) – Está tudo bem? – perguntei baixinho, sem perder o contato visual.
Ele fechou os olhos e, tirando a minha mão do seu rosto, me respondeu com a potente voz que só ele possuía:
(Saga) – Desculpe, Atena, eu não posso fazer isso...
Cerrrto, eu também já imaginava esse tipo de resposta, pelo menos usou "não posso" e não um "não quero". Havia uma esperança!
Perguntei ainda olhando para seus olhos fechados:
(Atena) – Você não QUER ou você não PODE? – fiz questão de enfatizar as duas ideias na pergunta.
Saga abriu os olhos e foi me olhando, primeiro para os meus cabelos, depois para olhos, boca e, enfim, seios. Voltou a me olhar nos olhos antes de me responder:
(Saga) – Eu não posso...
Soltei o ar que nem lembrava que segurava! Perdi a batalha, mas não a guerra!
(Atena) – Saga, por que você não pode?
Me olhou como se a resposta estivesse óbvia!
Ok, está na hora de uma abordagem diferente! Falei firme:
(Atena) – Saga, eu não faço ideia de por que você não pode! Então vamos recomeçar! E é bom você me dar um bom motivo, ou melhor, um ótimo motivo, para o seu "não posso".
Saga me olhava na esperança de que eu desistisse da pergunta. Cruzei os braços em sinal de "nem pensar que vou desistir de saber o que está acontecendo".
Percebendo que eu não voltaria atrás, começou a andar de um lado para o outro na minha frente, como um leão enjaulado. Passava as mãos nos cabelos de tom azul-violeta. De vez em quando, me olhava de perfil com os lindos olhos azuis angustiados. Eu observava sua capa ir de um lado para o outro conforme seu cavaleiro se movimentava. O único barulho que se ouvia na sala era o das botas douradas chocando contra o chão de mármore branco!
Por fim, ele parou! Estava de perfil, respirou fundo e inclinou a cabeça para baixo pensativo. Então apenas falou:
(Saga) – Eu não sou digno de tocá-la!
Ele respirou fundo e continuou:
(Saga) – Não posso permitir que se contamine com uma pessoa como eu!
Entendi... Saga estava revivendo o passado... Já falamos tanto disso! Nos primeiros meses me perguntava o porquê de tê-lo ressuscitado! Pensei que já tivesse superado isso. Me aproximei dele novamente.
(Atena) – Saga, eu já te perdoei por tudo o que aconteceu no passado! Você já me provou sua fidelidade!
Segurei o seu rosto com as minhas mãos e olhei nos seus olhos.
(Atena) – Não faça isso, não se atormente, por favor!
Com um sorriso sarcástico no rosto ele me falou:
(Saga) – Se soubesse o que se passa nesta mente, não estaria me tocando, Atena!
Tirou novamente as minhas mãos do seu rosto.
Então temos que jogar na pressão psicológica? Entendi!
Olhando nos seus olhos eu disse:
(Atena) – Tem razão, Saga! Não faço ideia do que se passa na sua cabeça! Não irei insistir para que mude de ideia! Não seria justo com você.
Saga fez uma cara de surpresa ao me ouvir desistir.
Hora do teatro! Comecei a andar de um lado para o outro, coloquei meu queixo sobre o dorso da minha mão direita e continuei falando como se estivesse juntando as ideias:
(Atena) – Entretanto, não seria justo comigo, Saga, abrir mão da posição que você ocupava em minha mente... terei que colocar alguém no seu lugar!
A cara de choque dele foi ótima! Fui andando em sua direção e, ao chegar pertinho, continuei:
(Atena) – Meu novo candidato tem que ser forte!
Passei os dedos no peitoral da armadura e fui subindo para os ombros.
(Atena) – Afinal, sonhei com nós dois em diversas posições, e para executá-las tem que ser forte.
Olhei para seu lindo rosto.
(Atena) – Tem que ter uma beleza única como a sua...
