Capítulo 8

7.1K 819 45
                                    

Vênus

Eu desperto de meu choque, imediatamente correndo para ajoelhar ao seu lado. Seus olhos estavam fechados, mas se abrem no instante em que toco a sua perna, querendo ver se o corte ali era profundo.

"Ah... Olá. Tem um tempinho, Vênus." Ele murmura ao me encarar, um sorrisinho torto aparecendo em seu rosto. Eu suspiro, preocupada.

"Que merda aconteceu com você, Snake?" Questiono, olhando para todos seus cortes, hematomas e machucados. Ele solta uma tosse e eu tenho a rápida lembrança de quando estava tentando salvar seu amigo, mas afasto isso rapidamente.

"Isso? Não é nada... Mas talvez eu não devesse ter me metido com três caras, um deles com um canivete na mão." Murmura, arregalando os olhos por um segundo e olhando para o corte na própria perna.

Suspiro e olho ao redor, vendo que estamos em uma daquelas pequenas salas onde as pessoas mantém produtos de limpeza e tudo mais. Olho Snake de cima a baixo, considerando as minhas opções.

"Consegue andar?" Pergunto, e seus olhos verdes se voltam para mim antes de revirá-los, suspirando e se sentando direito. Eu travo quando noto algo em seus olhos... Ah, não. Por favor não seja o que estou pensando.

Pupilas incrivelmente dilatadas... Cocaína. Puta merda, Snake... Suspiro, mas não puxo o assunto ainda. Preciso tirá-lo daqui antes de sequer considerar qualquer uso de drogas.

"Eu estou bem, querida..." Diz, mas assim que tenta se levantar, as próprias pernas não seguram seu peso e eu tenho que ajudá-lo, deixando que se apoie em mim, um de seus braços em volta de meus ombros.

"Vamos, vou chamar Darko para nos tirar daqui..." Digo, tentando fazer com que ele caminhe para fora do pequeno quarto, mas Snake trava no segundo em que menciono o nome do outro motoqueiro, sua expressão ficando rígida.

"Não. Sem Darko." Rosna, e eu o encaro, arqueando as sobrancelhas. Ele suspira e sua expressão suaviza. "Por favor." Sua voz se torna baixa e calma e sua expressão assombrada, e eu me vi impossibilitada de negar algo a ele naquele momento.

Era como olhar em um fodido espelho do passado.

Assenti com a cabeça e o vejo relaxar. Tento pensar em um outro jeito para sairmos daqui e, sem aguentar o peso de Snake por muito mais tempo, o boto sentado no chão novamente. Ele solta um gemido de dor e, quase no mesmo instante em que o solto, ele fecha seus olhos e parece cair no sono. Não acho que isso era muito bom, considerando o grande corte na sua testa, mas eu precisava tirá-lo daqui.

Busco seu telefone nos seus bolsos algumas vezes e encontro na jaqueta, que, aliás, não era a do clube. Assim que o tiro de lá, um saquinho transparente com pó branco cai no chão também. Engoli em seco, encarando o saco por alguns segundos. Fecho os olhos, sabendo que Snake acabou de tornar as coisas mil vezes mais difíceis do que já eram.

Procuro um contato específico em seu telefone e envio uma mensagem de texto.

Rage? É a Vênus... Eu o encontrei, e estamos em problemas. Venha com um carro. Depois disso, mando o endereço e guardo novamente o telefone no bolso de Snake sem sequer esperar por uma resposta. Já o saquinho branco, eu enfio dentro do meu sutiã, sem sequer pensar em devolver a Snake.

"Snake..." Chamo, balançando seu ombro algumas vezes. Ele nem sequer se meche, e eu fico nervosa. "Snake!" Chamo uma segunda vez, novamente o balançando, e dessa vez o motoqueiro solta um resmungo e abre lentamente os olhos. Suspiro de alívio. "Vamos... Temos que ir."

O ajudo a levantar, algo que ele faz sem discutir. Não acho que tinha ideia de algo que estava acontecendo, mas contanto que conseguisse caminhar para fora daquela boate comigo eu não ligava para qualquer outra coisa no momento.

Com seu braço em meu ombro, Snake se apoiando quase totalmente em mim, nós saímos do quarto. Faço parecer que somos apenas um casal de bêbados enquanto cruzamos a boate e mantenho a cabeça baixa. Me sinto mal por Darko por um segundo, mas eu não tinha tempo para isso agora. Aquela parte de mim que queria ajudar o motoqueiro apoiado em mim agora era predominante na minha cabeça.

Abro espaço entre as pessoas e não deixo de notar o sangue pingando no chão, mas apenas espero que Rage esteja do lado de fora nos esperando. E, felizmente, o motoqueiro não me decepciona. Ele saí do banco do motorista de um Mustang assim que me vê chegando com Snake e bota o amigo no banco de trás.

"Rage." Chamo quando ele fecha a porta e imediatamente já caminha em direção ao banco atrás do volante novamente. O motoqueiro para e se vira para mim, seus olhos mais loucos e agitados do que eu já vi. "Não sei se levá-lo para o apartamento é a melhor ideia."

Ele franze a testa, confuso, e eu me aproximo. Vejo ele ficar tenso, como se se perguntando se eu iria tocá-lo, mas nem mesmo tento. Apenas tiro o saco transparente do sutiã, estendendo em sua direção para que ele veja o que tinha la dentro.

"Achei isso na jaqueta dele. As pupilas dilatadas... Ele não vai demorar muito para acordar, Rage. E se, como eu suspeito, está usando desde que desapareceu, já vai querer sua próxima dose." Vejo o rosto do motoqueiro mudar, trincando sua mandíbula tão forte que me perguntei se iria quebrá-la.

Vejo que ele estava perdendo o controle, apertando as mãos em punhos, sua respiração acelerando. Eu estava a segundos de perdê-lo e isso não seria muito bom, já que eu não tinha ideia do que fazer. Então, meio que em desespero, eu peço baixinho.

"Não perca o controle agora, Rage... por favor, não agora. Eu preciso que me ajude aqui." Ele assente, fecha os olhos e suspira fundo algumas vezes.

"Entra no carro. Sei aonde vou levá-lo e sei o que fazer com ele." Murmura, sua voz dura e irritada e, sem me encarar, o motoqueiro se vira e entra no carro.

Sigo seu exemplo, entrando no banco do passageiro. Assim que fecho a porta, Rage da partida, acelerando o carro. Talvez um pouco mais do que deveria, suas mãos seguravam o volante em um aperto forte, o nó de seus dedos se tornando brancos.

Depois de alguns minutos, ele me entrega seu telefone.

"Consegue cuidar dele apenas com um kit de primeiros socorros?" Olho para trás, onde Snake estava deitado, ainda adormecido, e concordo coma cabeça. "Ótimo. Ligue para Joker... Vamos precisar dele para essa merda."

"O que vai fazer?" Pergunto, e um sorriso um tanto quanto sombrio aparece em seu rosto.

"Torturar o meu melhor amigo até que ele decida se livrar dessa merda."

Por algum motivo, eu seriamente diria que ele não estava brincando.

Snake- Flaming Reapers 4Onde histórias criam vida. Descubra agora