Chapter 1

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Nova York, 1940

"O coração em desatino não reconhecer o ser amado, pois persistir em acreditar na fantasia criada pela paixão".

Amélia não fazia o tipo de pessoa sociável. Por mais que Lucius, tenha tentado fazer a menina enxergar uma vida além dos muros da Mansão Lancaster, no sul da França , a loirinha permanecia indiferente a tudo e a todos. Retraída e de poucas palavras, considerava a imortalidade presente em suas veias uma dolorosa lembrança de sua origem.

Os Deboius eram descendentes de Qetsiyah (Na literatura pagã, Qetsiyah foi a primeira bruxa a usar a magia para alcançar a imortalidade. Seu elixir criou os primeiros seres imortais : Silas e Amara). Anastacia em um ato de insubordinação bebeu o último frasco da poção, guardada por seus antepassados durante a gestação. O ato de loucura, todavia foi desencadeado por um pedido em forma de sonho do seu grande amor e pai de sua criança, o ex comandante do exército celestial o Anjo Serafim.

Acusada de traição e jurada de morte, por desobedecer as leis de seu povo, Anastácia incumbiu Lucius da criação de sua única filha. Os Deboius ainda pertencentes ao Coven foram exterminados por Claus e seus seguidores, restando apenas Amélia.

Aproveitando a balbúrdia , que mais uma guerra promovida pelo homens provocava entre os membros do conselho bruxo, Lia desapareceu sem deixar vestígios, após as terras de king serem invadidas.

Há seis meses no continente americano, Amélia agora atendia pelo nome de Beatrice e se esforçava ao máximo para não chamar atenção. Morava em um minúsculo, porém funcional, apartamento de um cômodo só no Brooklyn e trabalhava como garçonete na lanchonete do senhor Davos. Um imigrante grego e falastrão da paradisíaca Ilha de Cefalônia.

O emprego permitia a Amélia testar suas próprias limitações. A grande responsável por sua saída do casulo, como Lucius gostava de falar , foi sua colega de trabalho, Sarah Clark.

Sarah residia a menos de dois quarteirões do seu prédio, o que permitia que ambas voltassem juntas no final do turno no início das manhãs. Sarah falava pelos cotovelos e Beatrice era uma boa ouvinte.

--- Você é esquisita, Trice. Pontuou enquanto as duas esperavam o ônibus que as levaria para casa. Ei, não me olha assim com essa carinha de quem caiu na mudança. Esquisita é bom. Todos aqui são tão iguais. Sorriu largo abraçando a mais alta de lado.

---- Obrigada, Sarah. Tímida, Amélia corou vorazmente com o elogio da mais nova. Sarah a aceitava com todas as suas esquisitices  e manias. Essa faceta da humanidade era encantadora.

Clark não falava muito do seu passado, apenas do noivo William, o qual regressou há menos de um mês da Alemanha, com uma série de estilhaços na perna esquerda.

A deficiência era um tabu na relação do casal. A mente de William vivia assombrada pelas imagens dos corpos dilacerados dos seus  companheiros de luta, os quais não tiveram a sua mesma sorte. Além disso, Sarah começou a nutriu um sentimento inapropriado por sua nova e misteriosa colega de trabalho.

Algo naqueles solitários e opacos olhos verdes a fazia questionar não só sua sexualidade, mas todos seus conceitos de verdade e felicidade.

__ Trice, você acredita que é possível "amar" duas pessoas ao mesmo tempo? --- perguntou se aproximando de Beatrice que limpava os saleiros na bancada.

--- Digo, você já sentiu essa sensação antes? --- Nervosa a jovem de intensos olhos castanhos segurava com ligeira força o cabo da vassoura. O movimento na semana diminuía drasticamente com o avanço das horas.

Amélia abriu e fechou a boca algumas vezes. Tudo o que ela conhecia sobre o amor romântico era um emaranhado de definições abstratas das antigas escrituras de seu povo, presentes na biblioteca de Lucius.

Fire Meet Gasoline ( Romance Lésbico)  Onde histórias criam vida. Descubra agora