Depois daquela madrugada quando acordei não consegui parar de sorrir. Aquele sentimento era bom apesar de perigoso. Não conseguia parar de pensar em Yoongi e isso teve o efeito contrário ao esperado.
Ao invés de passar as últimas duas semanas colocando o pingo de inspiração que ele havia ressuscitado na minha história, eu havia escrito pelo menos cinco poemas em meu velho caderno. Não pude evitar, era um sentimento que não aflorava em meu peito a muito tempo. Tenho bons vinte e sete anos de conhecimento sobre mim mesma e não vou negar que o músico mexeu comigo de um jeito que ninguém o fez por longos anos, me conheço e negar a mim mesma não vai me levar a lugar algum.
E mesmo que negasse seria uma árdua tarefa fazê-lo. O Min insistia em mostrar presença, me mandava mensagens sempre que estava livre e me convidada ao seu apartamento - que por sinal era mais arrumado do que o esperado - para mostrar algo em sua nova música. Sempre que ele tinha algo novo pedia para eu ir até ele, não que eu esteja reclamando.
O problema é: não pude controlar o que sentia e quando vi estava me apaixonando mais a cada mensagem, a cada sorriso, a cada comentário irônico e brincadeiras bobas. Eu estava afundada naquilo até o pescoço, ou talvez seja só um efeito da carência e solidão, no entanto uma coisa é certa: já era muito tarde para fugir disso e o mês estava quase no final o que significa que se a minha inspiração continuar a retornar, Min Yoongi conhecerá o mais profundo do meu ser, a Ha Na a qual arrisco dizer que ninguém conhece por completo - Nem eu me conheço totalmente, talvez uns trinta por cento a mais que o resto dos que me cercam.
Meu celular apita com a mensagem recebida, não é preciso muito esforço para adivinhar quem é. Minhee está atolada em trabalho com o livro que está revisando e ela detesta ser incomodada ou se desconcentrar nesses momentos, então a única opção que sobrou nas minhas mensagens diárias foi o Min.
Antes de ir atrás do que ele queria dou uma última olhada no que havia rabiscado em meu velho caderno.
À deriva.
Quando dizem que os olhos
são como água
Os comparam à oceanos,
Mas os teus são rios negros.
Me perco em sua profundidade
Me afundo até o pescoço.Estou apenas deixando
Que a correnteza me leve
E me mostre seus caminhos
Porque já não quero navegar sozinha.O Remo se faz inútil,
O motor para de funcionar,
Mas não me desespero
Porque sei que até você me levará.Leio e releio aquelas palavras, me perguntando como as coisas podem mudar tão drasticamente e uma pessoa que a um mês atrás não conseguia ao menos formar uma boa frase, estava sorrindo boba com um mero poema.
"O amor nos torna completos minha jovem, até em sua mais simples forma ele nos cativa e inspira." A voz do professor Im dizendo essa frase me vem a memória, aquele velhote sempre foi sábio, apesar de louco. Devo dizer que ele tem razão, de alguma forma, a paixão mexe conosco e muda a nossa maneira de pensar e agir.
O barulho da minha notificação me acorda e dessa vez não enrolo para ver o que me mandaram.
Músico assassino de cafés: Bom dia senhorita escritora.
Tá ocupada?
• Bom diaEstou apenas perambulando pelo meu apartamento.
Músico assassino de cafés: pode parar de bancar a alma penada e vir até aqui?Fiz alguns ajustes e quero que veja.
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Inspiration » » Min Yoongi
Fiksi PenggemarAté onde vai a capacidade humana? Somos incríveis. Certo? Basta apenas uma melodia e estamos encantados. Basta uma boa leitura para sermos cativados. A arte de criar é um dos nossos mais belos dons e para um artista, principalmente um escritor, per...