Olhei para os seus lábios.
(Atena) – E uma boca tão apetitosa quanto a que você tem...
Suspirei e falei sussurrando:
(Atena) – Imaginei ela fazendo maravilhas pelo meu corpo!
Me afastando para contemplar o todo, eu falei:
(Atena) – E tem que ser poderoso como você! E principalmente, que não se importará em me ajudar...
Dando as costas para Saga, fazendo meus cabelos longos arroxeados rodopiarem, eu disse:
(Atena) – Já sei, tenho um candidato perfeito para o seu lugar!
Fiz uma pausa antes de anunciar:
(Atena) – Preciso trazer o Seiya, o Cavaleiro de Pégasus!
Em um milésimo de segundo, Saga me segurou pelos ombros e me virou tão rápido para ficar de frente para ele que quase caí! Ele me olhava com as sobrancelhas unidas para baixo e os olhos azuis estavam pequenos – estava furioso e lindo!
Agora era o humor de Gêmeos que oscilava e não meu cosmo!
(Saga) – Seiya? Um mero Cavaleiro de Bronze?!
Desdenhou, com um sorriso puxado.
(Saga) – Me compara àquele moleque insolente?
Me olhou nos olhos, procurando o pedido de desculpas que não viria.
(Atena) – Me solta, Saga!
Ele me soltou a contragosto, olhei nos seus olhos.
(Atena) – Não foi o Seiya que tirou as minhas noites de sono, foi você! E como eu não posso ter você, terei o Seiya! Tenho certeza que o que falta em experiência para ele, sobrará em energia e persistência! Esses anos de convivência com ele me provaram que ele aprende rápido!
Essa resposta não ajudou em nada na fisionomia carrancuda de Saga.
(Saga) – Vai permitir que ele profane o seu corpo??? – perguntou horrorizado.
(Atena) – Profanar?
Tive que sorrir, ele não percebeu o que está acontecendo nesta sala? Continuei:
(Atena) – O Seiya sempre provou a sua adoração, lealdade e amor a mim! Sempre me colocou em primeiro lugar na sua vida! E sim, Saga de Gêmeos, eu permitiria. Na verdade, acho até que devo isso a ele! – concluí, subindo uma sobrancelha.
Ele me puxou pelo braço novamente, me fazendo colidir com sua armadura dourada, se abaixou para deixar nossos rostos na mesma altura, aproximou o seu rosto do meu ficando a uma distância mínima e falou em alto e bom som entre os dentes:
(Saga) – Eu nunca vou permitir que aquele verme a toque!
Enquanto falava, ele estava queimando seu cosmo. Involuntariamente, é claro, como se fosse soltar algum poder...
Se senti medo? Deveria, pois um cavaleiro de 1,88m, poderoso e muito furioso era um perigo! Mas, muito pelo contrário, foi a cena mais excitante que presenciei! Só queria arrancar aquela armadura. Tenho certeza de que eu estava ofegante!
E ele, falando pausadamente, como se pra gravar na minha mente, continuou:
(Saga) – Eu teria que estar morto para isso acontecer, Atena! – falou taxativo.
Saga é lindo, sem sombra de dúvidas, mas ele zangado é de tirar o fôlego!
Com muita relutância, puxei meu braço direito da sua mão e, em tom de deboche, eu disse:
(Atena) – Deixa eu te informar de um detalhe importante.
Me aproximei mais uma vez do homem em chamas e destaquei as palavras certas:
(Atena) – EU N-Ã-O preciso da sua permissão, Saga de Gêmeos! – cruzei os braços.
Ele me olhou chocado e começou a andar de um lado para o outro novamente, seu cosmo ainda queimando, esperando derrotar um inimigo que nem estava nessa sala! Olhou para o teto, colocou as duas mãos no rosto e depois as subiu, para finalmente descerem escorregando pelos cabelos. Cena digna de ser saboreada segundo após segundo, mas eu não tinha o dia todo para isso.
(Atena) – Saga, eu só tenho duas opções aqui: você ou o Seiya. E então?


