Encontrar alguém era tudo que Ana Luz Mota Perón nunca procurou, sempre focada em seus estudos e determinada desde a infância a seguir os passos do pai, o renomado Neurocirurgião do hospital Isabel Perón. Filha caçula de uma família tradicional de M...
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O dia amanhece ensolarado e logo minhas cunhadas e mamãe entram em meu quarto. Não preguei os olhos um segundo essa noite, então, minha aparência deve está péssima. Não vou falar nada para ninguém, muito menos deixar transparece a dor que estou sentindo, minha profissão me ensinou a mascarar as emoções e é isso que estou fazendo para não estragar a grande surpresa que terão comigo. Faço tudo no automático, nem sei dizer o momento que coloquei o meu vestido de noiva só me dei conta quando me olhei no espelho e vi que tudo o que eu tinha sonhado e planejado agora estava totalmente ruído, minha mãe sabe que algo aconteceu, mas não perguntou e nem eu quis dizer, esse é um daqueles momentos que depende só de você e que nada nem ninguém pode interferir. Tenho tudo planejado na minha cabeça, por isso, peço que chamem papai, preciso dele e sei que mesmo que doa magoar seus amigos, ele pensará em mim primeiro.
Estou de frente para o espelho quando mamãe e papai entram e mesmo que eu tente me controlar, eles sabem que algo não está bem. Me viro e as lágrimas descem como cascata e como se eu fosse uma garotinha, me abraçam e choram comigo. Assim que me acalmo conto tudo o que houve e falo o meu plano, mesmo que eles não concordem, aceitam a minha decisão e saem para tomar as providências. Permaneço no quarto mais meia hora e foi tempo suficiente para processar tudo o que farei e manter a calma, papai entra e me olha mais uma vez, só que agora seu semblante é triste e sei que fui eu que causei essa tristeza nele.
─ Me perdoa, papai. ─ Falo olhando para os meus pés.
─ Não tenho nada para perdoá-la. ─ Se aproxima e levanta meu rosto. ─ Você é tão vítima quanto nós, mas admiro sua força e coragem. ─ Me beija na testa. ─ Temos orgulho de você.
─ Obrigada. ─ Controlo minhas emoções.
─ Já organizamos tudo, basta dizer o momento e acontecerá.
─ Eu te amo. ─ abraço meu pai buscando sua confiança.
─ Vamos? ─ Meu coração acelera. ─ Estão te esperando.
─ Vamos.
Olho em volta e tudo está como planejei durante o noivado, a ornamentação feita com flores de laranjeira para representar uma vida de felicidade e realizações, meu pai ao meu lado e vovó que colocará a mantilha em minha cabeça na entrada, tudo como a tradição. Chegamos até a entrada da capela e aperto o braço de papai buscando coragem para continuar, ele me olha com seus olhos castanhos e consigo ler que está ali por mim, sigo com o meu propósito e entramos com a música "Me Enamore de Ti" – Chayanne, olho Zanon sorrindo e uma sensação estranha me toma, papai aperta meu braço me passando confiança e determinação, prossigo até ter sua mão na minha.
Tudo segue normalmente até a hora dos votos. Zanon me olha e começa a declamar seus votos, prometendo me amar, respeitar e ser fiel até que a morte nos separe, sei que pode parecer hipocrisia, mas gostaria mesmo que essas palavras fossem verdade, gostaria que ele sentisse tudo isso de verdade, mas tudo o que vejo são palavras ao vento, sem um pingo de verdade. Minha vez chega, procuro os olhos de papai antes de começar e o que vejo refletido neles me dá força e interpreto bem o meu papel de noiva ingênua e começo a proferir meus votos.
