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Eduardo mexe a cobertura de chocolate para nossos donuts sem parar, como eu lhe disse para fazer, e ele está tão concentrado que chega a ser engraçado. Eu disse que se ele parar por um segundo, o doce gruda no fundo da panela, mas não achei que fosse acreditar. Quando ele parou para falar alguma coisa comigo, fiz um alarme, e ele quase joga tudo pelos ares do susto que tomou. Acho que não vou contar a verdade, ou sinto que uma onda de vingança vai tomar conta dele e eu vou sofrer as consequências por muito tempo.
Meu coração palpita descompassado quando Eduardo desliga o fogo e olha para mim orgulhoso, com um sorriso aberto e genuíno nos lábios. Esse momento é sempre esquisito, e faz com que minhas mãos formiguem. É tão inesperado conhecer uma pessoa por poucos dias e sentir como se tivéssemos uma infinidade de dias juntos.
— Tudo pronto com o seu? Eu amo doce de leite — ele afirma, e deixa a colher de pau dentro da panela para vir até onde estou, tirando o doce do pote.
— Ele já veio pronto... então tá tudo pronto sim — brinco. — É só colocar nesse saquinho aqui, com o bico, e fazer um buraco no donut.
— Que agressiva.
Arrasto uma risadinha.
— Por quê? É verdade.
— A gente nunca acha que os processos de fazer doces gostosos é tão brutal assim.
— Eduardo, pelo amor de Deus, é só um buraco.
— Na estrutura perfeita da massa!
— Você é mesmo ligado ao drama, né?
Lá vem ele com esse sorriso de novo, cheio de dentes. Olho diretamente para sua boca, mas desvio o olhar quando se torna explícito demais que estou quase lambendo os meus lábios por motivos além dos doces à minha frente.
Salto para trás em um susto quando a porta pesada da cozinha se abre e Emília enfia a cabeça para dentro.
— Acabaram as tortinhas, preciso das rosquinhas pra colocar na vitrine.
— Tudo bem, já estão saindo.
— Você está comendo? — Ela pergunta, mas não olha para mim. Olho para trás e é em Eduardo que Emília está focada.
Ele está mastigando algo, provavelmente uma rosquinha, pois seus lábios — e um pouco da bochecha — estão sujos de açúcar que salpiquei em alguns dos doces recheados. Aqueles com doce de leite que eu estou com água na boca para comer, e novamente lambendo os lábios.
— Estou... provando. — Ele engole rapidamente. — Controle de qualidade, né.
Emília estreita os olhos.
— Se acabarem os doces, você faz mais.
— Sem problemas, eu aprendi — rebate Eduardo, e limpa os lábios com as costas da mão.
Emília revira os olhos.
— Sei — ela decide acabar logo com isso. — Ramona, as rosquinhas?
— Em dez minutos eu mando.
— Nossa — diz Eduardo assim que Emília sai, e após se certificar de que a porta está mesmo fechada — e depois dizem que eu tenho fraco para o drama.
— Você tem um fraco pra rebeldia também — acuso. — Não tinha nada que comer na frente de Emília. Você não viu o drama dela quando eu comi o que sobrou da cobertura de chocolate do bolo, ontem?
— Achei que era brincadeira — diz Eduardo, após trazer a panela de cobertura para o balcão mais próximo ao fogão.
— Não era — asseguro. — Ela é um pouco exagerada com comida. Ela deve achar que a qualquer hora um desastre pode acontecer.
— E pode mesmo, mas a rosquinha não vai salvar o mundo.
— Vocês dois poderiam se dar bem se não fossem tão estranhamente parecidos.
— Ah, tudo bem, eu não me importo com Emília.
— Ela é legal, vai.
— Pra você, talvez. Acho que ela não gostou de mim.
— Eu também não gostaria de você, se você comesse os doces na minha frente e essa fosse tipo, uma fobia minha.
— Mas você gosta — ele afirma.
O donut que estava na minha mão, pronto para receber a cobertura, cai dentro da vasilha e é totalmente inundado.
— Eu vou comer esse, — é o que penso. — E sim, eu gosto. Fazer o quê, né? Tenho que lidar com você, então é melhor gostar.
Eduardo ri e, muito rapidamente, tira o donut de dentro da vasilha, fazendo pingar chocolate pelo chão. Ele dá uma mordida no doce e minha reação instantânea é um sonoro e dramático "não!"
— Viu por que eu disse que tenho que gostar? É difícil.
Mergulho outra rosquinha no recheio, com menos entusiasmo e mais cautela dessa vez. Com o canto do olho vejo um borrão marrom entrando no meu campo de visão, e olho diretamente para ele. Só vejo a mão de Eduardo, que está por trás de mim, segurando metade da rosquinha.
— Toma.
Coloco a rosquinha que estava cobrindo na bandeja, pronta, e com empolgação, busco a metade da rosquinha na mão de Eduardo. E ele a afasta de mim.
— Sério? Sério isso?
— É um acordo de paz. Você gosta de mim de verdade. Sem obrigação. E eu gosto de você sem obrigação também.
— Fechado. Agora me dá isso aqui — tiro o donut de sua mão com rapidez, e coloco quase tudo na boca. — Tá uma delícia — digo, com a boca cheia de massa e chocolate.
Eduardo está rindo e balançando a cabeça de um lado para o outro, e provavelmente as palavras "louca" e "esfomeada" estão passando pela cabeça dele agora. Essa é a minha forma de me comportar diante dos garotos por quem eu tenho uma leve queda.
Ser autêntica é isso. Ou simplesmente desajeitada.
Há muitos sinônimos possíveis, na verdade.
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Eu amo como o Edu gosta de provocar a Mona <3 e como ele tem mesmo um fraco pra drama *cof cof*
Estão gostando!?! Se sim, deixa aqui nos comentários <3
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beijos
amo vcxs
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Peixe Fora D'água
Novela JuvenilRamona sempre se apaixona; por tudo e por todos - uma característica que alguns diriam ser típica do seu signo, peixes. Acostumada, ela sabe que o sentimento vai embora depois de uma ou duas semanas. Três, no máximo. O problema é que agora Eduardo...