Capítulo Quatro

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Giovanne Bianchi:
— Esses gritos não vão ajudar em nada. – Avisei passando as minhas mãos pelos cabelos, aí está o problema de colocar Matteo e Louise no mesmo ambiente quando eles não estavam no seu melhor momento, já que os dois só não se matavam, pois, isso era crime e eles acabariam na cadeira. — Não sei se vocês perceberam, mas, o nosso problema não é quem escondeu de quem que Katherine supostamente está viva e sim que ela não lembra de nenhum de nós. Então, vocês dois podem se matar depois de termos resolvido os nossos problemas mais sérios, terão muito tempo para discutirem sobre o assunto quando voltarmos para Florença.
— Vocês não tinham o direito de me esconderem isso. – Rosnou ela espetando o dedo no meu peito. — Pensei que você confiasse em mim Giovanne Bianchi, mas, estou vendo a quem você é fiel.
Ela saiu batendo a porta com força e eu fechei os meus olhos respirando fundo, eu sabia que isso iria acontecer e quem iria sair ferrado daquela situação seria eu, mas, o que eu não fazia pelos meus melhores amigos.
— Acho melhor deixar ela sozinha. – Avisou Matteo quando eu caminhei na direção da porta. — Louise não irá ouvir você nesse momento, ela está com a cabeça quente e se eu conheço bem mia sorella, não é o melhor momento para vocês terem essa conversa, deixe-a esfriar a cabeça e voltar a raciocinar e então vocês poderão ter essa conversa, mas, agora é melhor a deixar sozinha.
— Você não está preocupado dela procurar por Katherine e todo o seu plano ir por água abaixo? – Perguntei o encarando e vendo-o suspirar enquanto se sentava na poltrona. — Sua irmã não é a pessoa mais controlada do mundo e isso tende a piorar quando ela está com a cabeça quente.
— Louise por mais descompensada que esteja no momento não faria nada que fosse nos prejudicar, ela entendeu a situação por mais que esteja se fazendo de louca. – Garantiu ele cruzando os seus braços. — E o máximo que ela vai conseguir procurando por Kate é acabar em uma delegacia acusada de perseguição, o que não seria uma má ideia, já que isso iria fazer com que ela pensasse antes de cometer qualquer tipo de loucura que pode passar por aquela cabeça desmiolada dela e ver que os seus atos têm consequências.
— Sua irmã surtaria ainda mais se isso acontecesse. – Informei cruzando os meus braços. — Ela realmente não reconheceu você ou deu qualquer tipo de indício que estava apenas fingindo que não o conhecia?
— Não, nada que fizesse com que eu suspeitasse que ela está mentindo, Katherine é uma péssima mentirosa e por mais tenha se passado mais de um ano que ela está vivendo essa vida eu não acho que as suas habilidades iriam melhorar tanto. – Respondeu ele passando as mãos pelo rosto e suspirando. — O rosto pode ser o mesmo que o de Kate, mas, ela está completamente diferente, o jeito de agir, o modo de falar, suas vestimentas, eu nunca na minha vida vi Kate usar um tênis, apenas quando ela era obrigada a isso. Eu estou enlouquecendo com isso, pirando de uma maneira que eu não sei mais no que acreditar.
— Eu e Louise podemos resolver as coisas por aqui. – Falei me sentando e o encarando. — Você pode voltar para Florença, estou vendo o quanto esse assunto está mexendo negativamente com você Matteo, passei a noite inteira ouvindo você andar de um lado para o outro e tenho certeza de que bebeu durante toda a noite. Não deveria ter falado para você sobre isso, pois, percebe-se que está completamente transtornado.
— Eu iria ficar furioso com você se não tivesse me contado Giovanne. – Afirmou ele levantando-se e dando dois tapinhas nas minhas costas. — Eu estou bem ou irei ficar quando descobrimos qual é o mistério por trás desse mistério envolvendo Katherine, estou indo para o meu quarto, preciso descansar um pouco. Não se preocupe com Lou, ela irá voltar e então vocês poderão conversar com mais calma.
Concordei e o vi sair do meu quarto fazendo com que eu passasse as minhas mãos pelos cabelos, ela não tinha para onde ir e se algo acontecesse eu tinha certeza de que seria o seu contato de emergência, porém, isso não me deixava mais calmo, pois, eu conhecia muito bem a minha namorada e sabia o quão instável ela ficava quando o assunto era Katherine. Andei de um lado para o outro do quarto enquanto pensava para onde ela poderia ter ido, sabia que tentar ligar ou mandar mensagem não iria resolver já que ela iria apenas ignorar.
Duas horas, ela demorou exatamente duas horas para voltar para o quarto, eu estava pronto para sair para a procurar quando escutei o barulho da porta sendo aberta e ela entrar ainda emburrar e passar sem falar uma única palavra, seu olhos azuis estavam fundos, inchados e vermelhos, isso era uma afirmação que ela tinha chorado e Louise apenas se trancou no banheiro fazendo com que eu suspirasse, pelo menos ela não tinha se envolvido em nenhuma confusão e estava fisicamente bem.
— Você está bem? – Perguntei quando ela saiu do banheiro vestida com o roupão e secando os seus cabelos com uma toalha, eu fui ignorada enquanto via ela caminhar na direção do guarda-roupa e tirar o seu pijama de lá. — Louise!
— Estou viva, não estou? – Perguntou ela friamente e eu suspirei levantando-me e caminhando na sua direção lhe abraçando enquanto ela se debatia entre os meus braços. — Me solte ou eu irei deixar você estéril Giovanne Bianchi.
— Me desculpe. – Pedi beijando o topo da sua cabeça carinhosamente e a apertando mais entre os meus braços para que ela ficasse quietinha e ouvir o que eu tinha para falar. — Me desculpe amore, eu sei que deveria ter contado para você assim que eu reencontrei Kate, mas, ela não me reconheceu e eu não queria que você sofresse e por mais difícil que seja esconder as coisas de você Louise Avery eu quis apenas resguardá-la, já que eu sei o quanto esse assunto é delicado. Não é que eu não seja fiel a você, eu apenas queria protegê-la de uma nova decepção. Per favore, mi dispiace mio amore.
— Odeio quando você esconde as coisas de mim, Giovanne. – Resmungou ela escondendo o seu rosto no meu peito e eu acariciei os seus cabelos delicadamente fazendo com que ela choramingasse agarrando a minha cabeça. — Eu tinha o direito de saber que ela poderia estar viva, eu mais do que qualquer pessoa tinha esse direito, porque você sabe que eu nunca desisti de encontrá-la, nem que fosse apenas o seu corpo, eu nunca desisti dela.
— Eu sei disso amore. – Sussurrei me distanciando dela e segurando o seu rosto delicadamente, limpando as lágrimas que escorriam manchando o seu lindo rosto. — Mi dispiace, eu não irei mais esconder nada relacionada a isso de você, eu estava apenas tentando preservar você, mas, agora eu sei que o que foi feito está errado e não irei voltar a repetir esse erro. Ti amo, amore mio.
— Eu também amo você Gio. – Declarou ela fazendo com que eu beijasse os seus lábios delicadamente. — Mas, não vá achando que apenas uma declaração vai fazer com que eu perdoe você, pois, sabe muito bem que eu sou uma pessoa muito rancorosa, principalmente quando as pessoas mentem para mim e foi exatamente isso que você e Matteo fizeram, eu apenas não irei terminar com você, pois, eu sou uma pessoa muito bondosa e a volta de Kate é a melhor coisa que aconteceu nos últimos meses.
— Pode não ser ela. – Lembrei fazendo com que ela bufasse. — Temos que trabalhar com todas as possibilidades Lou, podemos apenas estar a confundindo, hoje em dia a pessoas realmente parecidas umas com as outras e aquela garota pode apenas ser uma cópia de Kate e nós estarmos completamente errados e eu não quero que ninguém sofra por conta disso, então você vai me prometer que não irá com muita sede ao pote e que vai respeitar as vontades da garota sejam elas quais forem, pois, não podemos impor nada a ela.
— Okay. – Concordou ela contrariada. — Eu prometo que irei ser uma dama e não irei forçar ninguém a nada, porém, eu não posso prometer que irei me conter quando a vir, você sabe que eu não lido bem com as minhas emoções.
— Irei conter você se for além do esperado. – Prometi beijando a sua testa carinhosamente. — Descanse um pouco, você parece estar exausta, irei até aquele restaurante que você gostou e comprei o nosso jantar, Matteo disse que iria dormir cedo hoje, então seremos apenas nós dois, podemos aproveitar e ver um filme, parece que faz uma eternidade que não fazemos nenhum programa de casal.
Ela concordou e beijou os meus lábios antes que eu me afastasse. Peguei a minha carteira e o cartão chave e saí do quarto ouvindo-a gritar falando que era para eu trazer chocolates para a sobremesa sorri e apertei o botão do elevador.
Tunes era realmente uma cidade muito bonita, principalmente durante a noite quando a orla da cidade ficava toda iluminada, as pessoas caminhavam sem medo e sem presa pelas ruas, isso era algo que não se via em Florença, já que as pessoas estavam sempre apresadas e esse era o problema das grandes cidade. Fiz os pedidos quando entrei no restaurante e me sentei em uma das mesas esperando e pedi uma bebida para espairecer a minha mente.
Liguei para mia mamma avisando que estava tudo bem e que poderia demorar um pouco mais para voltar, já que tinham alguns problemas que precisavam ser resolvidos e que ela não precisava se preocupar, pois, todos estavam bem e logo voltaríamos para casa, mas, eu sabia o quanto dona Anna ficava ansiosa quando os seus filhos não estavam perto dela, principalmente depois que minha irmã tinha se mudado para a capital por causa da universidade.
— Grazie. – Agradeci pegando a sacola e entregando algumas notas para a mulher.
Caminhei tranquilamente de volta para o hotel sentindo a brisa suave bater no meu rosto, passei em uma loja de conveniências e comprei os chocolates que minha namorada gostava e continuei o meu caminho.
— Senhora se continuar a perturbar eu irei pedir para que os seguranças lhe retirem do local. – Avisou a recepcionista lhe encarando fazendo com que eu apertasse a sacola com força, todo aquele desrespeito era desnecessário. — Então, não faça escândalos e apenas vá embora, os nossos hóspedes estão pagando para serem perturbados dessa maneira.
— Kate. – Chamei quando ela se virou para ir embora e eu vi os olhos da recepcionista me encararem arregalados como se soubesse que tinha feito algo muito errado e se eu desse queixa ela iria se dar muito mal. — Eu sabia que você viria me procurar, estou feliz por isso, por favor me acompanhe, vamos conversar em um local mais calmo.
Ela concordou e eu a conduzi até o jardim do hotel, eu sabia que a maioria dos hospedes não frequentavam aquele local, eu não poderia voltar para o quarto, pois, sabia que Louise não me deixaria conversar em paz com ela e eu não poderia e jogar no meio daquela confusão e Matteo, bem eu sabia que o meu amigo iria se culpar ainda mais se tivéssemos aquela conversa na sua frente.
— Me desculpe por procurá-lo esse horário. – Pediu ela quando nos sentamos em um dos bancos mais afastados. — Mas, eu acho que você é a única pessoa que pode realmente me ajudar nesse momento e está tudo tão confuso na minha cabeça que eu preciso conversar com alguém.
— Eu disse que você poderia me procurar a qualquer momento. – Lembrei ouvindo-a suspirar longamente como se estivesse aliviada com a minha fala. — Aconteceu alguma coisa? Pensei que você estivesse com medo, lhe devo desculpas pela maneira que eu me comportei naquele dia, mas, eu realmente estava muito surpreso e eufórico ao lhe ver e não devo ter passado uma boa impressão. Acho que você não gosta de ser chamada de Katherine, como posso chamá-la?
— Olívia. – Respondeu ela e eu assenti. — Por favor me chame de Olívia.
— Okay. – Concordei sorrindo e a encarando. — Em que posso ajudá-la Olívia?
— No dia que nos encontramos na loja você disse que você e Kate eram amigos de infância. Isso é verdade? – Perguntou ela fazendo com que eu concordasse. — Pode me contar mais sobre isso?
— Claro. – Respondi sorrindo. — Eu, Kate e Matteo crescemos juntos, eu e Matt somos quatro anos mais velho que Kate, mas, como éramos as únicas crianças da fazenda então sempre brincávamos juntos e isso fez com que nós criássemos um lado de amizade muito especial. Kate adorava passar o seu tempo na fazenda com os avós, então ela sempre carregava Matteo consigo, já que ele sempre fez tudo que ela quis e eu era o filho do caseiro e a única crianças naquela época, mesmo sendo de classes sociais diferentes eles nunca se importaram com aquilo, os dois sempre estiveram ao meu lado por toda a minha vida. Sabe, eu devo muito para a família Avery, eles nunca me trataram de uma maneira diferente, Joseph sempre me tratou como um neto e pagou pelos meus estudos e me deu um ótimo cargo quando eu me formei falando que eu poderia chegar ao topo se me esforçasse por aquilo, eu não seria quem eu sou hoje se não fosse por eles.
— Você pode me contar mais sobre Kate. – Pediu ela depois de um longo silêncio — Como ela era? O que ela fazia? Como ela morreu?
— Kate era uma pessoa sensacional, ela estava sempre disposta a ajudar as pessoas, mesmo que ela não conhecesse ou que tivesse lhe feito mal, Katherine não guardava rancor, ela apenas transformava isso em amor que ela espalhava pelo mundo.  – Contei sorrindo, por mais por um momento parecesse difícil lembrar dela, era ao mesmo tempo maravilhoso, pois, Kate era luz. — Ela era uma das melhores sommelier de vinho da Itália e porque os seus professores se gabassem de tê-la ensinado bem, Kate sempre encheu a boca para falar que tudo que ela sabia tinha sido do seu avô que lhe ensinou, ela realmente era muito grudada com o avô. E tinha a vela, Katherine era uma velejadora nata, ela era uma campeã e teria ido mais longe se não fosse pela tragédia, ela estava treinando para um campeonato em Capri e acabou sofrendo um acidente, ela bateu com o veleiro em um dos rochedos da ilha enquanto tentava escapar de uma tempestade e o veleiro se quebrou e afundou e o seu corpo se perdeu no mar. Por semanas a Guarda-Costeira e a Marinha tentaram achar o seu corpo, mas, no final o laudo foi que o corpo tinha se perdido no mar por conta das fortes correntezas que estavam atuando no mar naquele dia por conta da tempestade. Toda a família ficou devastada com aquela notícia, por mais que todos soubessem que ela poderia estar morta, ter a confirmação de quem eles nem ao menos teriam um corpo para enterrar foi demais para todos. Kate era luz, uma luz que unia a todos e quando ela se apagou parece que tudo o mundo perdeu um pouco da cor, tem sido tempos difíceis para todos, já tem um 1 ano e 3 meses que ela se foi e ainda não conseguimos superar a dor dessa perda. Mas, por que veio até mim para perguntar sobre isso? Pensei que tinha a assustado com o meu comportamento inapropriado.
— Você no dia que me encontrou me confundiu com Katherine por nos achar parecidas. – Disse ela cruzando as suas mãos e colocando-as sobre as pernas e suspirando e me encarando. — O moço das luminária, ele é Matteo, não é?
— Como você sabe disso? – Perguntei ansioso, aquela era a primeira vez que ela dava um passo na nossa direção e eu estava realmente tentando me conter para não a assustar. — Matteo, você se lembra dele?
