Capítulo 1

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Eu sei que já faz dois ano que tenho essa rotina, mas mesmo assim não consigo me acostumar. Dormir cedo, acordar 6:00 da manhã, pegar o busão, chegar aos portões de Azcaban (assim chamo a escola), da de cara com as mesma caras de bundas dos idiotas da escola, assistir às aulas chatas dos mesmo professores chatos de ensino médio, e assim foi os dois primeiros anos do ensino médio... Mas mal sabia eu que essa rotina estava prestes a mudar...

***

Acordo às 6:00 da manhã graças ao barulho estridente do chato do despertador, desligo-o já com raiva desse dia e volto a deitar. Cincos minutos se passam e ouço o grito da minha mãe vindo da cozinha:

- Ainda não estou ouvindo o barulho do chuveiro Brian, espero que isso signifique que você já tomou banho e já está pronto pra descer. Ou se não for o caso e você ainda estiver deitado, sugiro que se apresse se não vou ai eu mesma e te dou banho. Já pro banho!! Agora!!!

Me levanto da cama com relutância, pego minha toalha, que está jogada na cadeira da minha escrivaninha, e vou pro banheiro. Abro a tampa do vaso, faço o xixi, dou descarga, fecho a tampa do vaso, lavo minhas mãos com sabonete líquido, passo álcool em gel (eu sei, tenho mania de limpeza), escovo meus dentes, ligo o chuveiro, espero alguns instantes e logo depois entro no box e tomo meu banho.

Após quinze minutos já estou pronto, pego minha mochila, meu celular e meus fones, e desço pra cozinha.

Minha mãe esta terminando de pôr o café da manhã, eu à observo se movimentando pela cozinha, ela tem uma facilidade e movimentação incríveis que as vezes penso que ela e a cozinha eram parte de um mesmo ser. Vou descrever um pouco minha mãe. Ela era jovem para a idade dela, tinha longos cabelos negros, olhos tão verdes quanto o mar, sua pele era branca, lábios vermelhos, minha verdadeira Branca de Neve.

Era incrível como ela tinha tempo de cuidar de tudo aqui em casa e ao mesmo tempo trabalhar no escritório de advogacia. Ela sempre falava que enquanto ela estivesse apta a fazer ambas as coisas, não necessitava de empregada doméstica.

- Brian? - Diz minha mãe, me despertando do meu devaneio.

- Bom dia mãe. - Atravesso a cozinha e dou um beijo na bochecha dela. - O que temos pro café da manhã? - Pergunto já sentando à mesa.

- Seu preferido, torradas e café com leite. - Com certeza minha mãe sabia me animar em um primeiro dia de aula.

Tomei meu café e fui me despedir da minha mãe. Ela insistia em me levar de carro, mas eu sempre recusava por que a) eu não queria que ela chegasse atrasada no seu trabalho; e b)queria passar um tempo sozinho. Sendo assim fui para o ponto de ônibus, quando o mesmo chegou, entrei procurei um lugar pra me sentar, coloquei meus fones de ouvido seleciono Stay With Me. Enquanto a música toca eu fico pensando na mesmice que vai ser o terceiro ano, mas à um lado bom é o ultimo ano, só mais uns 210 dias letivos e eu estaria fora daquela prisão.

Desço do ônibus no ponto mais próximo da escola e vou o restante do caminho à pé. Recebo uma mensagem, mas prefiro olhar só mais tarde por que não quero me distrair no meio da rua. Depois de cinco minutos chego aos portões da escola. Suspiro, conto até três e entro.

Vou caminhando pelos corredores da escola e observo que nada mudou, os mesmos armários cor de chumbo, o mesmo aglomerado de estudantes, os mesmos rostos conhecidos dos meus colegas, percebo que tem alguns novatos, mas não dou atenção, esse ano não pretendo fazer novas "amizades", os "amigos que tenho já é o bastante pra mim. Me direciono para o meu armário, pego horário, que a escola tratou de mandar uma semana atrás, Biologia no primeiro horário, aff, ninguém merece, penso. Jogo o restantes dos livros no armário e vou pra minha sala. Ao entrar percebo que nenhum das minhas amigas mais próximas não pegaram biologia no primeiro horário. Resolvo me sentar na ultima cadeira da sexta fila. Enquanto vou escutando minhas músicas o pessoal vai ocupando a sala, naquele mesmo ritmo de primeiro dia de aula, contando as novidades das suas férias, quem pegou quem, falando sobre os novatos, aquela algazarra de sempre. Meia hora depois o professor Willian chega, e pede para todos se acalmarem, tiro os fones de ouvido, e ouço o professor falando pra turma:

- Bem, bem. Turma vamos nos acalmar, isso aqui esta parecendo mais uma feira na Índia do que uma sala de aula. Agora sentem e vamos começar a aula.

Todos sentaram e começaram a sussurrar com os que estavam do lado. Com um tempo o professor fala:

- Bom gente antes de começarmos a brincadeira, temos um novo colega para nossa turma, - ele olha pra porta e chama o garoto, - entre Will.

No primeiro momento eu não dei importância, mas quando o garoto entrou pela porta, não sei o que eu estava pensando, mas todas as idéias que eu tinha sobre esse novato caíram por Terra quando ele passou pela porta. Eu nunca dei atenção aos garotos, mas com ele, não sei, aflorou um sentimento que eu não consegui identificar. Ele tinha cabelos negros como a noite, olhos também negros, pele morena igual caramelo, o físico dele era de deixar qualquer garota ou garoto sem fôlego (que nesse momento era meu caso), quando o professor apresenta o aluno novo, percebo que estava prendendo o ar, retorno a respirar e o professor fala:

- Bom turma, esse é o Will, ele vai passar esse ultimo ano com conosco, então sejam legais com ele. Pode sentar... ao lado do Brian, lá atrás.

Dito isso, Will se dirigi para a cadeira ao lado da minha. Não dirijo o olhar pra ele, mas sabe aquela sensação que você tem de estar sendo observado? Então, era o que eu estava sentindo nesse momento. Dou uma pequena olhada de lado, e concluo que ele está me encarando, depois foco meu olhar na minha mochila. Mas por que ele me olha tanto? Penso, o que ele podia esta vendo em um cara como eu, tão pálido que chego até me parecer com um fantasma, olhos verdes, cabelos castanhos. Nada de interessante... Percebo que todos estão olhando pra mim, e vejo o professor me encarando.

- O senhor esta me ouvindo Sr. Brian?

- Hã? - É o que consigo dizer com tanta vergonha que estou sentindo.

- O senhor pode dividir seu livro com o Will, enquanto ele não consegue os deles?

- Ah, sim. Claro Sr. Willian

Então Will aproxima sua cadeira da minha e a aula segue. Não troco uma só palavra com ele até o fim da aula. Quando o professor nos libera ele afasta sua cadeira e sai junto com os outros.

Fico sentado por uns instantes pensando que esse ano não vai ser tão monótono assim. E com esse pensamento me dirijo para fora da sala.

Até Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora