Enquanto seguimos pelas ruas, me pergunto o que ele quer tanto falar comigo? Será que ele vai dizer que tudo aquilo foi um erro? Mas se é isso, por que não falou de uma vez por mensagem? Por que um shopping? Será que ele queria me envergonhar na frente de um número grande de pessoas? Será...
- Brian? - Diz ele me despertando. - Você está bem?
- Sim. Estou ótimo. Por que paramos?
- Porque chegamos no nosso destino. - Ele aponta para a entrada do shopping. Não tinha percebido que havíamos chegado. Nossa!! Estava aéreo mesmo.
- Ah sim. - Me apreço para tirar o sinto e descer do carro.
Espero ele ir estacionar o carro (coisa que acho muito difícil com carro daquele tamanho). Cinco minutos depois ele está ao meu lado. Ao caminharmos lado a lado para dentro do shopping percebo que ele é dois centímetros mais alto que eu. Como eu tenho 1,80 metro, ele tem uns 1,82 metros mais ou menos.
Chegando lá, resolvemos ir para o McDonald's. Pedimos hambúrguer, batatas fritas e Coca Cola.
- Então, o que você tem a me dizer? - Pergunto a ele, tomando um pequeno gole da minha Coca Cola.
- Brian é que... Desde que eu te vi na sala de aula... - Ele falha ao pronunciar cada frase.
- Sim. Continue. - Será o que estou pensando? Mas não pode, o que ele podia ver em mim...
- Antes de ver você eu vivia sempre sentindo como que um navio ancorado no meio do mar, sem me mover. Sentindo um vazio, até mesmo quando ficava com garotas. Mas quando pus meus olhos em você naquele dia na escola, não sei, é como se... Como se...
- Como se a ancora que te ancorava no meio desse mar fosse içada e você estivesse livre para navegar. - Não sei por que disse isso, mas era como eu me sentia agora, como se uma ancora fosse içada e eu estivesse livre para navegar por ai.
- Isso mesmo. Eu senti isso mesmo. - Diz ele espantado, acho que foi o modo como eu completei sua frase. - E você lembra quando nos falamos pela primeira vez, na cantina?
- Sim, como poderia esquecer. - Me lembro da sensação de ouvir sua voz pela primeira vez.
- Naquele momento eu fiquei hipnotizado por sua voz. E isso também nunca havia acontecido comigo. E quando damos as mãos, meu Deus, aquele simples contato fez meu todo corpo se arrepiar, como se uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo. Minha vontade foi de te agarrar ali mesmo.
- Você está falando sério? - Pergunto pensando que é algum tipo de brincadeira sem graça.
- Nunca falei tão sério na minha vida. E foi quando damos aquele beijo na sua casa, meu Deus, só de lembrar daquele dia me dá vontade de te agarrar aqui mesmo e sentir seus lábios novamente. Enfim, aquele beijo foi o ponto final nas minhas dúvidas. Brian, eu estou... Estou...
- Está... - Espero ansioso para ele terminar a frase. Só mais algumas palavras...
- Brian eu estou apaixonado por você. E não suporto mais esconder isso de você e muito menos de mim mesmo. Eu sei que vai parecer estranho pra você, mas cansei de fugir desse sentimento. Eu te amo Brian. Te amo!
Fico paralisado. Isso estava realmente acontecendo? Ele estava mesmo dizendo que me ama? Encaro ele atônito com essa declaração.
Brian desculpas, eu não queria que fosse assim, mas aconteceu. Desculpa mesm...
- Não se desculpe, - digo interrompendo ele. - Eu também me sinto assim em relação a você. Will assim que que você entrou pela porta eu me senti diferente. E depois daquele beijo tudo foi esclarecido na minha cabeça. Will eu te amo, te amo.
Um sorriso de orelha à orelha surge no seu belo rosto. Eu só não pulo em cima dele agora porque há muita gente aqui e eu não ia me sentir bem com isso. Como se ele conseguisse ler minha, diz:
- Minha vontade e colocar você no meu colo e te beijar até não ter mais ar nos meus pulmões.
- Não aqui. Tem muita gente, eu não me sentiria bem com todos nos olhando. - Repreendo ele.
- Então vamos ao cinema. Você escolhe o filme.
- Tá certo.
