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Chris

Nós ficamos nos encarando por alguns segundos. Ambas as partes não faziam ideia do que estava acontecendo, mas provavelmente me passaram o endereço errado. Tem que ser isso. Eu já estava com uma raiva enorme por ter que falar com o meu "pai" hoje, e agora isso? Nick era uma das pessoas que eu não queria que me visse assim, tão confuso e vulnerável.

—O que você está fazendo aqui?— Ele perguntou depois de alguns minutos de silêncio e é óbvio que ele estava tão confuso quanto eu. Eu não conseguia demonstrar reação alguma, a minha vontade era sumir, literalmente.

—Chris?— Kevin apareceu na porta e foi aí que tudo fez sentido. Ou talvez não, ainda está tudo muito confuso na minha cabeça mas agora tudo está diante dos meus olhos.Continuei em silêncio, como um idiota. Tentei raciocinar, mas obviamente não consegui. Ainda sim, fui capaz de tentar responder alguma coisa, a única coisa que meu cérebro foi capaz de formular. E eu sabia que naquele momento tudo o que eu falar ou fazer, só iria tornar mais nítido o meu desespero.

—O-oque está acontecendo?— Finalmente saiu. Talvez estivesse óbvio tudo o que está acontecendo, eu só não queria de fato aceitar a única realidade que infelizmente ainda restava. Kevin não parece estar nervoso com a minha presença, pelo contrário ele está radiante, feliz com isso.

—A sua tia me ligou, ela me contou que agora você sabe de toda verdade. Chris, você não sabe o alívio que eu sinto por agora finalmente poder te chamar de filho.—Aquelas palavras vieram como um baque. Eu expirei e inspirei outra vez. Tentando coletar cada informação claramente ainda muito confuso.Nick nos olhava com uma expressão estranha, como se ele também não soubesse de muita coisa. Mas isso não importa, nada mais importa.

—Espera! Vocês se conhecem?—Nick perguntou. Calmo e pausadamente.

—Sim. Eu não acredito que esse dia finalmente chegou. Meus dois filhos, finalmente juntos!— Kevin disse isso fazendo algum tipo de abraço coletivo.Ouvir aquilo fez com que, de novo, meu coração batesse mais forte. Mas agora, eu já não estava confuso e por algum motivo eu não sentia raiva e nem vontade de matar o Kevin. Aquelas palavras não me machucaram, não foi desesperador como eu imaginei que seria. Foi apenas surpreendente. Senti alguma coisa dentro de mim. Uma coisa boa. Era uma sensação de esperança, eu já não me reconhecia, mas eu me deixei levar por um sentimento bom que agora já me dominou por inteiro. Foi uma sensação que, mesmo me assustando, me deixou extremamente feliz. Instintivamente também o abracei, assim Nick também se juntou a nós.

—Pai? Eu quero saber o que está acontecendo!— Nick falou e então Kevin nos levou até a sala da casa dele. É um pouco menor do que eu imaginava mas é aconchegante.

Pai?
Kevin é o pai do Nick?
Então isso quer dizer que somos irmãos? Não! Impossível.

—Bom, filhos. Eu não tenho muito o que explicar. Mas a sua mãe Chris nunca me deixou dizer isso para você, mas não pense que ela é má por isso. Na verdade, ela só quis te proteger, proteger vocês dois de sofrer. Porque vocês são irmãos! Meus filhos!—

—Que?—

—Como assim?—

—É isso mesmo que vocês escutaram, agora eu vou dar um tempinho para vocês conversarem melhor.— Kevin saiu da sala deixando somente nós dois lá. Eu não sabia o que dizer, muito menos o que pensar sobre isso. Minha família escondeu uma coisa tão importante de mim por anos, e agora eu estou diante do meu irmão.

Nick parecia pensar, e depois de muito silêncio ele me abraçou. Eu me senti estranho no começo, por orgulho quase parei aquele abraço, mas ao mesmo tempo me senti bem. Senti que uma outra parte de mim havia sido completada aqui dentro.

MINHA VIDA DEPOIS DE VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora