Quando chego, pela manhã, aos portões da escola, Will está me esperando. Como ainda não nos revelamos para todos, nós damos somente um abraço de amigos. Ele percebe que estou meio aflito e pergunta:
- Aconteceu alguma coisa? - Ao que eu repondo:
- Não agora, mas o apocalipse está prestes à acontecer. - Exagerei um pouco.
- Nossa! O que pode ser tão catastrófico para te deixar assim? - Pergunta ele quase rindo de mim.
- A Andrew, - falo dando uma pausa.
- Sim, conheço ela. Mas o que ela tem a ver com isso?.
- Ela, - olho pra ele e continuo: - Ela nos viu se beijando naquele dia no cinema. Isso foi o que aconteceu.
Seu sorriso desapareceu e deu lugar à semblante de preocupação. Ele ficou pálido de repente. Perecendo isso, resolvo tentar acalmá-lo:
- Não se preocupe, eu vou falar com ela, vou pedir para não contar a ninguém. Ela vai me ouvir, e não vai falar pra ninguém. - Prometi a ele.
- Mas se ela abrir a boca pra todo mundo, vai ser muito ruim. Eu ainda não falei de você pro meus pais. E se eles souberem desse modo, não sei o que eles vão fazer. - Ele diz, aflito.
- Calma Will, eu também não falei nada pra minha mãe. E eu tanto quanto você, não quero que ela saiba se você desse jeito. - Tento tranquilizá-lo, mas principalmente a mim. - Ela não vai falar nada. Eu prometo.
Quando falo isso ele vem em minha direção, talvez para mim beijar, mas logo se lembra que estamos na escola e para no meio do caminho.
- Vamos pra aula. No intervalo eu cuido disso. - Falo isso para distrai-lo.
Puxo ele pelo braço em direção à sala de aula. Passamos nos nossos respectivos armários, pegamos nossos livros e seguimos pra sala. Chegando lá nos sentamos no fundão. Quando sentei um pensamento passou pela minha cabeça, nas salas de aula sempre tem aquela subdivisões, na frente da sala ficavam os "inteligentes", no meio ficavam os que eram "meiotermo", os que nem eram inteligentes demais para sentar na frente e os que não eram "bagunceiros" demais para sentar no fundo, e por último, mas não menos importante, o "Fundão", onde só os considerados bagunceiros e desatentos sentavam. Mas mesmo com essa divisão eu não me importava em sentar no fundo da sala, porque A) eu era inteligente e sempre tirava notas boas; e B) eu não era bagunceiro de jeito nenhum.
Esse era um pensamento engraçado para a situação em que estou agora, com minha vida prestes a desmoronar, a vida do meu recém namorado também prestes a ruir...
- Brian? Você está me ouvindo? - Sou tirado dos meus pensamentos pela voz Will.
- Desculpa, estava aqui pensando um pouco. - Dou um pequeno sorriso. - O que você estava querendo falar comigo?
- Estava lhe perguntando como você vai convencer a Andrew à não falar pra todos sobre nosso beijo. - Ele pergunta com o cenho franzido.
- Não se preocupe, eu disse que cuido desse assunto e vou cumprir com minha palavra. Fica calma amor... - A palavra saiu involuntariamente, nunca chamei alguém de amor tão naturalmente. Olho pra ele com medo de ele ter achado ruim eu o tê-lo chamado assim. - Desculpa.
- O que? Desculpas? - Quando eu olho pra ele vejo que um sorriso de pura felicidade está estampado em seu rosto. - Nunca fiquei tão feliz em ouvir essa palavra. E vinda de você, é a coisa mais linda do mundo.
Ele olhou em volta e percebeu (por incrível que pareça, não tinha ninguém na sala) e se inclinou para mim e me beijou. Como sempre, seus lábios eram a coisa mais deliciosa que eu podia provar nessa vida. Após um tempo eu me afastei o suficiente para sussurrar que era melhor a gente para antes que alguém entrasse. E como que só esperando um deixa, os alunos começaram a entrar na sala.
Will e eu não demos a menor atenção à aula, passamos toda aula trocado bilhetes. Como ele sentou atrás de mim, de vez em quando ele acariciava minhas costas sem ninguém perceber, toda vez que eu sentia o seu toque, me corpo reagia imediatamente. E assim foi durante toda à aula. Quando o professor nos libera, esperamos que todos saiam. Assim que isso acontece, ele fala:
- Você quer que eu vá junto?
- Não acho uma boa ideia. Eu vou falar com ela sozinho. E não se preocupe, já falei que vai dar tudo certo. - Tento animá-lo um pouco. - Me deseje sorte.
Me encaminho para fora da sala, mas sou logo puxado em direção à parede de músculos que era seu corpo. Ele me beija mais uma vez, acariciando minha nuca o diz:
- Boa sorte...amor. - Sorrio pra ele e saímos da sala. É chegada à hora de enfrentar a fera.
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Até Depois do Fim
RomansaO ensino médio de Brian foi sempre a mesmice que qualquer outro: acordar cedo, pegar ônibus para a escola, encontrar as mesmas pessoas chatas de sempre, os mesmos professores, os mesmos, mais ou menos, 230 dias letivos; até que o tão esperado tercei...