Dito isso, terminamos nossos lanches. Mas agora sem tirar os olhos um do outro. Após terminar nos dirigimos ao cinema, como eu que escolho o filme, opto por assistirmos A culpa é das estrelas, apesar de ter assistido esse filme um milhão de vezes não me canso de ver sempre que tenho vontade. E além disso nunca tinha assistido com alguém que eu goste do meu lado.
Will compra nossas entradas, compra um grande pote de pipocas e caramelo (adoro caramelo). Entramos na nossa seção, procuramos nossos lugares, sentamos e esperamos o filme começar. No escurinho que antecede o começo do filme, Will o aproveita para roubar um beijo meu e eu o retribuo. O filme começa, paramos os amasos (por enquanto). Todas as vezes que assisto esse filme eu choro, não importa quantas vezes sejam, sempre choro. No decorrer do filme, nas partes que me emocionam, involuntariamente coloco meu rosto no peito do Will, mas percebo o que faço e rapidamente tiro minha cabeça de lá. Isso se repete por três vezes, até que depois disso ele se aproxima mais de mim e coloca minha cabeça em seu ombro. E assim foi por todo o filme, sempre que podia ele me beijava, e eu adorava isso.
Durante os crédito do filme, ele me beija com mais intensidade, me puxando mais para perto dele. Eu retribuo, claro. Quando nos damos conta os créditos já haviam passado e as luzes estavam acessa. Fico meio que envergonhado por todos terem nos vistos nos beijando, mas isso logo passa. Saímos da sala e seguimos em direção a saída.
Chegando no estacionamento, pegamos o carro e partimos para casa. Durante todo o percurso de volta, Will sempre encosta em mim de "propósito". E cada vez que isso acontecia, meu corpo respondia ao seu toque. Paramos em frente da nossa casa. Tirei meu cinto, ele tirou o dele e ficamos nos olhando por um tempo. Até que não aguentei mais e pulei no seu colo, nos beijamos como se fosse a primeira vez. Sua língua explorava cada local da minha boca, suas mãos me puxaram para mais perto, não sobrou nenhum espaço entre nós, só nossas roupas separavam os nossos corpos. O beijo foi ficando cada vez mais intenso, suas mãos passavam por debaixo da minha camisa, depois desceram para minha calça, e foi ai que eu pulei do seu colo. Ofegante consegui falar:
- Vamos... parar por aqui. Não quero transar com você no nosso primeiro encontro e muito menos em um carro. - Se bem que não seria ruim, penso mas afasto esse pensamento da minha cabeça.
- Tá legal. Você está certo, - diz ele tentando regular a reputação. - Não queria me separar de você nem mais um minuto. Mas tenho que ir almoçar com meus pais.
- Também não queria me afastar de você, mas você tem que ir. Mais tarde nos falamos.
Dou mais um beijo nele, quase que pulo em cima dele novamente, mais resisto, se não era bem capaz de transarmos ali mesmo. Nos separamos com relutância, fico olhando pra ele por um instante, admirando-o.
- Tenho que ir. - Digo, mas querendo ficar mais.
- Também tenho que ir. - Percebo, pelo seu olhar, que é uma tortura para ele dizer isso.
- Tchau. Até logo.
- Até logo.
Dou um beijo de despedida nele. E abro a porta do carro. Já estou saindo quando ele me puxa para mais um beijo.
- Tá bom, agora você tem que ir mesmo. Se não vai se atrasar pro seu compromisso. - Digo, mas querendo que isso durasse para sempre.
- Queria que meu único compromisso hoje fosse passar o dia com você. - Diz ele se aproximando para mais um beijo, que me apronta à retribuir.
- Tá, tá. Agora você tem que ir.
Saio do carro antes que eu pule em cima dele. Observo a S10 se afastar e um pequeno frio toma conta do meu coração. Mas afasta esse sentimento de mim. Ainda não acredito em tudo o que acabou de acontecer comigo. Will realmente gosta de mim, e eu gosto dele na mesma proporção. Os nossos beijos foram reais. Vou em direção a minha casa com um sorriso no rosto e com um pensamento na cabeça: ele me ama! Ele me ama!
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Até Depois do Fim
RomanceO ensino médio de Brian foi sempre a mesmice que qualquer outro: acordar cedo, pegar ônibus para a escola, encontrar as mesmas pessoas chatas de sempre, os mesmos professores, os mesmos, mais ou menos, 230 dias letivos; até que o tão esperado tercei...