— Ele me chamou de Kate no dia que nos conhecemos. – Respondeu ela fazendo com que eu suspirasse. — A moça na loja hoje, ela também me encarou como se eu fosse um fantasma e depois ele praticamente a arrastou para fora da loja com medo de que ela falasse qualquer coisa.
— Sim, ele é Matteo, mas, ele não queria assustá-la como eu fiz, então não revelou a sua identidade. – Respondi a encarando. — E Louise, bem, ela é um pouco explosiva, então com certeza iria lhe deixar ainda mais perturbada do que nós já deixamos e não queremos que você se sinta pressionada com essa história. Acho que eu respondi todas as perguntas que você tinha para fazer, então eu me acho no direito de fazer pelo menos uma.
Ela concordou me encarando e eu respirei fundo.
— Qual é a sua história, Olívia? – Perguntei. — Me conte a sua história.
— Eu fui achada por um barco pesqueiro tunisiano na costa, estava agarrada a um pedaço de destroço marítimo e levada para um hospital, os médicos falaram que eu estava com hipotermia por já estar a pelo menos um dia no mar e tinha um traumatismo craniano, eu fiquei em coma por três meses. – Contou ela fazendo com que eu engolisse a cedo, Matteo iria surtar quando descobrisse sobre aquilo. — Quando eu acordei estava com amnésia, os médicos pensaram que era por conta da forte pancada que eu tinha recebida na cabeça o que ocasionou o traumatismo e que logo eu iria começar a ter lembranças sobre o meu passado, mas, isso não aconteceu e os dias começaram a passar e nada e como eu não tinha mais nenhuma lesão os médicos me deram alta e eu apenas não fui parar na rua por causa de Liz. Ela era uma das enfermeiras que tinham cuidado do meu caso e ficou com pena de me deixar sozinha e naquela situação, então ela me convidou para morar com ela enquanto eu me recuperava e buscava tratamento para recuperar as minhas memórias. Nós acabamos nos tornando amigas e ela me ajudou a encontrar um emprego e eu comecei a ajudar nas despesas, pois, não achava justo que ela arcasse com tudo e desde então essa é a minha vida. Eu não tenho uma vida badalada e nem me lembro de nada do que eu aconteceu antes de eu acordar naquele hospital, não sei se eu sou a Kate que vocês tanto falam ou apenas uma garota que foi desovada no mar por conta de algo de ruim que fez e por mais que eu queria saber das minhas origens eu não sei se estou preparada para isso, pois, tenho medo de me machucar ou machucar as pessoas que estão a minha volta.
— Você só vai conseguir se livrar desse sentimento se tentar. – Avisei segurando a sua mão delicadamente e fazendo com que ela me encarasse com aqueles enormes olhos azuis. — Podemos ajudar você, por mais que não seja Kate, eu prometo que irei ajudar você a encontrar as suas origens.
— Obrigado. – Agradeceu ela me abraçando e eu realmente fiquei emocionado com aquilo e acariciei as suas costas delicadamente. — Muito obrigado.
Nos conversamos mais um pouco e ela concordou em fazer o exame de DNA, por mais que eu achasse que aquilo não era necessário, eu sabia que a família Avery iria querer uma comprovação legal de que aquela pessoa era Katherine e que eles não estavam caindo em um golpe, pois, o que mais aparecer naquele ano foram pessoas querendo tirar proveito da dor alheia.
Eu a acompanhei até o apartamento dela por ser tarde e ela estar emocionalmente abalada e depois voltei para o hotel sabendo que eu teria que enfrentar a minha fera que deveria estar querendo o meu pescoço por eu estar demorando uma eternidade com o nosso jantar.
— Onde diabos você estava? – Perguntou ela assim que eu entrei no quarto. — Pensei que tinha morrido, já estava pensando em ligar para todos os necrotérios da cidade. Duas horas Giovanne! Você saiu a duas horas.
— Dispiace amore. – Desculpei-me colocando a sacola sobre a mesa e suspirando. — Kate estava no saguão a minha espera quando eu cheguei e eu não consegui avisar que eu iria demorar um pouquinho.
— Que droga. – Resmungou ela sentando-se sobre as suas pernas e me encarando. — O que ela disse? Ela reconheceu você? Ela falou alguma coisa que pode nos ajudar?
— Tenha um pouco de calma. – Pedi me sentando ao lado dela e segurando as suas mãos delicadamente, sabendo que ela estava tão ansiosa quanto eu naquele momento. — Nós tivemos uma longa conversa e ela me contou tudo o que aconteceu para que ela acabasse como vendedora naquele antiquário, mas, eu não irei lhe contar sobre isso Louise, se ela se sentir confortável para lhe contar o que ela me contou ela irá falar, nesse momento eu não quero quebrar a sua confiança. Eu consegui a convencer de fazer o exame de DNA e prometi que se ela não fosse Kate que eu iria lhe ajudar a encontrar as suas origens. E não Louise Avery, eu não irei deixar com que você se aproxime dela até que tivermos o resultado do DNA nas nossas mãos, pois, eu sei muito bem do que você é capaz e não queremos que ela fique assustada e acabe desistindo de tudo.
— Isso é muito injusto. – Resmungou ela cruzando os braços e fazendo um biquinho lindo. — Acho que esse é o momento de contactarmos todos e avisarmos que encontramos Kate.
— Acho que precisamos conversar com Matteo sobre isso. – Avisei a abraçando e fazendo com que ela bufasse. — Não seja tão dura com o seu irmão, ele está sofrendo, ele está sofrendo mais do que qualquer um de nós e nesse momento ele precisa apenas de apoio e compreensão Lou.
— Ele trocou Kate por aquela piranha esquelética. – Resmungou ela e eu revirei os meus olhos. — Eu não consigo entender e compreender isso Giovanne, por mais que as pessoas falem que ele estava apenas seguindo um pedido de Kate, é demais para a minha cabeça imaginar que mio fratello vai se casar com aquele ser.
— Então abstraia isso da sua mente e pense apenas que ele precisa de você. – Pedi ouvindo-a bufar, mas, no final ela concordou e prometeu que iria tentar ser mais compreensiva, pelo menos até aquele assunto estar resolvido. — Estou morrendo de fome, acho que mesmo gelada aquela comida deve estar maravilhosa.
Ela balançou a sua cabeça negativamente e levantou-se nós jantamos e depois assistimos um filme juntos, no qual ela dormiu na metade e eu fiquei apenas zelando pelo seu sono e sabendo que aquele pesadelo poderia estar no final e que nós poderíamos voltar para casa com Kate.
— Acho que deveríamos avisar apenas zio Enrique. – Falou Matteo cruzando os seus braços. — Fazer alarde nesse momento não será bom, vai apenas chamar atenção desnecessária e isso pode acabar virando uma avalanche que não iremos conseguir conter e será o fim do mundo, pois, a vida dela vai virar um verdadeiro inferno.
— Por mim falaríamos para todos, mas, estou vendo que sou voto vencido. – Disse Louise cruzando os seus braços e nos encarando, eu sabia que ela não iria se render facilmente, mas, pelo menos ela não fez nada que fosse nos prejudicar de alguma maneira ou tentou de aproximar de Olívia. — Então irei apenas ficar quieta até que o resultado do exame de DNA esteja pronto, assim eu poderei esfregar ele na cara de algumas pessoas que acharam que eu estava louca quando eu falava que Kate ainda estava viva.
— Sem brigas. – Pedi me colocando entre os dois. — Matteo, se você não conseguia avisar ao seu tio eu posso ligar para ele e você contenha os seus ânimos até o resultado estar pronto.
Matteo saiu do quarto falando que iria ligar para o tio e Louise pegou o seu notebook garantindo que iria trabalhar, mas, eu tinha certeza de que ela iria fofocar com Victória e eu não iria conseguir lhe conter naquele momento. E eu apenas esperava que aquilo terminasse da melhor maneira possível.

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