QUIT | peter parker

PRÓLOGO

Sinto como se eu não pudesse respirar
E ninguém sabe
Essa dor dentro de mim
Meu mundo está desmoronando
Eu nunca deveria ter
Deixado você partir
(...)

PRÓLOGO
{lost without you}

OS OLHOS CASTANHOS DA Stark mais velha não conseguiam deixar a pequena coroa de flores que se distanciava mais e mais no lago. O silêncio de apenas as árvores balançando deixava o clima mais melancólico. Alyssa conseguia entender o porquê de Tony escolher aquele lugar para morar, era tão calmo, tão tranquilo, um lugar ótimo para se ter uma vida longe da Manhattan barulhenta. Estava tão concentrada que não notará o distanciamento de todos que estavam no funeral, assim como a aproximação de May Parker. Apenas ao sentir uma mão sobre seu ombro direito, a assustando, se deu conta que não estava mais sozinha.

- May, oi - a cumprimentou, não havia conseguido conversar com ela desde que voltou do estalo, ela não conseguiu falar com ninguém, tudo foi tão rápido.

- Eu sinto muito querida - o tom de compaixão e tristeza em sua voz, fez a Stark baixar a cabeça e olhar para as próprias mãos entrelaçadas.

- Tá tudo bem, eu acho - murmurou lentamente com a voz trêmula, uma tristeza imensa a invadiu.

- Venha aqui - abriu os braços em um convite para um abraço, qual não recusou, o aceitando.

- Isso não é justo - balbuciou trêmula nos braços confortáveis de May.

- Certamente não é justo Lyssa mas - ela fazia círculos em carinho nas costas da jovem - certas coisas não podem ser evitadas, ele escolheu isso com certeza pensando em você e na Morgan.

Se afastou balançando a cabeça em afirmação, colocando uma mecha solta atrás da orelha e abrindo um sorriso pequeno, segurou as mãos da mulher por quem tinha um enorme carinho.

- Obrigada May - agradeceu apertando suas mãos em um gesto de carinho.

Respirando fundo e em um último olhar a mais velha, seguiu para dentro da casa em passos apressados, ignorando qualquer um que quisesse falar com ela. Ao entrar o ar quente bateu em seu rosto, a casa estava vazia, sem pensar duas vezes, foi para a cozinha, em busca de um copo d'água. Em dois goles bebendo todo líquido deixando o copo de vidro na pia. Analisou o lugar até seus olhos bateram em um quadro que descansava atrás de alguns objetos decorativos, um sorriso involuntário se abriu no rosto jovem porém cansado e bastante machucado de Alyssa. Era uma foto de si mesma, com apenas seis anos de idade na primeira aula de balé.

- Levante novamente Alyssa, não desista - disse a professora Brook ao ver a pequena menina cair pela oitavo vez.

Respirando fundo, Alyssa olhou para seu pai que estava a uma hora sentado, apenas a observando aprender balé. Ele sorriu e a garotinha retribui o gesto.

- Vai lá, você consegue querida - a motivou e ela assentiu novamente se posicionando, esticando os pés com cuidado, dobrando os dedos dos pés até que as articulações se esticassem de forma satisfatória.

Com uma respiração firme, se levantou, segurando as barras de ferro ao lado para equilibrar-se, quando viu estava na ponta do pé, ereta e sem apoio das barras. Ouviu um clique e em seguida aplausos.

- Essa é a minha garota.

Sorrindo, mesmo que dolorosamente, colocou o quadro de volta ao lugar. Alyssa não sabia dizer como seria sua vida daquele dia em diante. Toda sua energia, vontade de viver estavam nulas. Antes tinha Tony, ele era sua bússola, era quem a guiava para o caminho certo no mar de emoções e problemas da garota. Agora se sente perdida, ao seu redor não havia nada, nada que a direcionasse até a civilização, e isso a deixava em pânico.

Um som de teclas de piano tocando aleatoriamente, sem qualquer ritmo, chamou a atenção da morena. Voltando-se para a sala novamente, encontrou um enorme piano branco, o seu piano e uma minúscula figura de vestido preto.

Era Morgan, sua irmã.

Sem querer assustá-la, se aproximou devagar, sentando no banco estofado. As expressões de Morgan eram de desânimo, tristeza, seus olhinhos castanhos idênticos ao de Tony estavam vermelhos, assim como a ponta do seu nariz. Ao ver a presença de Alyssa deu um pulo e arregalou os olhos.

- Oi Morgan - disse calmamente para a criança de quase 5 anos, que estava retraída e confusa - eu sou a Alyssa, outra filha do papai - a testa da menina franziu como se reconhece o que a garota mais velha dizia - me desculpe se assustei você, não foi minha intenção, eu-

- Você é a menina das fotos - Morgan a interrompeu e falou baixinho mas completamente audível para Alyssa.

- O quê? - Murmurou confusa.

- Toda noite eu fugia pra garagem, ver papai trabalhar - ela mexia nos dedinhos nervosamente - ele ficava triste, aí chorava vendo fotos de uma menina e um menino, a menina é você.

E aquilo que restava do coração de Alyssa se desmanchou como papel, o choro ficou preso na garganta mas ela não poderia chorar como um bebê frente a uma criança que parecia ter mais maturidade que ela. Respirando fundo, desviou do assunto.

- Você sabe tocar piano? - Perguntou a menor que balançou a cabeça negativamente.

- Papai ia me ensinar mas aí ele teve que ir salvar o mundo - passou os dedinhos entre as teclas.

- Eu posso ensiná-la se quiser - ofereceu a pequena Stark que abriu um sorriso infantil, o sorriso mais lindo e inocente do mundo.

- Jura?

- Claro, ficaria feliz em ensiná-la - sorriu pela primeira vez alegremente para a figura pequena, sem qualquer tipo de intenção virou para o teclado e levemente dedilhava e o som delicado sobressaia.

Morgan observava com certa fascinação e admiração os dedos de Alyssa tocarem e deslizarem tão bem pelo piano. A pequena Stark ouvia a voz bem afinada da mais velha cantar uma música baixinho que acompanhava o ritmo do instrumento. Se ajoelhando no banco, ficou de costas para o piano para observar o rosto de Alyssa. Enquanto a maior cantava, seus olhos pareciam distantes, mas a emoção na voz não era deixada.

Aos poucos Morgan viu lágrimas caírem dos olhos de Alyssa, qual nem pareceu notar, e assim que a música se cessou, Morgan levou suas mãozinhas até o rosto molhado e machucado. Com delicadeza, secou os rastros de lágrimas sem machucá-la mais por conta dos cortes pelo rosto. Alyssa segurou os pulsos de Morgan e a olhou, ambas se encararam por longos segundos até a pequena Stark com seus braços pequenos e magros rodarem o pescoço de Alyssa em um abraço, qual a morena não negou e a apertou contra si.

- Papai estava certo - Morgan murmurou.

- Sobre o quê? - Alyssa perguntou se afastando apenas para olha-la nos olhos.

- Ele disse que você seria a melhor irmã mais velha, Aly - suas palavras foram silenciosas como um sussurro mas o suficiente para a maior sorrir.

Era sua irmãzinha, e a protegeria a todo custo.

...

Acho que estou perdida sem você
Eu me sinto esmagada sem você
Porque eu tenho sido forte por tanto tempo
Que eu nunca pensei quanto eu te amo
(...)

Bom, fiz esse pequeno prólogo só pra ser uma introdução da nova história. Queria pedir desculpas aqueles que gostavam da história anterior, mas eu também como escritora já não estava muito satisfeita com o que saia.
Espero que tenham gostado, comente e vote, é algo que ajuda muito receber um feedback.
Xoxo
- A.