MINHA VIDA DEPOIS DE VOCÊ

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CHRIS

—Chris, fala comigo! Por favor, eu sinto muito mas você não pode ficar assim para sempre.— Natalie diz do meu lado no avião.

—Ela se foi Natalie... Ela me deixou, aqui. Sozinho.— Eu digo olhando pela janela enquanto voamos de volta para os Estados Unidos.

—Eu sei Chris, eu sinto muito mesmo.—Natalie me abraça, ela parece não saber o que falar mas eu não a culpo por isso.

Um dia antes

Deixei a Emma na casa dela e fui direto para minha, minha mãe tinha me ligado dizendo que iria fazer algumas compras para um jantar com o Kevin. E provavelmente aquele merda está lá em casa agora, só aturo ele pela minha mãe e pela Emma, é claro.Quando chego em casa vejo o carro do Kevin estacionado na garagem, respiro fundo e abro a porta. Ele está de boquiaberto e parece preocupado enquanto fala ao telefone.

—Sim, eu já estou indo...meu Deus! Qual é o endereço?— Ele diz no telefone. Ele está suando e andando de um lado para o outro. Fico sem entender,e me sento sofá da sala.

—Chris! A sua mãe... ela sofreu um acidente de carro.— Kevin diz pegando o paletó e caminhando até a porta.

—O que? Aonde ela está?— Eu pergunto indo atrás dele.

—Em um hospital...eu estou indo ver como ela está.— Ele diz e começa a chorar.

—Kevin, eu vou com você.— Eu digo e entro no carro.Eu não consigo descrever o que eu estou sentindo, não quero nem pensar em perder ela. Minha mãe é a única pessoa que eu tenho, ela não pode me deixar assim. Kevin começa a dirigir desesperadamente até o hospital onde ela está, ele está chorando sem parar talvez a Emma esteja certa. Ele pode ter mudado.

—Eu vou perguntar por ela, espere aqui.—Kevin diz quando entramos no hospital.Quero ver a minha mãe, quero ver como ela está, quero abraça-la e dizer que vai ficar tudo bem.Kevin está voltando e ele continua chorando muito, tento afastar os meus pensamentos ruins mas fica impossível quando ele caminha para fora do hospital sem dizer uma palavra.

—Ei, Kevin. O que houve?— Eu pergunto e as lágrimas tomam conta do meu rosto quando ele me abraça.

—Chris eu sinto muito, a sua mãe... morreu.— Ele diz e entra no carro.

—O que? Eu quero ver a minha mãe.— Eu digo gritando.

—Chris,você não pode vê-la.— Ele diz.Não! Ela não pode fazer isso comigo, por que isso está acontecendo? Eu entro no carro e tento pensar que quando eu chegar em casa ela vai estar lá, me pedindo para arrumar meu quarto e preparando o jantar.Chego em casa e vou direto para o quarto dela, está tudo limpinho do jeito que ela deixou. Deito na cama e começo a chorar, não quero que ninguém me veja assim tão vulnerável, eu não sei o que vou fazer mas não quero pensar nisso agora.

—Chris?— Minha tia Jennifer entra no quarto junto com a Natalie.

—O-oi, tia.— Eu digo secando as lágrimas.

—Oi querido, eu sinto muito.— Jennifer diz me abraçando.

—O velório vai ser amanhã, na Flórida.—Natalie diz se juntando a nós.

—O que? Por que?—Eu pergunto.

—Chris, não podemos velar ela aqui. Nossa família está lá, já comprei as passagens e vamos viajar amanhã.— Jennifer diz secando as lágrimas e depois elas saem do quarto.

Minha tia Jennifer é a única irmã da minha mãe e ela adotou a Natalie quando eu nasci, depois que a minha mãe se mudou para cá ela decidiu vir também mas faz pouco tempo. Imagino que ela esteja sofrendo tanto quanto eu, eu não sei como vai ser daqui para frente sem ela, eu não sei se vou conseguir viver sem ela.

Abro o guarda-roupa e começo a vasculhar algumas roupas dela, cada roupa me faz lembrar de um momento especial com ela. Por exemplo esse vestido amarelo, ela usou quando eu me formei no ensino fundamental esse era o sonho dela, me ver formando. Ela queria me ver formando na faculdade mas a vida foi cruel com ela. essa blusa branca ela usou quando nós nos mudamos para cá, eu ajudei ela a arrumar a bagunça de todas as casas que ela havia comprado e depois nós passamos o dia assistindo filmes pois era o que ela gostava de fazer.Eu sinto tanta, tanta, tanta falta dela, e não faz muito tempo que ela se foi.

...........

Acordei desejando que aquilo fosse um pesadelo mas não era, é real! Ela morreu, ela se foi e me deixou aqui sozinho.Ainda tem algumas roupas espalhadas pela cama ontem eu dormi sem perceber, eu realmente queria ficar sentado aqui só sentindo o cheiro de cada peça de roupa dela.

—Chris, vamos sair às dez.— Natalie diz entrando no quarto.

—Esta bem.— Eu digo e ela fecha a porta.

Não sei se quero ver minha mãe sendo enterrada em um lugar frio, não estou preparado para ve-la gelada e sem vida dentro de um caixão. Daria tudo para te-la aqui comigo, eu buscaria as bebidas que ela me pedisse, eu jantaria com o Kevin e eu demonstraria que a amo mais vezes.Eu já estava arrumado, ontem organizei uma mala pequena com poucas roupas. Não pretendo ficar muito tempo nos Estados Unidos, eu quero voltar e explicar para Emma o que aconteceu.

—Chris! O táxi já chegou.— Jennifer diz quando eu entro na sala. Todos estão com os olhos inchados e vermelhos, principalmente Kevin que dormiu no sofá ou pelo menos tentou dormir.

O caminho até o aeroporto foi silêncioso, tudo parecia estar sem cor e nada mais fazia sentido para mim. Minha tia tentava me consolar mas ela estava mais abalada que eu, ela chorava toda vez que fala comigo e eu entendo.

—Veja pelo lado bom, agora vamos morar juntos.— Natalie diz tentando me animar.

—Natalie, a minha mãe morreu. Não tem lado bom.— Eu digo tentando não ser grosso com ela.

—Eu... Só estava tentando ajudar.— Natalie diz baixinho.

O carro para em frente ao aeroporto e todos decemos, a minha mãe amava viajar comigo de avião eu não gostava muito mas sempre fazia isso por ela. Eu prometi que nós iríamos viajar o mundo inteiro, e eu não vou poder mais cumprir essa promessa.Quando entramos no avião Natalie tenta me consolar mas eu não consigo sorrir, se Emma estivesse aqui ela com certeza iria me fazer sorrir,ela sempre faz.