- Saga de Gêmeos -

Fui despertado dos meus conflitos internos, por uma mão macia que pousava no meu rosto... Atena... Ela me olhava com aquele rosto perfeito, de pele clara e lindos olhos grandes e azuis que combinavam com sua boca rosa... e estava preocupada comigo! Droga!

Com muita relutância, cortei o contato de suas mãos na minha pele, não queria que ela participasse desse emaranhado de perversão que habitava a minha mente dia e noite. Eu não poderia permitir.

(Atena) – Você não QUER ou você não PODE?
Tive que abrir meus olhos, como não querer a mulher linda de cabelos roxos que me torturava? Só de me lembrar desses olhos, ou dessa boca, ou desses seios fartos que fariam qualquer um implorar para tocá-los... Eu queria, queria muito, mas...
(Atena) – Saga, por que você não pode?
"Não está claro que não sou digno de tê-la?"
(Atena) – Saga, eu não faço ideia do por que você não pode! Então vamos recomeçar! E é bom você me dar um bom motivo, ou melhor, um ótimo motivo, para o seu "não posso".
"Não me faça dizer essas palavras em voz alta Atena!"
"Droga! Ela não vai desistir"
"Como explicar isso tudo, sem expor tudo isso? Eu apenas não podia tocá-la, não a contaminaria nesse corpo e nessa mente suja que me pertenciam!"
(Atena) – Saga, eu já te perdoei por tudo o que aconteceu no passado! Você já me provou sua fidelidade!
"Ela me tocava como se houvesse salvação para mim, se soubesse seria a primeira a voltar atrás nesse pedido insano"
(Atena) – Tem razão, Saga! Não faço ideia do que se passa na sua cabeça! Não irei insistir para que mude de ideia! Não seria justo com você.
"Será que, enfim, ela entendeu e desistiria dessa insanidade?"
(Atena) – Entretanto, não seria justo para mim, Saga, abrir mão da posição que você ocupava em minha mente... terei que colocar alguém no seu lugar!
"O quê??? Colocar alguém no meu lugar?"
"Alguém que irá fazer as diversas posições que sonhou comigo? Percorrer seu corpo com a boca? Que a ajudará no meu lugar? Ela só pode estar brincando!"
(Atena) – Preciso trazer o Seiya, o Cavaleiro de Pégasus!
"O que disse? Seiya?!"
"Ela me deve desculpas por me comparar àquele moleque!"
"Hrum, como se Seiya soubesse alguma coisa... é um pirralho insolente que não se põe no seu devido lugar."
"Ela está cogitando a possibilidade daquele Cavaleiro de Bronze tocá-la? Isso é profanação!!!"
"Atena perdeu a sanidade! Deve isso a ele?"
"Para o inferno que eu deixaria aquele imbecil encostar um dedo nela!"
"Eu o mato, onde ele estiver, antes que uma infâmia dessa magnitude aconteça!"
(Atena) – EU N-Ã-O preciso da sua permissão, Saga de Gêmeos!
"Maldição! A habilidade de Seiya de estragar as coisas chega a ser catastrófica! Sempre cruzando o meu caminho! Idiota! Hrum, se sente o escolhido dos deuses! Petulante!"
"Atena pretende me enlouquecer? Me deixar mais insano do que já estou?"

- Atena -
Depois de acalmar o seu cosmo, Saga se dirigiu para a frente do trono, curvou a cabeça para o chão em posição de reverência e disse pacientemente:
(Saga) - Eu já disse que, para o Seiya encostar um dedo que seja em você, Atena...
Me olhou com os olhos semicerrados.
(Saga) – ...eu teria que estar morto!
Hora de arrancar as benditas palavras da boca desse teimoso e orgulhoso! Me aproximei e, bem pertinho, perguntei:
(Atena) – Ou seja... vou poder contar com a sua ajuda, Cavaleiro de Ouro da Casa de Gêmeos?
Me olhando no fundo dos olhos, diz tranquilo:
(Saga) – Sim, eu a servirei!
Tenho que fazer outra pergunta antes que venha mais uma oscilação de Gêmeos:
(Atena) – Tem certeza que não irá se arrepender?
Ainda me olhando nos olhos, me responde com a voz mais rouca que o normal:
(Saga) – Não se arrepende de algo que se é esperado e desejado por tanto tempo, Atena!




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O Cálice do Desejo e a Trindade Dourada - 1ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora