Linhas

Capítulo 7

Jeno não sabia o que fazer.

Passaram-se três meses desde que se iniciaram as aulas, três meses desde que conheceu seus soulmates, que descobriu o passado de seu pai, que levou uma bronca de Donghyuck por não ter mandado uma única mensagem quando tinha prometido que ia lhe contar tudo, três meses que contou toda história pro seu melhor amigo, três semanas que fugia de seus soulmates como o diabo foge da cruz.

Donghyuck não condenava o melhor amigo, pelo contrário, o ajudava. Gostava muito do tio Dodo e de Jeno e conhecia as inseguranças do amigo quanto á sua classificação, mesmo que espalhasse aos quatro ventos quem eram as paixões do beta, nunca deixaria que alguém partisse o coração do moreno.

Jeno pediu a sua avó Naeun, que descobriu mais tarde naquele terrível dia, ser a beta, soulmate de sua vó e que ajudou seu pai a sobreviver, para busca-lo na escola no final do período e leva-lo para qualquer lugar. Os funcionários já conheciam a senhora Lee Naeun das reuniões de pais e mestres que ela comparecia no lugar de Doyoung, então não tinha dificuldades, o problema era quando voltavam à pensão e tinha que inventar uma desculpa para fugir de Renjun que lhe esperava todo dia na recepção. Agradecia muito quando Naeun, vendo o desespero do neto, pedia pro mesmo algum favor.

Doyoung não achava saudável, havia pedido para conhecer o outro soulmate do filho quando o mesmo inventou esses passeios com a avó e ficou encantado pelo ômega de cabelos rosa e cheirinho de alfazema, que voltava pra casa com Jisung e Chenle, primo de Renjun que vinham com o rosado nas vezes que ele decidia passar um tempo com seu possível futuro sogro.

Doyoung adorava passar o dia com os adolescentes, em especial com Jisung, o alfa loiro tinha lhe chamado atenção. Ele tinha o jeito quieto que lembrava Taeyong, fazendo o mais novo ganhar um espacinho especial no coração do beta. Ele se arrependia de ter duvidado de Renjun, pois via como ele e Jaemin se davam bem, mas ao mesmo tempo não desgrudavam os olhos da porta na esperança de ver Jeno passar por ela, ou quando os olhos dos dois brilhavam quando contava alguma história que envolvia seu filho e principalmente, o olhar apaixonado com que eles olhavam as fotos que Doyoung mantinha em sua galeria.

Gostava de ver como eles falavam do filho por horas, até Yuta ou Sicheng vir buscar os adolescentes e em como Jaemin ia embora decepcionado por não conseguir ver Jeno mais um dia.

Via o filho tão pouco, e sempre que o via, ele estava com um semblante cansado, tristonho, assustado e completamente confuso. Doyoung se sentiu mal, não queria que seu filhote sofresse nem Renjun e nem Jaemin. Pegava-se pensando em Taeyong e Jaehyun, se eles estavam sofrendo tanto quanto o casal adolescente, mas logo tirou essa ideia da cabeça. Os adolescentes tentavam todos os dias falar com seu filho e seus soulmates nunca o procuraram.

Estava mais do que na hora de acabar com aquela palhaçada.

Hoje era um dos dias em que Jaemin acompanhava Renjun, e juntamente com ele, Jisung e Chenle também. Doyoung sempre ficava na recepção quando os mais novos vinham, ele pedia pra ser chamado de Dodo, ao invés de Senhor Kim, como Renjun tinha os instruído.

Ele pediu a Renjun não esperar por Jeno naquele dia, pediu a confiança do alfa que imediatamente concordou, embora quisesse ficar pra ao menos ouvir a voz do beta de perto.

Jaemin sabia que Dodo iria fazer algo. Mesmo ouvindo a história do beta por Renjun, sabia que o mesmo estava torcendo pra tudo dar certo pra eles. Quando Yuta chegou pra buscar a tropa, Jaemin foi saltitante como nunca, pois confiava totalmente no sogro. Renjun ficou fazendo hora na recepção da pensão, até Doyoung expulsá-lo dali, pedindo mais uma vez um voto de confiança.

Jeno chegou com Naeun e pela primeira vez não teve que subir correndo pra casa pra fugir do alfa, mesmo que negasse pra si mesmo, estava desapontado. Naeun conhecia Doyoung desde que ele nasceu, o viu crescer e praticamente o criou como pode, conhecia seu menino e mesmo que ela amava passar a tarde com o neto, ela sabia que o pequeno tinha que se resolver com seus soulmates. Se seu doce Doyoung apoiar ou não, ela estaria ao seu lado, pois ninguém nesse mundo, incluindo seus soulmates, amava mais Lee Jeno do que Kim Doyoung. A beta cumprimentou seu filho e foi pra sua casa, deixando pai e filho a sós.

- Meu bebê vem aqui. – Doyoung chamou o filho pra trás do balcão aonde se encontrava e o mais novo foi sem pestanejar – Presta atenção nesse vídeo.

Doyoung colocou um registro da câmera de segurança da recepção, mostrava o grupo de adolescentes que agitava a vida do mais velho. Ele apontou pra duas figuras específicas, que Jeno reconheceria mesmo se a qualidade da câmera fosse menor que 144p, Renjun e Jaemin estavam perto da porta, atentos ao movimento lá de fora, ansiosos e esperançosos. Viu o olhar do casal brilhar e reconheceu aquele álbum horrível como sendo seu álbum de bebê.

- Pai! Não acredito que mostrou essas fotos.

Doyoung sorriu e acelerou o vídeo até a chegada de Yuta, Jaemin e Renjun se despediram e Jaemin parecia duplamente triste. Logo depois de alguns minutos Jeno e Naeun chegam e o sorriso de Renjun é a coisa mais linda, mas só durou poucos instantes antes de ser brutalmente ignorado.

Jeno estava aéreo até ser despertado pela voz de seu pai.

- Isso aconteceu no primeiro dia que você saiu com a sua vó depois da escola, depois, praticamente todo o dia eles passam a tarde aqui te esperando, Jaemin sempre vai embora triste e o único momento que eles realmente prestam atenção no que estamos conversando é quando citamos o seu nome, se não eles continuam prestando atenção na porta, esperando por você. Filho, eu sei que você tá assustado pela minha história, mas esses meninos estão há meses te procurando, e eu duvido que eles sequer pensam em desistir de você. Minha história não acabou bem, mas essa não é a minha história, é a sua, então não desperdice sua chance de ser feliz meu bebê. - O mais velho abraçou e beijou a bochecha do filho. – Agora vai lá pra cima tomar um banho antes do jantar, e pensa no que eu te falei meu amor.

Doyoung sabia que seu filho era obediente, sendo assim não precisaria pedir duas vezes, Jeno já estava pensando sobre.