Esperança

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Chego cedo ao hospital e sigo para ala pediátrica, do prédio anexo, onde Diego está de plantão desde ontem, preciso examinar um garotinho que chegou com trauma na medula espinhal depois de um choque com o companheiro de futebol

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Chego cedo ao hospital e sigo para ala pediátrica, do prédio anexo, onde Diego está de plantão desde ontem, preciso examinar um garotinho que chegou com trauma na medula espinhal depois de um choque com o companheiro de futebol. Os sintomas são comuns para esse tipo de lesão e para os leigos trata-se de algo muito mais grave que o normal. Entro no corredor que vai até o edifício que atende a população mais carente e é onde me sinto melhor, as pessoas são mais amigáveis e simpáticas, sabem ser gratos e muitas vezes, passamos a ser seus melhores amigos.

Encontro com alguns colegas e com minha cunhada que assim que me vê abre seu sorriso encantador.

— Olá. — Beija meu rosto. — Perdida por aqui?

─ Vim examinar o paciente que sofreu uma lesão medular.

─ Os pais chegaram tão assustados que precisei pedir a Dilce que tentasse acalmá-los enquanto Diego fazia os exames preliminares.

— Onde eles estão?

— Estão com a criança no quarto.

— Vou conversar com Diego e depois vê-lo.

— Estou indo para lá e te acompanho.

Seguimos até o consultório de Diego que já me aguardava com o resultado dos exames nas mãos. Meu irmão é um excelente pediatra e graças a competência da sua equipe, temos obtido um ótimo resultado na área de pediatria do hospital.

— Bom dia, Dr. Diego Péron. — Adoro chama-lo assim.

— Bom dia, Dra Ana Luz Péron. — Rimos.

— Vocês não se cansam, não? — Minha cunhada ri.

— Nunca. — Respondemos juntos e rimos.

— O que tem para mim?

— Trauma na cervical devido ao choque com outro garoto no futebol.

— Um caso bem comum. — Falo.

— Sim. — Me entrega o raio-x e examino. — Não houve fratura.

— Não, mas ele está com dificuldades respiratórias em decorrência da paralisia dos músculos respiratórios e sem movimentos em ambos os braços. — Me passa a Tomografia para que eu veja a localização e extensão do trauma. — Olho atentamente e identifico um fragmento de osso pressionando a medula.

— Papai me passou algumas coisas por telefone, mas somente com os exames é que posso avaliar melhor e pelo que estou vendo, há um fragmento de osso pressionando a medula e teremos que fazer uma cirurgia.

— Ele estava aqui quando o menino chegou e fez os pedidos de exames, não fez a estimulação magnética para ver se havia sinais nervosos por conta dos exames não estarem prontos.

— Preciso avaliar melhor. — Olho novamente os exames. — Vamos comigo vê o paciente?

— Vamos. — Se levanta e estende a mão para Marisol que segura com um largo sorriso no rosto. Admiro o amor entre eles e me entristeço por não permitir mais que isso aconteça na minha vida. Ser enganada uma vez por Zenon me destruiu, mas ser humilhada e ridicularizada por ele uma segunda vez me destroçou e não quero mais passar por isso.

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