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Por Elídio

Já faz um mês desde que tivemos aquela última "conversa". Nesse tempo, fui em baladas, peguei vários caras pensando que assim conseguiria esquecer Daniel; contudo, foram todas tentativas inúteis. A cada beijo, ficava comparando com o dele.

Eu sou um trouxa apaixonado mesmo. Daniel me odeia e eu gostaria muito de sentir o mesmo por ele, mas não mandamos no coração.

( ... )

Sábado. 21:00h. Meu melhor amigo, Anderson, está aqui em casa desde a tarde. Passamos o dia conversando e fazendo vários nadas.

Contei a ele toda a situação com meu vizinho. Andy, como ótimo amigo que é, riu muito do meu "problema".

─ Meu Deus, Lico! Com tantos caras no mundo pra você se apaixonar e você se meteu logo com um rockeiro que aparentemente te odeia? Sério mesmo? – falava rindo. "Eu realmente tenho um ótimo amigo" pensei.

─ Muito obrigado pelo apoio, Andy. Está me ajudando muito! – comentei ironicamente, pegando uma almofada do sofá e jogando nele.

─ Desculpa, mas admita que isso é hilário. – disse, parando de rir. – Pelo que contou, vocês são opostos! Como pôde ter se apaixonado por ele? O beijo foi tão bom assim? – dizia num tom malicioso.

─ Anderson, não foi qualquer beijo, foi o beijo! – respondi, lembrando-me daquele dia. – Mas ele me odeia... Sério Andy, meu cupido só faz merda. – suspirei alto.

─ Cara, você tem cem por cento de certeza que ele te odeia?

Refleti um pouco antes de respondê-lo. "Se ele me odeia tanto, como chegou ao ponto de me beijar?" pensei.

─ Assim... tenho noventa por cento de certeza que ele me odeia... – falei. – Como já te contei, quando perguntei do beijo, ele hesitou um pouco antes de responder...

─ Sabe o que eu acho? – perguntou e eu neguei. – Que ele gostou e não quer admitir. – disse, me deixando levemente curioso.

Andy me explicou suas teorias e até que elas fazem um pouco de sentido... Ou eu estou completamente louco.

─ E o que você acha que devo fazer? – perguntei, torcendo para Anderson me dar uma solução. Estou completamente perdido.

─ Duas coisas: desiste de vez e segue tua vida. Ou... tenta encontrar com ele e puxar assunto; perguntar novamente do beijo e observar as reações dele... Se ele fica nervoso, se tenta desconversar... Provoca ele. – sugeriu.

─ Anderson, como vou falar com ele se ele está me evitando ainda mais?! – exclamei.

─ Não sei. – Anderson riu. – Eu só dei algumas sugestões, o resto é com você.

─ Ás vezes me pergunto por que você é meu melhor amigo...

─ Porque eu sou incrível e maravilhoso. – disse, me fazendo rir alto.

( ... )

Quase meia-noite. Anderson disse que precisava ir embora e eu o acompanhei até a porta.

─ Valeu pelos ótimos conselhos. – falei debochado, abrindo a porta.

─ De nada. Precisando, só me chamar. – deu uma piscadinha. Nós rimos e saímos do meu apartamento.

Entretanto, quando íamos para o elevador, uma coisa me chamou a atenção: ou eu estou louco ou vi Daniel na porta do seu apartamento nos olhando e em questão de segundos, entrou na sua casa, batendo a porta com certa força. Sua expressão parecia... chateada?

─ Andy, eu tô doido ou... – ele me interrompeu.

─ Ele olhou diretamente pra gente com uma cara como se estivesse abalado e bateu a porta. Por que? – perguntou, estando tão confuso quanto eu.

─ Não faço ideia. – respondi, apertando o botão para chamar o elevador.

Vizinho IrritanteOnde histórias criam vida. Descubra agora