Capítulo 20

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Ao olhar pela janela do meu quarto, percebo que o dia está lindo: o sol está brilhando ativamente, algumas nuvens pontuam o céu azulado, pássaros cantando nas árvores, transeuntes com suas famílias indo para o parque, tudo está irritantemente lindo demais para o quê vou enfrentar daqui a pouco.

Acabei de receber uma mensagem do Will me falando que já está vindo pra cá. Com sua mensagem fiquei mais nervoso ainda do que estava manhã cedo. No café da manhã eu estava tão sem jeito perto da minha mãe que ela me perguntou se eu estava me sentindo bem, eu respondi que sim, mas eu não conseguia olhar diretamente para ela por muito tempo. Quando falei que ia pro quarto ela me perguntou novamente seu estava bem e eu respondi:

- Sim mãe, estou bem. É só que o Will vem pra cá hoje e eu tenho que dá uma arrumada no quarto. - Tentei não demonstrar meu nervosismo em falar isso. - Fora isso estou bem. Não se preocupe, - quando percebi que ela se convenceu, conclui: - Quando o Will chegar manda ele subir, tá?

- Tá certo Brian. - Ela fala me encarando e conclui: - Eu aviso sim.

- Obrigado mãe.

Quando terminamos nossa conversa eu subi. E agora estou aqui, esperando Will chegar, para nós falarmos com minha mãe. Enquanto espero vou imaginando vários modos de falar com minha mãe, já imaginei uma forma mais direta, tipo, Mãe tenho uma coisa pra falar, sou gay e estou namorando Will, ou uma forma mais sutil como, Mãe, a senhora bem sabe que não podemos mandar no coração, então não tenho culpa de estar apaixonado por um cara, o Will. Mas em nenhum desses modos eu consegui imaginar a reação da minha mãe, e é isso que me preocupa: como ela vai reagir quando souber que seu único filho é gay. Eu sei que nesse tipo de caso as reações dos pais nem sempre são positivas, mas também sei que as mães são mais compreensivas que os pais e isso me dá um certo alívio, talvez ela não possa aceitar de início, mas, que com o tempo, ela vá se adaptando, ou ainda ela não vá aceitar de maneira nenhuma e me expulsse de casa...

Meus pensamentos são interrompidos por uma batida na minha porta. Quando eu peço para entrar, vejo primeiro aqueles familiares cabelos negros, depois visualizo aqueles dois pedaços de âmbar que são seus olhos, onde fico feliz em me perder toda vez que nossos lábios estão prestes a se encontrar, Will. Assim que ele fecha a porta atrás dele já estou em seus braços, apertando-o contra meu corpo. Depois de um tempo seus braços já estão me apertando também, me passando um calor benvindo e logo depois disso já sinto seus lábios nos meus, quentes e aconchegantes e famintos como em todas às vezes que ele me beija. Ficamos assim pelo que pareceu várias horas para nos separarmos. Will me encara por alguns instantes e fala:

- Nossa! Isso tudo é saudade? - Essas palavras vem acompanhadas daquele sorriso que ele só guarda pra mim.

- Também - digo. - Mas tem um misto de ansiedade com nervosismo, e um pouco de medo também. - E é verdade, antes dele chegar eu estava imaginado como seria se minha mãe não aceitasse o nosso relacionamento e o medo que isso me causou.

- Não precisa ter medo Brian, eu vou estar aqui, ao seu lado. - Ele me abraça novamente para confirmar sua posição.

- E eu sei disso, mas a homossexualidade é um assunto que pai nenhum recebe bem. - Digo apertando ele mais um pouco.

- Eu sei disso também. Mas pense em um ponto positivo: é melhor ela saber agora e por nós do quê mais tarde, ela souber por terceiros. - Ele fala isso bem confiante, e ele tem razão. Qualquer notícia importante deve ser dada pelos os envolvidos e não por pessoas de fora.

- Você tem razão, ela tem saber por nós. - Falo um pouco mais confiante também. - Pelo menos o impacto vai ser menor do que ela saber por outra pessoa.

Até Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora