P.O.V. Cristina Silva
A mão morna do pleiadiano segura meu braço e lembro-me desse calor em meu rosto, antes de eu acordar. Eu confundi a tentativa dele de me despertar com um carinho, até inclinei o rosto para receber mais. Que vergonha, por isso que ele retirou tão rápido a mão. Continuamos a caminhar e ele mantém sua mão segurando o meu braço, um aperto firme. O contato da minha pele com a sua é estranho, uma sensação inquietante.
- I will take you to the superiors and they will guide me on what I should do with you, little human creature. - ele diz, tão tranquila e suavemente que me pergunto se esse alienígena alguma vez já ficou nervoso ou bravo na vida.
Tudo que entendi foi ele me chamando de pequena criatura humana.
- I don't understanding. - digo e suas sobrancelhas franzem levemente, o suficiente para que eu pegue o aborrecimento em seus olhos.
- Do not you understand? You said a few words. You asked for water. I saw you understand more or less English. - o tom de voz permanece calmo e rouco.
Não entendi as palavras, mas captei o sentido.
- Forgive me, I do not understand. I do not speak English. I say decorated phrases. - respondo, tudo que sei de inglês são algumas palavras e frases decoradas.
Sua expressão parece divertida com o meu sotaque horroroso e palavras mal-faladas. Se ninguém souber falar português nessa nave, a comunicação será impossível. Que droga! Eu sabia que devia ter lutado mais para fazer o meu curso de inglês. Se arrependimento matasse! Eu devia ao menos ter sido autodidata.
Assim que chegamos em outro espaço da nave, dou de cara com vários outros ET's. Greys baixos e altos, mais pleiadianos e até arcturianos, e mais outras que eu nunca vi nos livros de teorias da conspiração. Cada raça com uma diferença física incrível. Me sinto tímida e sem jeito, não sei como agir. Os olhos de todos vão para mim e o pleiadiano que me segura. Um dos pleiadianos vem até nós, sua postura tranquila, mas altiva. Ele é tão alto quanto o que está me segurando, corpo forte também e pele extremamente pálida. Acho que eles não sabem o que é melanina. Seus olhos são azuis também, os cabelos do mesmo tamanho. Eles são parecidos, seriam irmãos?
-Sinyun! - o alien diz, sua voz sutilmente repreensiva. A conversa que se segue eu sou incapaz de acompanhar, são palavras nunca ouvidas por mim. O sotaque deles é externamente sexy, ganha do francês, sem dúvida.
Então, Sinyun é o nome do pleidiano sequestrador?
- Senyon... - o pleiadiano que me segura responde com seu tom tranquilo também. Sinyun e Senyon? Sim, definitivamente eles são irmãos.
Enquanto Sinyun e Senyon conversam entre si em seu idioma com sotaque sensual, um grey alto se aproxima com seus olhos de demônio fixos em mim. Me arrepio de medo dos pés à cabeça, minhas mãos vão institivamente para o braço de Sinyun e eu o agarro com força e pressiono meu corpo ao lado do dele. Seus olhos azuis-claros focam na mesma hora em mim e ele faz uma careta e me empurra, então percebo que minhas unhas afundaram em sua pele e fizeram arranhões, dos quais escorrem filetes de sangue rosado.
- Oh, me desculpe! Forgive me! Sorry! Sorry! - digo, com as mãos na boca, com medo de tê-lo irritado ou começado algo que acarrete em alguma ação ruim da parte dele - The alien with eyes of the demon... me assustou.
- Olhos de demônio? - a voz cheia de ruídos me faz gelar de terror, viro-me para o grey alto que dirigiu-se a mim em português, um português quase grasnado - O que seria um demônio para ti?
Engulo em seco e não acho a minha voz. Me aproximo novamente de Sinyun, mas dessa vez não o seguro.
- Tu feriste Sinyun. - diz - Imagino que ele não tenha gostado. Como te chamas, humana?
- Cristina. - sussurro.
- Cristiiinea. - ele tenta falar - Bem, eu falaria o meu, mas tu não serias capaz de pronunciar e isto me ofenderia em demasiado.
Como se ele não tivesse falado o meu errado. Sinto vontade de replicar isso, mas freio minha língua. Não estou em posição de corrigir ninguém, pois nem sei qual será o meu destino. Arrependo-me novamente de ter saído para beber, se eu estivesse em casa como uma menina de família, nada disso teria acontecido.
- O que farão comigo? - vou direto ao ponto.
Ao invés de me responder, o grey começa a emitir ruídos vibrantes enquanto olha para Sinyun. Após o pleiadiano raptor responder em seu idioma, os olhos de demônio focam novamente em mim.
- Tu viste coisas que não deveriam ser vistas, pequena rapariga humana. - ele fala e eu arregalo os olhos. Vem na minha boca para dizer que rapariga é a mãe dele, mas então percebo que seu português não é o português-brasileiro e sim o de Portugal. Me contenho - Poderíamos deixar-te ir, mas novamente, tu viste muitas coisas.
- Eu prometo não contar a ninguém. - sussurro - Me deixem ir.
Um sorriso cruel surge em seu rosto de couro de peixe.
- Tu não podes ir. Mas não te amedrontes, somos o bem. - sorri, um sorriso que me dá arrepios - Estamos em luta contra os draconianos, eles são maus, eles são o mal.
- Draconianos? Você fala dos reptilianos? - arregalo os olhos.
- Você? Não conheço essa palavra. - ele não para de me olhar fixamente e isso me intimida muito.
- É um pronome, assim como o pronome "Tu". - respondo - Sou brasileira, não portuguesa. Eu uso o "Você" e, às vezes, o "Tu" também.
- Brasileira. - ele diz - Foi de onde Sinyun te trouxe, do Brasil?
- Sim. Foi sim. - olho para Sinyun, ele demonstra um pouco de irritação. Provavelmente por não estar entendendo o que estamos conversando.
O grey alto volta-se para Sinyun e Senyon e conversa com eles com seus ruídos horrorosos. Massageio minha nuca após ficar com a cabeça erguida algumas vezes para olhar para esse alien bizarro. Hollywood não fez justiça à aparência deles, eles são muito mais esquisitos ao vivo e a cores.
- Cristiiinea, - ele me chama e ergo a cabeça, mas não consigo encará-lo - As pessoas se preparam, os indivíduos da vossa espécie, vosso planeta, conhecerão a luz. Lembre-se, Cristiiinea, nós somos o bem. Nós somos a luz.
Um último olhar para os irmãos pleiadianos ao meu lado e vira suas costas e sai com passos silenciosos e macios. Me sinto menos acuada quando ele se afasta.
- Little human creature. Let's go. - Sinyun me chama, sorri para seu irmão que lhe retribui e começa a caminhar.
Olho para Senyon e ele faz sinal para que eu siga seu irmão, me dá um sorriso presunçoso e se afasta. Olho ao redor daquele lugar, alguns aliens ainda me observam curiosos. Saio rapidamente dalí e encontro Sinyun me esperando. Começamos a andar novamente.
Ele se aproxima de uma parede e dá um tapa em um pequeno retângulo e a parede se desfaz, como se tivesse entrado em ebulição, mas sem surgir o gás. Meu queixo cai, ele segura meu braço e me faz passar para o outro lado. Logo avisto muitos veículos passando de um lado a outro e algumas construções estranhas.
O lado oculto da Lua!
Mais uma vez, os conspiracionistas estavam certos. Há mesmo uma cidade alienígena no lado oculto da Lua. Olho para cima e ofego fascinada, há uma cúpula e o Espaço lá fora é magnífico, maravilhoso, estupendo. Sinyun me puxa e continuamos andando enquanto recebemos alguns olhares de surpresa e outros desconfiados.De uma coisa eu tenho certeza, eu não consigo acreditar nas palavras daquele grey.
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Menina dos Olhos de Estrela
Roman d'amourSINOPSE ✨ E se você descobrisse que pontos brilhantes no céu, que parecem "estrelas cadentes" são na verdade naves alienígenas de visitantes intergalácticos sondando a Terra? ✨ ✨ Se descobrisse que a Terra não é o único planeta que dança pelo Cosmos...