Capítulo Cinco

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Olivia Turner
Dias Depois:
— Como você está se sentindo? – Perguntou Lis me encarando enquanto eu terminava de me arrumar, eu realmente não estava confortável com aquela situação, mas, eu tinha dado a minha palavra e iria a cumprir. — Você não precisa de sentir pressionada apenas porque eles têm dinheiro Olívia, pode se negar a fazer o exame se não estiver a confiante.
— Não é isso que está me incomodando. – Falei a encarando e suspirando. — E sim os decepcionar, se eu não for a Kate que eles estão esperando, todos iram ficar tão decepcionados que eu não sei se consigo lidar com isso. Quando aquele homem me chamou de filha, isso mexer com o meu coração e acho que eu também ficarei decepcionada se o resultado do teste for negativo, pois, eu voltarei a estaca zero, sem saber nada sobre o meu passado.
— É uma situação complicada. – Concordou ela fazendo com que eu suspirasse. — Mas, eu sempre estarei ao seu lado, seja você Katherine ou Olívia, então não se preocupe com isso e vamos a passos pequenos. Faça o exame hoje e amanhã saberemos o resultado.
— Obrigado. – Agradeci lhe abraçando e suspirando aliviada, se desse tudo errado eu a teria ao meu lado e nada mudaria em relação aquilo. — Muito obrigado por sempre estar ao meu lado, eu nunca irei esquecer o que você fez por mim Lis, mesmo que um dia eu me lembre de quem eu sou, nunca me esquecerei de você.
— Eu sei disso querida. – Disse ela sorrindo. — Mas, eu acho que nós precisamos ir ou iremos nos atrasar e esses exames são um pouco chatinhos de serem feitos.
Concordei e peguei a minha bolsa saindo do apartamento, pedimos um táxi e Lis passou o endereço da clínica onde seria colhido o material para a realização do exame, eu tinha pedido que apenas Giovanne estivesse no local, por mais que eu parecesse ter uma conexão especial com Matteo eu não queria que ele se sentisse machucado toda a vez que me encarasse e Louise era um pouco demais, eu ainda tinha que saber como lidar com ela ou com a empolgação dela e eu não tinha tido muito contato com o pai de Katherine, eu sabia que ele era um homem muito contido, mas, o único contato mais íntimo que tínhamos tido foi no dia que ele chegou e me deu um abraço enquanto chorava, depois ele apenas respeitou o meu espaço e não tentou nenhuma aproximava mais ousada.
— Olívia. – Chamou Giovanne assim que entramos na clínica, ele estava sentado ao lado do senhor Enrique. Ele acenou animadamente e eu caminhei na direção deles a passos lentos. — Desculpe a animação, mas, estamos realmente ansiosos para saber o resultado e descobrir se você é Katherine.
— Não deixe a moça ainda mais nervosa. – Mandou o senhor Enrique o encarando e fazendo com que ele encolhesse os ombros. — Eu já colhi o material, a enfermeira irá lhe acompanhar até a sala de coleta e Giovanne irá acompanhar a coleta para que tudo aconteça dentro dos procedimentos legais.
— Posso acompanhar a coleta? – Perguntou Lis o encarando e ele apenas concordou, acho que ele sabia que eu iria me sentir mais confortável se Lis estivesse ao meu lado.
A enfermeira era muito simpática e tentou me deixar o mais calma possível. A coleta era relativamente simples, ela coletou a minha saliva colocando no kit e depois avisou que o exame estava encerado e eu poderia ir embora e voltar no dia seguinte para pegar o resultado. Agradeci e saí da sala rapidamente, eu já estava atrasada para o trabalho e não queria deixar Rania na mão.
Me despedi deles e segui rapidamente para a loja, Aisha tinha aberto naquele dia e o movimento estava fraco, então eu arrumei o estoque vendo que as peças que tínhamos iriam dar para pelo menos um mês até que a minha chefe pudesse fazer uma nova viagem e abastecer os estoques da loja.
Aisha estava realmente impossível naquele dia, ela estava falando de todos os homens que entravam na loja e eu dei ao risadas e isso pelo menos fez com que eu esquecesse um pouco dos problemas. Ela saiu mais cedo já que tinha aberto a loja e eu fiquei até um pouco mais para aproveitar que ainda tinham alguns turistas na cidade e eles poderiam querer comprar alguma coisa de última hora.
Fechei toda a loja e acionei os alarmes e guardei as chaves dentro da minha bolsa e suspirei vendo que as ruas estavam praticamente vazias, eu deveria ter fechado mais cedo, não era realmente seguro para que uma mulher sozinha andasse pelas ruas naquele horário.
Gritei quando uma mão foi colocada no meu ombro e fechei as minhas mãos em punhos pronta para atacar qualquer pessoa que pudesse tentar me fazer mal. Mas, antes que eu me virasse vi que o ladrão tinha enormes unhas pintadas de vermelho e usava anéis que pareciam ser bem caros.
— Me desculpe. – Desculpou-se Louise quando eu me voltei para ela. — Eu não queria assustar você. Não precisa me encarar dessa maneira, eu juro que não sou nenhuma maníaca e não irei fazer mal a você. Eu vim lhe convidar para jantar.
— Lis está me esperando em casa. – Menti, eu sabia que ela estaria de plantão naquela noite, mas, eu ainda tinha um pouco de medo de Louise, eu não sabia como eu deveria agir quando estava com ela e isso me deixava muito assustada. — Ela já deve ter feito o jantar e não é seguro para uma mulher andar sozinha essa hora, principalmente uma turista, você deveria voltar para o hotel.
— Estou de carro. – Falou ela balançando as chaves que estavam nas suas mãos. — Você não precisa ter medo de mim, eu realmente não irei lhe fazer mal, quero apenas lhe pagar um jantar, acho que eu fui um pouco deselegante com você e quero me redimir pelo meu erro, não acho que a sua amiga irá ficar brava com você não jantar com ela.
— Okay. – Concordei sabendo que ela não iria desistir da sua ideia até que eu aceitasse jantar com ela. — Mas, eu escolho o restaurante, não estou arrumada para ir a um restaurante que você está acostumada a frequentar.
— Concordo com os seus termos. – Falou ela abrindo um sorriso de canto de boca. — O carro está estacionado logo ali, não acho que você vai querer ir andando até o restaurante, por mais que eu esteja acostumada a andar de salto, eles são bastante desconfortáveis.
Céus está ao lado daquela mulher era completamente vergonhoso, ela era a cinderela e eu apenas a gata borralheira, Louise parecia uma boneca de porcelana perfeitamente esculpida. Seu rosto era simétrico, ela tinha belos olhos azuis esverdeados, sua pele era clara e sem marcas, seus lábios eram cheios e o nariz pequeno e arrebitado. Seus cabelos eram loiros e longos que caiam lisos sobre as costas, seu corpo era magro e curvilíneo, ela era um pouco mais alta do que eu e tinha longas pernas me deixando com inveja.
Ela estava sempre muito bem arrumada, com roupas que pareciam custar uma fortuna, naquela noite ela usava um vestido amarelo com pequenas flores e um tecido fino, ele era mid e de mangas longas e nos seus pés estavam um sapato de salto altíssimo que se eu colocasse com certeza iria com a cara no chão, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo prefeito, não tinha um único fio fora do lugar, ela usava brincos que faiscavam aos meus olhos e uma pulseira combinava com ela assim como o colar no seu pescoço. Uma maquiagem delicada e perfeitamente feita deixava o seu rosto ainda mais bonito e o perfume suave que ela usava se espalhava pelo ambiente, aquela mulher era a personificação do luxo.
Eu perto dela estava parecendo uma mendiga, usando uma calça jeans surrada e a camisa da loja, meus cabelos estavam em um estado deplorável, estava fedendo a suor por conta do dia de trabalho e a única joia que eu usava era o anel no meu dedo anular direito. Era depressivo estar ao lado daquela mulher, muito depressivo.
Lhe orientei até que ela estacionasse na frente do meu restaurante preferido em Tunes, ele não era luxuoso como os outros restaurantes da orla, mas, cabia perfeitamente no meu orçamento quando eu queria fazer uma loucura e comer algo diferente. Pedi uma mesa para dois e agradeci ao garçom quando ele nos conduziu por entre as mesas lotadas.
Fizemos os nossos pedidos e um silêncio perturbador se instalou na mesa fazendo com que eu engolisse a seco e começasse a mexer nas minhas mãos como se quisesse quebrar aquele clima desconcertante que tinha se abatido entre nós.
— Então você ainda usa o anel. – Comentou ela e os seus olhos estavam presos na minha mão direita. — Ele era a única joia que Kate usava quando saia para velejar, ela sempre dizia que ele era o seu amuleto da sorte, não sei como Giovanne não o reconheceu quando esteve com você da primeira vez.
— Como você tem tanta certeza de que o anel pertenceu a Katherine? – Perguntei curiosa, aquilo realmente tinha chamado a minha atenção, eu tinha um apreso especial por aquele anel desde que tinha acordado do coma e não deixava com que ninguém tocasse nele. — Anéis de noivado costumam ter um lote específico e muitos modelos pelos mundos.
— É um anel exclusivo, mio papà deu a sua primeira esposa, dentro dele tem um dizer em grego que significa com amor Laura, esse é o nome da mamma de mio fratello. – Respondeu ela cruzando os seus braços e encarando com uma sobrancelha arqueada. — Você pode verificar se estiver duvidando da minha palavra, mas, qualquer pessoa que convivesse com Kate saberia que esse anel pertenceu a ela e era a sua joia preferida, já que nunca saia do seu dedo em ocasião nenhuma e ela nunca deixava com que ninguém se aproximasse dele.
Eu sabia que tinha algo escrito no aro do anel por dentro, eu apenas nunca tinha conseguido desvendar qual o seu significado e isso me deixou apenas mais chocada e ansiosa, parecia que aquela vida não era a minha. Já que eu tinha uma vida tão comum em Tunes, eu nunca me imaginei vivendo uma vida de luxo em qualquer lugar do mundo, principalmente sendo uma das herdeiras de um império do vinho italiano.
— Você não parecia ficar confortável quando falamos de Kate e eu irei aceitar o seu distanciamento, afinal, deve ser difícil cair de paraquedas nessa história maluca, principalmente vivendo por um ano uma vida completamente diferente e sem ter ninguém da sua família para lhe apoiar. – Falou ela e eu apenas suspirei, pelo menos eles sabiam que eu não iria me adaptar a vida que eles queriam ou voltar a ser a antiga Kate ou a Kate que eles conheciam. — Mas, apenas queremos que saiba que nunca desistimos de você, no fundo mesmo os mais céticos ainda tinham uma esperança de encontrar você, mesmo que morta para fazermos um enterro descente e não enterrar apenas um caixão vazio, mas, eu não irei entrar em detalhes, acho que você vai descobrir isso quando voltarmos para Florença e estar ao lado das pessoas que amam você.
— E se eu não quiser voltar para Florença? – Perguntei vendo a sua expressão mudar brevemente e depois ela voltou para o rosto frio. — Eu tenho uma vida em Tunes, uma vida a qual eu já estou acostumada e não sei se quero mudar, pelo menos não por enquanto ou até que eu tenha que me acostumado com a ideia de que eu estou realmente Katherine Avery.
— Não podemos forçar você a nada, afinal a escolha será sua. – Falou ela. — Não estamos aqui para obrigar você a fazer nada Olívia, nem podemos fazer isso já que é uma mulher maior de idade e tem o direito de fazer as suas próprias escolhas. Mas, queremos que você saiba que tem uma família, uma família que ama muito você e que vai ficar muito feliz em saber que você está viva, que está bem e que por mais que não seja da maneira que esperávamos que você construiu uma vida e está a vivendo da maneira que acha ideal. Não somos opressores que iram fazer com que você tenha que viver como Katherine sem você querer.
— O jeito que você fala, demostra que você conhecia muito sobre Katherine. – Comentei fazendo com que ela desse uma risadinha e se afastasse da mesa quando o garçom colocou os pratos sobre a mesa. — Você também parece ser muito apegada a ela.
— Kate era a minha melhor amiga, a minha confidente, então eu sabia tudo sobre ela e ela sobre mim, nós nunca tivemos segredos uma para a outra, éramos grudadas desde que eu consigo me lembrar, eu, ela e Victória. – Contou ela tomando um gole da sua água. — Por ser a mais velha ela sempre teve um senso de proteção muito grande sobre nós e estava sempre por perto quando precisávamos dela. Foi muito difícil depois que o acidente aconteceu, as coisas pareciam não estar no lugar, estava sempre faltando algo ou melhor alguém. E se a sua próxima pergunta é se eu superei a morte de Katherine a resposta é não, uma pessoa não supera tão facilmente a morte de um ente querido, principalmente se esse ente fosse a âncora que sustentasse toda a família, depois que tudo aconteceu parece que foi cada um para um lado e as coisas nunca mais foram iguais, nunca mais fomos os mesmo durante esse tempo.
— Você é diferente dos outros, você não tem medo de falar de Katherine. – Falei depois de colocar o garfo sobre o meu prato, eu não estava com muito apetite por mais que a comida parecesse deliciosa, eu estava ansiosa para saber o resultado que parecia que nada entraria naquela noite. — Não está pisando em ovos ou tentando não tocar em assuntos que não deveriam não ser pronunciados como se estivesse com medo de que eu pudesse fazer algo ou fugir de vocês.
— Porque eu não preciso ter medo, eu sempre fui muito direta nos meus assuntos e não irei mudar agora, se você não for a nossa Kate, pelo menos vai conhecer um pouco da mulher maravilhosa que ela era e se for, isso pode fazer com que você tenha uma fragmento de memória que pode comprovar que é realmente ela. – Disse ela cruzando os braços. — Vou ser muito franca com você Olívia, eu tenho certeza de que o resultado de amanhã irá dar positivo. Você pode ter mudado o corte do cabelo, estar usando essas roupas cafonas e se comportar de uma maneira diferente, mas, eu conheço Katherine, assim como Matteo e Giovanne e três pessoas não iriam estar tão erradas a ponto de confundir você com outra pessoa. Ainda está com fome? Eu não costumo comer muito no jantar, principalmente comidas pesadas.
— Já estou satisfeita. – Respondi a encarando e vendo-a tirar um cartão de dentro da bolsa e entregar para o garçom que a encarou com os olhos arregalados informando que aquele tipo de cartão não era aceito porque a máquina só aceitava dentro de um limite e isso fez com que ela bufasse e rolasse os seus olhos. — Pode deixar eu pago.
Tirei algumas notas de dentro da carteira e entreguei para o garçom que sorriu constrangido e pediu desculpas antes de se afastar rapidamente, ela colocou a bolsa no meu ombro e me encarou como se estivesse esperando com que eu a acompanhasse e eu peguei as minhas coisas e a segui sabendo que eu não tinha alternativa a não ser aceitar a sua carona, pois, as ruas deveriam estar ainda mais desertas naquele horário.
A guiei até o meu prédio e me despedi dela saindo do carro rapidamente. Digitei o código no portão e entrei rapidamente, subi as escadas e abri a porta do apartamento e suspirei por estar sozinha naquela noite, acho que eu queria que Lis estivesse em casa para que eu pudesse conversar com alguém.
Joguei a minha bolsa sobre a cama e peguei o meu pijama, tomei um banho demorado para tirar todo o cansaço que eu estava sentindo físico e emocionalmente e depois me joguei na minha cama fechando os meus olhos com força e suspirei quando o sono não veio e eu fiquei apenas encarando o teto branco e pensando no que seria a minha vida dali para a frente sendo eu Katherine Avery ou não.
Acordei com um pouco de dor de cabeça por conta da noite mal dormida, tomei um comprimido e um banho morno e me arrumei para ir trabalhar, eu tinha combinado de me encontrar com Giovanne no final do dia no hotel para sabermos o resultado do exame.
O movimento de manhã foi um pouco fraco e o eu tive tempo para pensar no que eu iria fazer se aquele resultado realmente fosse positivo, parecia que tinham toneladas nas minhas costas e nada que eu fizesse aliviava aquele peso. Aisha saiu para almoçar e eu fiquei sozinha encarando as pessoas irem e virem como se estivessem entediadas ou sem tempo para comprar algo.
— Está tudo tão parado. – Resmungou Aisha me encarando e fazendo com que eu sorrisse enquanto colocava a minha bolsa no ombro. — Até as ruas estão sem graça hoje, acho que eu preciso de mais movimento.
— Logo o verão irá começar e as coisas melhoraram. – Garanti sorrindo e lhe encarando. — Irei almoçar, não devo demorar muito, então se acontecer alguma coisa apenas me ligue.
Ela concordou e eu saí rapidamente, por mais que eu confiasse em você em Aisha não era bom deixar ela sozinha, principalmente porque os turistas ainda estavam na cidade e ela não conseguia se comunicar com eles e ficava uma repleta bagunça dentro daquela loja. Apertei a minha bolsa no meu ombro e saí da loja respirando a ar fresco da maresia.
— Olívia. – Chamou uma voz masculina fazendo com que eu me virasse e desse de cara com Matteo que estava parado ao lado da loja, era como se ele estivesse me esperando ali.  — Olá.
— Olá. – Saudei o encarando um pouco surpresa, ele era o único que não tinha me procurado depois que eu estivesse conversando com Giovanne, acho que ele precisava de um tempo para raciocinar direito. — Precisa de alguma coisa? Pensei que iriamos nos encontrar mais tarde para sabermos do resultado do exame, não estava esperando por uma visita a essa hora.
— Desculpe-me, eu sei que você queria um tempo sozinha, mas, podemos almoçar juntos, eu queria conversar um pouco com você. – Falou ele e eu concordei quando percebi que ele parecia um pouco aflito com toda aquela situação. — Prometo que não irei tomar muito do seu tempo.
Andamos pelas ruas praticamente vazias até um restaurante mais vazio e nos sentamos em uma das mesas que tinha no deck onde estava ainda mais deserto, fizemos os nossos pedidos para o garçom antes que eu tivesse coragem de perguntar o que estava o deixando tão aflito, pois, isso estava começando a me deixar ainda mais nervosa.
— Eu sei que você não gosta quando falamos que você é Kate, mas, eu preciso colocar isso para fora antes que eu acabe sufocando. – Falou ele cruzando as suas mãos sobre a mesa e a sua aliança faiscou nos meus olhos e eu me perguntei se ele ainda usava a aliança que tinha comprado para Kate. — Quando Kate desapareceu eu fiquei muito mal e realmente pensei que eu não poderia ser feliz com mais nenhuma pessoa, pois, ela era e ainda é o amor da minha vida e que sem ela não haveria mais nada.
— Acho que isso não aconteceu. – Comentei vendo que os seus olhos estavam tão desesperados que eu tive vontade de sair correndo naquele momento, de todos, ele era o que mais mexia comigo, era como se tivesse realmente algo que nos conectava e eu não conseguia distinguir qual era aquele sentimento. — Você seguiu em frente.
— Foi muito difícil fazer isso, mas, eu realmente encontrei alguém que não me fez esquecer Katherine, pois, isso é impossível, mas, ela sanou um pouco a dor que eu estava sentindo. – Contou ele abaixando a sua cabeça e respirando fundo como se estivesse se controlando para não chorar na minha frente. — Bianca é uma boa mulher, ela estava ao meu lado quando eu mais precisei de um ombro amigo para me proteger de qualquer coisa que poderia me acontecer e ela tinha sentimentos por mim e eu acabei me envolvendo com ela e desenvolvendo sentimentos pela mesma e a alguns meses atrás eu a pedi em casamento, iremos nos casar dentro de alguns meses.
— Eu fico feliz que você tenha seguido em frente. – Falei me levantando e fazendo com que ele arregalasse os seus olhos. — Você não precisava ter me contado isso Matteo, mesmo se eu for Katherine, acho que eu não ficarei triste com você por causa disso, afinal, todos achavam que eu estava morta. Eu preciso voltar.
— Espera! – Pediu ele segurando o meu braço delicadamente. — Você nem almoçou, não é bom ficar uma tarde inteira sem almoçar, pelo menos coma alguma coisa, eu prometo que não irei falar mais nada, mas, apenas coma.
Aquela conversa tinha me deixado extremamente desconfortável, mas, eu fiz o que ele pediu e engoli um pouco da comida que estava na minha frente, pois, eu não sentia fome nenhuma, parecia que a comida apenas descia rasgando a minha garganta. Me despedi de Matteo e voltei para a loja, precisava ocupar a minha cabeça com outra coisa que não fosse as suas palavras ou eu iria ficar ainda mais maluca do que eu já me encontrava naqueles dias.
— Eu irei estar ao seu lado. – Garantiu Lis segurando a minha mão enquanto saiamos de casa naquela noite. — Sempre irei estar ao seu lado, queria que você soubesse disso antes de sabermos do resultado do exame, pois, acho que isso é importando, você sendo ou não Katherine Avery, isso não irá mudar para mim, você sempre será aquela garotinha que eu cuidei e me encantei quando chegou em Tunes, você é como uma filha para mim Olívia, lembre-se sempre disso.
— Obrigado. – Agradeci lhe encarando e suspirando enquanto encarava o anel que ainda estava no meu dedo, por mais que eu tivesse tentado o tirar, parecia que tinha algo que me impedia daquilo. — Ele tem outra, outra pessoa.
— Como? – Perguntou ela me encarando confusa como se não soubesse sobre o que eu estava falando e nem o motivo de eu ter puxado aquela conversa do nada. — Sobre o que você está falando.
— Matteo. – Respondi a encarando e vendo-a arregalar os olhos. — Eu almocei com ele hoje e ele me contou que tem outra pessoa e que irá se casar com ela em breve, a aliança que ele usa não é por causa de Katherine e eu nem ao menos consigo tirar esse anel do meu dedo, isso tudo ainda é confuso demais para mim, mas, de todos eles parecia que ele era o único com quem eu tinha uma conexão especial, mas, depois do que aconteceu essa tarde eu não sei mais de nada.
— Eu sinto muito. – Sussurrou ela apertando com ainda mais força a sua mão. — Eu sei que pode parecer difícil agora, mas, ele pelo menos foi sincero, seria pior se você não soubesse de nada e tivesse um choque quando descobrisse voltando para Florença, assim pelo menos você já vai estar preparada para isso.
Concordei e abri um sorriso triste, por mais que eu tentasse parecer bem, parecia que o meu coração estava se partindo em milhões de pedacinhos.
Lis segurou a minha mão durante todo o caminho e não saiu do meu lado nem quando nós entramos na salinha que tinha sido reservada pelos advogados que eles tinham contratado para verificarem a veracidade do teste.
— O teste foi feito de maneira segura e é completamente confiável. – Avisou o advogado nos encarando enquanto abria o lacre do envelope. — Nossos associados garantiram que nada vazasse para a empresa e todo o processo ao decorrer desse dia. Alguém tem algo para falar antes que o laudo médico seja lido?
Negamos, eu nunca pensei que seria daquela maneira, mas, eu conseguia entender eles. Todos pertenciam a uma família poderosa e poderiam achar que eu estava apenas me passando por Katherine como eu tinha ouvido de Giovanne que tinha acontecido durante aquele ano em que eu ela foi dada como morta.
— O resultado do exame é de 99,99% de compatibilidade de parentesco, atestando que Enrique Avery é pai biológico de Olívia Turner. – Anunciou o advogado nos encarando. — Pedimos um reteste para comprovar a veracidade do primeiro exame e o resultado apresenta as mesmas características. Então biologicamente Olívia Turner e Katherine Avery são a mesma pessoa.
Enrique me abraçou emocionado e dessa vez eu não me esquivei por mais estática que eu ainda estivesse com aquela novidade, então eu era realmente Katherine Avery.
— Eu irei levar você para casa bambina. – Sussurrou ele no meu ouvido. — Irei levar você para casa viva e essa é a maior conquista de seu papà.

Memórias  Do Nosso Amor - Livro 1 - Trilogia AveryOnde histórias criam vida. Descubra agora