Meu misterioso salvador

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Kyungsoo tinha sorte. Estava ganhando dinheiro, conseguia pagar as próprias contas e sustentar os avós que ainda moravam no interior e que não faziam ideia de como ganhava a vida desde que saiu da casa deles.

Por ele tudo bem afinal se contassem não iam acreditar mesmo, afinal ser recepcionista do Labirinto, o clube hotel bar mais luxuoso, procurado e exclusivo da cidade não era pouco, ainda mais sendo ele um simples mortal, mas sua chefe vira algo nele e assim ele foi admitido.

Lógico que trabalhar lá tinha suas condições, se abrisse a boca, se envolvesse com alguém ou desrespeitasse a máxima do local de total imparcialidade com todos os clientes, estava morto, mas ele era discreto, tinha inteligência além de necessidade absoluta do gordo salário então tinha as regras como mandamentos e os seguia à risca. Sempre.

Xaria, a dona da rede e ama absoluta só aparecia de vez enquanto e às vezes que se cruzaram ela tinha sido fria, mas educada, então não podia dizer nada dela embora os boatos corressem soltos. Kyungsoo os ignorava, não eram da sua conta, absolutamente.

Ele calçou os sapatos e saiu do flat que dividia com outro garoto que trabalhava lá. O apartamento era a algumas quadras do hotel e ele sempre ia andando com a tranquilidade de quem sabe que não é notado, afinal parecia um estudante aos olhos dos outros, mochila e jeans nunca eram chamativos e era seu vestuário preferido, mesmo que dentro do trabalho vestia se mais como secretário, todo de cinza, sério, por que ele trabalhava na entrada da parte hotel, havia outras entradas, o lugar tinha muitos funcionários, cada um de acordo com a parte que lhe cabia, o lugar merecia o nome que tinha além de ocupar um quarteirão de cima a abaixo, era gigante e imponente e realizava seu intento, ninguém fazia ideia dos frequentadores, eram tão vips que até a nata da sociedade paulistana não entrava, ao menos a parte humana dela.

Kyungsoo tinha aprendido tudo muito rápido, não havia treinamentos ali, ou você se encaixava no padrão, ou era dispensado. Não havia muitos humanos na lista de empregados também, mas a cota era considerável, afinal o local atendia vinte quatro horas e nem todos eles tinham disposição para os horários matutinos. Ele adorava a manhã, para ele era o horário mais agradável e suave do dia e sabia que sua disposição diurna tinha sido decisiva em sua contratação, se sentia como o sol, se levantando sempre que o céu clareava, algo que tinha consciência de que os paulistanos não gostavam, faziam por obrigação.

— Bom dia Kyung, distraído de novo?

A voz do seu companheiro de quarto rompeu sua bolha de pensamentos.

Ele parou diante da entrada de funcionários que consistiria em uma porta dupla sempre guardada por dois seguranças que o cumprimentaram silenciosos, alguns diziam que eles não falavam, Kyung não tinha certeza. Túlio piscou e jogou sua mochila nos ombros, tinha uma cara cansada mais mantinha o bom humor, como sempre.

— Bem, bom dia para você. Eu vou dormir, estou exausto!

— Bom descanso.

Túlio saiu e ele entrou no longo corredor que levava ao hall.

Lá acontecia a troca dos turnos, o pessoal da noite pelo do dia, cronometrados, como um relógio. Jéssica, sua correspondente noturna lhe entregou uma prancheta antes de desfilar como sempre sua demanda.

— O fim de semana vai ser cheio e movimentado, se prepare, e as duas másters estão reservadas, vai encontrar tudo na lista, o pessoal do subsolo também vai querer a lista de sábado e toda a listagem das camareiras, não deixe de entrar em contato com o Led. Bem, o resto está no desktop. Bom dia.

Ela saiu apressada e ele suspirou, não era implicante, mas Jéssica era uma das típicas loiras irritantes, egocêntricas e displicentes, mas era uma excelente recepcionista e por isso estava exatamente ali. E pelo visto não tinha tempo a perder de fato. Rápido foi se trocar e dez minutos depois entrava no posto atrás do balcão de entrada com sua companheira de atendimento que assim como Kyung era jovem, simples e humana. E acima de tudo era fácil de lidar e não implicava com ele por ser meio coreano.

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